Etiqueta de preços em roupas: NTN-Bs são títulos negociados pelo Tesouro Direto que pagam uma taxa de juros mais a inflação pelo IPCA. (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 9 de março de 2014 às 07h00.
Dúvida do internauta: Tenho 44 anos e possuo 1,7 milhão de reais em investimentos, divididos da seguinte forma: 50% em fundos de ações e 50% em fundos multimercados. São fundos de bancos de investimentos, não de varejo, que possuem um excelente histórico de performance e gestores com muita experiência no mercado. Mas agora que as Notas do Tesouro Nacional (NTN-B) estão pagando 7% ao ano mais inflação pelo IPCA, compensa migrar a maior parte do meu capital para esses papéis e garantir uma boa rentabilidade? No longo prazo, mesmo fundos de investimento muito bons conseguem bater essa performance?
Resposta de Janser Rojo*:
A primeira coisa que precisa ser analisada é em relação ao risco dos ativos que você está comparando. Fundos de ações, fundos multimercados e NTN-Bs possuem riscos diferentes e, portanto, rentabilidades possíveis também diferentes e suscetíveis a determinadas situações de mercado.
Fundos de ações estarão sujeitos às oscilações da bolsa. As NTN-Bs estão ligadas à curva de juros e à expectativa de inflação. Os fundos multimercados são os mais flexíveis em sua composição, portanto dependem da estratégia de cada gestor.
Para a escolha da possível migração do seu portfólio, você precisa se perguntar: estou disposto a correr um novo tipo de risco? Se optar por migrar para a NTN-B que está pagando 7% ao ano de juro real (acima da inflação), tenha consciência de que o juro real da economia pode subir para 9% ao ano (por exemplo).
Isso ocasionará perdas no atual valor de mercado do título, enquanto outros investimentos (como os fundos) podem se sair melhor. Por outro lado, se continuar nos fundos, pode ser que a bolsa continue não indo bem nos próximos anos, afetando negativamente sua rentabilidade.
A resposta para sua pergunta, portanto, é: depende de qual cenário você acredita que irá se concretizar no futuro e que tipo de risco está disposto a correr caso não acerte nas suas previsões. Se na atual conjuntura você estiver satisfeito com a rentabilidade de 7% ao ano de juro real, aceitando correr o risco da curva de juros subir ainda mais comparado com o risco da performance dos fundos, então realmente é hora da mudança.
A moral da história é que cada investidor decide onde colocar seu dinheiro baseado nos cenários e riscos que escolhe. O real trabalho, portanto, é traçar o cenário mais provável e a forma de gerenciamento de risco. Além disso, não basta tomar uma decisão e deixar de fazer o acompanhamento, pois novos fatores surgem a cada dia e é preciso rever o portfolio para ver se aquele cenário traçado ainda faz sentido.
*Janser Rojo é CFP, planejador financeiro certificado pelo Instituto Brasileiro de Certificação de Profissionais Financeiros (IBCPF).
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