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Jackson Hole: o que é e por que prestar atenção no simpósio em 2024

Na última sexta-feira (23), o presidente do Fed, Jerome Powell, fez um discurso no evento, que pode criar uma convicção ainda mais forte do mercado sobre suas posições e preços

Presidente do Fed, Jerome Powell. (Julia Nikhinson/Getty Images)

Presidente do Fed, Jerome Powell. (Julia Nikhinson/Getty Images)

Paula Zogbi
Paula Zogbi

Colunista

Publicado em 26 de agosto de 2024 às 14h52.

Última atualização em 26 de agosto de 2024 às 15h20.

Jackson Hole é uma vila localizada em Wyoming, cercada por cordilheiras. Um destino muito agradável para as férias. Mas não é por isso que seu nome estampa o noticiário nos últimos dias. Há mais de 40 anos, Jackson Hole é o endereço de uma reunião anual de líderes de economias do mundo inteiro, incluindo banqueiros centrais, ministros de finanças, acadêmicos e economistas. Eles debatem sobre os rumos das economias e dão palestras, que nem sempre movem os mercados. Dessa vez, porém, as expectativas estão altíssimas.

O que diferencia esse simpósio da maioria dos outros é a sensibilidade do mercado às expectativas em torno da taxa de juros americana, que está há mais de um ano nos patamares mais elevados dos últimos 25 anos. Basicamente, os ativos de risco não aguentam mais esperar pelos cortes pelo Federal Reserve (Fed, o banco central americano) - e, de fato, não estão esperando para precificá-los.

Hoje, os agentes de mercado assumem uma chance de mais de 70% de corte de 25 pontos-base da taxa de juros na reunião de setembro, cerca de 30% de corte de 50 pontos e, consequentemente,  nenhuma probabilidade de manutenção. O corte, portanto, está praticamente dado: as discussões ficam em torno da magnitude, dos próximos passos e da capacidade que o Fed tem para efetivar o cenário chamado de “goldilocks”, que gostamos de traduzir livremente para “céu de brigadeiro”, com inflação controlada e crescimento saudável da economia. Podemos assumir que os preços atuais dos ativos do mundo inteiro sofrem grande influência dessa leitura, da renda fixa à variável, nos Estados Unidos e no mundo inteiro.

E o que tudo isso tem a ver com o simpósio de Jackson Hole? Tudo. Na sexta-feira, o presidente do Fed, Jerome Powell, fez um discurso no evento, que pode criar uma convicção ainda mais forte do mercado sobre suas posições e preços ou - nunca se sabe - seguir uma direção completamente diferente.

Se você perguntar para qualquer um na Faria Lima (ou em Wall Street), provavelmente escutará que Jay Powell deve confirmar o corte em setembro, mas indicar que a magnitude e os próximos passos seguirão dependendo dos dados de inflação e de atividade, sem dar grandes especificações. A indicação geral para o futuro tende a ser vaga, na linha do “só os números dirão”. Caso essa seja a mensagem, a reação do mercado tende a ser neutra.

Quaisquer sinais diferentes destes - seja para o lado mais hawkish (alusão a uma política mais restritiva de juros) ou dovish (política de juros mais baixos, estimulando mais a economia) - pode trazer novas notas de volatilidade para os mercados, ainda que pontualmente. Sinais de que o Fed sente que uma recessão se aproxima podem derrubar ativos de risco e as taxas de juros futuras, como aconteceu no início de agosto. Ao mesmo tempo, se o discurso parecer tranquilo demais, sem demonstrar uma postura de atenção aos riscos à atividade, o próprio mercado pode assumir que o Fed estaria cego à possibilidade de uma desaceleração mais intensa da economia. Por isso, se você investe, esteja atento às notícias e mantenha o foco na sua estratégia de investimento, dentro do seu perfil.

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