Analistas do Santander projetam Ibovespa a 160 mil pontos em 2024 e elencam os fatores que vão contribuir para o cenário (Germano Lüders/Exame)
Repórter de Invest
Publicado em 18 de dezembro de 2023 às 13h40.
Última atualização em 18 de dezembro de 2023 às 14h25.
Com 2024 batendo na porta, especialistas têm projetado o cenário para o Ibovespa no final do próximo ano. Na média, as estimativas apontam para um preço-alvo da bolsa de valores brasileira na casa dos 140 mil pontos. Mas o Santander está mais otimista e projeta um target de 160 mil pontos.
Em relatório, o banco pontua que desde o início do ciclo de cortes na taxa básica de juros, que de agosto para cá fez a Selic sair dos 13,75% ao ano para 11,75%, o índice já subiu 15%. “Mas ainda vemos espaço para uma recuperação mais forte, com Ibovespa atingindo 160 mil pontos até o final de 2024.”
E por falar em Selic, a projeção do banco é de que ela termine o próximo ano aos 9,5% ao ano. A estimativa não está muito distante do que o Boletim Focus desta semana prevê, com a taxa encerrando o ano de 2024 aos 9,25%. Mas além desse fator, os analistas ainda se baseiam nos seguintes pontos para manter o otimismo com o Ibovespa em 2024:
“Em nossa opinião, o pior crescimento do lucro por ação ficou para trás. Depois de cair cerca de 20% neste ano, esperamos ver os lucros recuperarem 15% em 2024. A maior parte da recuperação deverá ser liderada por ativos nacionais”, escrevem Aline Cardoso, Luane Fontes e Guilherme Bellizzi Motta, especialistas do Santander que assinam o relatório.
Embora as perspectivas sejam positivas, há ainda possíveis pedras no caminho que podem atrapalhar a bonança no Ibovespa. Entre eles, estão questões que tangem a economia dos EUA, mas o fator Brasil não é descartado.
Sobre a economia americana, o Santander destaca que pressões inflacionárias mais fortes e duradouras poderão fazer com que o Fed adote um aperto monetário mais rigoroso em 2024. “Uma possível tensão financeira poderá agravar ainda mais o abrandamento econômico global.”
Vale pontuar que essa desaceleração global pode afetar a cotação das commodities — e o desempenho de empresas de peso para o índice Bovespa. Com as matérias-primas em queda, blue chips como Petrobras (PETR4) e Vale (VALE3) podem ter suas performances afetadas e contribuir para um cenário mais desafiador para o índice Bovespa em 2024.
Além disso, a política fiscal brasileira está no radar dos analistas. Recentemente, o próprio governo federal deu sinais de que poderia não cumprir a meta de déficit zero no próximo ano, embora o assunto tenha ficado em escanteio nas últimas semanas. “Uma postura mais expansionista do lado dos gastos, [junto a] uma perda mais ampla da credibilidade do processo de consolidação da âncora fiscal, pode fazer com que as condições financeiras deteriorem.”