BTG Pactual elencou ideias-chave para o mercado financeiro em 2024 (D-Keine/Getty Images)
Repórter de Invest
Publicado em 9 de janeiro de 2024 às 16h11.
Última atualização em 9 de janeiro de 2024 às 19h44.
Quem investe — ou quer começar a se aventurar por esse ecossistema — precisa ficar de olho nos assuntos que devem estar em pauta (e precificar) ao longo do ano. Pensando nisso, o BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME) elencou as 10 ideias-chave para o mercado financeiro em 2024 que podem ser determinantes para o retorno dos investimentos.
Em relatório, os analistas do banco pontuam que as ideias estão divididas em três seções principais: expectativas para o índice S&P, temas específicos e gigantes asiáticos. “Cada tema oferece informações valiosas e análises aprofundadas nas suas respectivas áreas.”
Em 2023, a S&P 500 apresentou um crescimento de 24,2%, sendo 4,4% apenas no último mês de dezembro. Nas projeções do BTG Pactual, a expectativa é de que o índice chegue aos 4.840 pontos até o final de 2024. Mas os analistas pontuam que há margem para que a pontuação possa ir além.
“Se os dados macroeconômicos indicarem uma atividade econômica moderadamente robusta no Estados Unidos, que apoie o desempenho operacional das empresas, juntamente com números de inflação, nosso preço-alvo para S&P 500 pode se revelar um pouco subestimado (indo para 5.058 a 5.323 pontos).”
Ainda assim, os analistas frisam que para o próximo ano o entusiasmo está maior em relação a setores e ações específicas, do que propriamente com o nível do índice.
Tendências seculares proporcionam fortes ventos a favor do setor de Tecnologia da Informação (TI). E entre os principais temas de investimento para a área, o banco aposta nos seguintes: Inteligência Artificial, computação em nuvem (em inglês, cloud computing) e cibersegurança.
“Nossa preferência está direcionada para empresas com forte poder de precificação, baixas proporções de alavancagem, grande participação de mercado e altas barreiras de entrada dentro do setor”, dizem os analistas. Além disso, eles destacam que o cenário de cortes nas taxas de juro também podem ser favoráveis para o setor.
Os bancos americanos estão na mira do BTG. Para os analistas, o setor financeiro tem sido negociado com uma avaliação atrativa e com fundamentos operacionais sólidos. “Os bancos comerciais têm um retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) superior aos níveis históricos”, dizem.
Junto a isso, é esperado que no decorrer deste ano ocorra um abrandamento da curva de rendimento dos títulos americanos, fato que costuma ser benéfico ao setor bancário. Outro fator que sustenta a tese é a expectativa do início do corte de juros por lá.
Para o BTG, outro setor que será favorecido em capitalizar tendências é o de healthcare, com o aumento da inovação e produtividade em novos medicamentos e de tratamentos e diagnósticos médicos. “Houve um aumento de 101% no número de medicamentos aprovados pela FDA (Food and Drug Administration) de 2018 a 2022 em comparação com 2003 a 2007”, dizem os analistas.
Outro fato que embasa a tese, segundo eles, é o crescimento da classe média em países como Índia e China — que agora representam 33% da população global — , e o envelhecimento populacional. As estimativas da ONU preveem que, até 2050, uma em cada seis pessoas terá mais de 65 anos, fato que provavelmente levará a um aumento nos gastos com saúde.
A aposta do banco nesse segmento deve-se ao fato de a Inteligência Artificial (IA) ser uma tecnologia transformadora com impactos sociais e econômicos. Segundo o Estudo Global de Inteligência Artificial da PwC, é previsto que a IA produza um ganho de produtividade de US$ 6,6 bilhões em todas as indústrias até 2030.
“As empresas que não adotarem a Inteligência Artificial poderão perder participação de mercado. Vemos isso como uma excelente tese de investimento, dada a sua fase inicial de adoção, ao nosso ver”, diz o relatório.
Indo mais a fundo do setor de saúde, o banco chama atenção para as inovações farmacêuticas — com destaque para os medicamentos de emagrecimento, que incluem o GLP-1. “O uso desses medicamentos para perda de peso está apenas começando a ser aproveitado, e é esperado que o número de usuários aumente significativamente.”
Os investimentos em energia limpa — que inclui fontes renováveis como a energia solar e eólica —, mostram-se atraentes devido ao potencial de crescimento sustentável, ao forte apoio entre os governantes e à crescente procura de soluções de baixa emissão de carbono.
“A mudança global pela neutralidade carbônica e os avanços tecnológicos nas energias limpas oferecem retornos de investimento significativos. Além disso, grandes empresas estão cada vez mais comprometidas com metas de energia 100% renovável, demonstrando uma forte procura do mercado.”
Muitos esperavam que a reabertura pós-covid da China no ano passado iria impulsionar o crescimento global, mas o otimismo rapidamente diminuiu devido a problemas na indústria imobiliária. Para impedir o avanço de uma desaceleração econômica, o governo tem implementado uma série de medidas para estimular o crédito e o consumo.
“Apesar dos desafios no mercado imobiliário, há sinais positivos para a China. Ele se tornou um exportador dominante em setores estratégicos, como veículos elétricos e em energia renovável”, dizem os analistas do BTG. Outro setor que eles destacam é o de tecnologia, onde apostam ser uma oportunidade para alocação tática. “Acreditamos que o mercado [chinês] oferece atualmente uma margem de segurança atrativa.”
Sobre a Índia, os analistas lembram que as projeções de mercado indicam que a economia manterá uma taxa de crescimento nominal de cerca de 10% ao ano entre os próximos dez a 15 anos — fato que posiciona o país como um destino de investimento atraente dentro do cenário dos mercados emergentes.
A tese de crescimento da Índia é sustentada por alguns fatores importantes, que incluem o rápido crescimento de sua classe média, o ritmo acelerado de digitalização de sua população e tendências demográficas favoráveis. “A força de trabalho do país deve continuar a expandir de maneira constante até a década de 2030, proporcionando uma base sólida para um crescimento econômico sustentado em níveis elevados”, dizem.
Ao longo do ano passado, o Banco do Japão (BoJ, na sigla em inglês) fez ajustes graduais ao expandir as faixas de negociação permitidas para os títulos do tesouro do país. Em 2024, a atenção se volta para a potencial conclusão da política de taxa de juros negativa por lá, condicionada à sustentabilidade da inflação. Junto a isso, o governo fez mudanças estratégicas dentro do seu setor corporativo, impulsionadas por iniciativas da bolsa de valores de Tóquio.
Segundo os analistas, as reformas estruturais são a espinha dorsal da tese do investimento no Japão. “As medidas compeliram empresas a serem negociadas abaixo do valor contábil por um período prolongado. Isso desencadeou um aumento nas recompras de ações e dividendos, injetando maior dinamismo no cenário corporativo.”