Raphael Figueredo, CEO da Eleven: "Juro alto não é um problema" (Exame/Exame)
Repórter
Publicado em 29 de maio de 2024 às 10h29.
Última atualização em 29 de maio de 2024 às 14h50.
Nenhuma ação jogou mais contra a bolsa brasileira neste ano do que a Vale (VALE3). A mineradora, que tem a segunda maior fatia do Ibovespa (só atrás da Petrobras), fechou o último pregão com 17,5% de desvalorização no ano, com as ações cotadas a R$ 64,04. A perda em valor de mercado é de R$ 61,5 bilhões. O pessimismo sobre o crescimento da China e até o medo de interferência do governo pesaram sobre o preço da companhia. Mas Raphael Figueredo, CEO da Eleven Financial, acredita que os riscos estão sobreprecificados. O que não embarcar nessa sentirá "saudade" do atual preço das ações, afirmou em entrevista ao programa Vozes do Mercado, da Exame Invest.
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“Estão descontando na Vale todos as dificuldades da China. Mas a Vale tem um portfólio que consegue atravessar bem esse período. Tem pouca gente vendo isso com profundidade. Quando o mercado perceber será uma correria. A Vale está muito atrativa nesse momento”, afirma Figueredo.
A Vale é a principal convicção de Figueredo, com a tese indo de encontro com seu maior otimismo com os preços das commodities. “Mesmo com as dificuldades da economia brasileira, ainda vejo um fluxo positivo para o Brasil, porque somos altamente dependentes do mercado global de commodities, que está em direção ascendente.”
Esse cenário, afirma, deve pavimentar um piso para o Ibovespa próximo do nível atual dos 120.000 pontos. “Para cair abaixo disso, teria que acontecer algo muito pior do que os pessimistas já estão projetando.” A Eleven iniciou 2024 com a projeção de que o Ibovespa, hoje próximo dos 123.000 pontos, termine o ano em 142.000. A estimativa não foi alterada. “É difícil falar em novos topos históricos, mas é possível dizer que existe um piso. Entender o Ibovespa é conhecer a fundo Vale, Petrobras e Itaú, que são as grandes companhias que sustentam o mercado.”
Embora reconheça que a projeção de juros mais altos tenha impacto negativo sobre o mercado de renda variável, ainda há boas oportunidades na bolsa. “A taxa de juros está elevada, mas não vejo isso como um problema, porque nunca foi na história do mercado. O que guardamos na memória é um aspecto recente, de quando a nossa taxa chegou a 2%. Mas o custo Brasil não vai permitir isso nunca”.
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CEO da Eleven desde o ano passado, Raphael Figueredo tem 20 anos de carreira, com passagens como analista da Ágora, ICAP, Clear e XP. Ingressou na Eleven em 2017. A casa de análise, que surgiu em meio à popularização da bolsa no fim da última década, hoje tem as gestoras como seus principais clientes. Nos últimos três anos, foi premiada pela Associação dos Analistas e Profissionais de Investimento do Mercado de Capitais (Apimec) Instituto Brasileiro de Relações com Investidores (Ibri ).