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SPX faz cisão de fundo para grandes investidores e vira assunto na Fintwit

Justificativa é a limitação da legislação, que não permite investir parte relevante do patrimônio do fundo de varejo no exterior

Schneider, sócio da gestora: demora para evolução da legislação fez gestora optar por beneficiar 97% dos investidores (SPX/Divulgação)

Schneider, sócio da gestora: demora para evolução da legislação fez gestora optar por beneficiar 97% dos investidores (SPX/Divulgação)

Marília Almeida

Marília Almeida

Publicado em 15 de dezembro de 2020 às 14h30.

Última atualização em 15 de dezembro de 2020 às 17h44.

A gestora SPX não viu saída: optou por cindir quatro feeders do fundo multimercado Nimitz, distribuídos pela XP, pelo Safra, pelo Itaú e pelo Credit Suisse, entre investidores qualificados (que têm ao menos 1 milhão de reais investidos) e não-qualificados. A razão? Uma limitação na legislação, que não permite que fundos voltados para o investidor de varejo tenham mandato para investir mais do que 20% do patrimônio no exterior.

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Com planos para se internacionalizar desde 2015, a gestora argumenta ter suportado até onde pôde, mas teve de optar por beneficiar 97% de seus clientes, em detrimento de cerca de 600 investidores não-qualificados. A estratégia do fundo para esses pequenos investidores não muda, mas terá, necessariamente, 50% menos risco do que o dos novos veículos para investidores qualificados, que poderão dobrar a sua exposição ao exterior. Ou seja, ter 40% do patrimônio lá fora.

A asset do Safra já realizou a cisão do Nimitz em setembro, segundo comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Os fundos do Itaú e do Credit Suisse também já foram divididos. Resta o da XP, que deve comunicar a sua rede entre esta terça-feira, 15, e amanhã. Fundos feeder são aqueles que aplicam em um fundo master.

Apenas serão cindidos os quatro fundos porque os outros 32 ou já foram lançados apenas para investidores qualificados, desde que a gestora optou por se internacionalizar, ou tinham apenas investidores qualificados entre os cotistas, o que tornou a cisão desnecessária.

Para optar pela cisão, basta realizar uma assembleia simples, na qual os maiores investidores têm maior poder de voto. Caso o fundo seja dividido, os investidores devem necessariamente se qualificar para que sejam transferidos automaticamente para o novo fundo. Ou seja, caso tenham ao menos de 1 milhão de reais investido, devem atualizar o cadastro na corretora e listar esses investimentos.

A decisão causou polêmica entre investidores e consultores financeiros na comunidade do mercado financeiro no Twitter, a Fintwit. Isso porque, mesmo que o investidor não-qualificado tenha adquirido cotas do mesmo fundo que investidores mais ricos, terá potencialmente um retorno menor do que o do novo veículo criado.

A analista Helô Cruz classificou a proposta como "decepcionante". Já outros gestores apontam que um possível favorecimento é culpa da legislação, e não da SPX. Outros especialistas dizem que a SPX poderia ter fechado o fundo para captação e ter criado um novo, específico para o público-alvo. Mas, segundo a gestora, isso não resolveria o problema.

Em entrevista para a EXAME Invest, o sócio da SPX Daniel Schneider argumenta que a cisão dos fundos não foi algo sugerido agora, mas desde o final do ano passado. "Achamos que não era prudente prejudicar 97% dos clientes. Comunicamos a todos que suportamos até onde deu, mas não conseguimos mais aplicar apenas 20% dos fundos lá fora com o tamanho de equipe e estrutura que temos no exterior. Temos 40 pessoas em Londres e 11 pessoas em Nova York. É um investimento grande."

A alta do câmbio dificultou ainda mais, segundo o executivo."Quando o fundo foi lançado, em 2010, o dólar era equivalente a 1,70 real. Hoje, subiu para 5 reais e continuamos com  o mesmo limite para investir no exterior. Então temos menos dólares alocados lá fora, o que gera disponibilidade menor para o caixa dos fundos."

Evolução da legislação

Buscando atualizar a legislação, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) colocou em audiência pública e receberá, até abril, sugestões para mudar a norma sobre fundos de investimento. Na discussão está prevista uma flexibilização da lei, o que fará com que fundos de investimento voltados para o varejo possam investir até 100% do patrimônio lá fora.

Em relação à cisão de fundos de investimentos, a autarquia não comenta casos específicos e ressalta que os administradores devem seguir o disposto na ICVM 555, que dispõe sobre a constituição, a administração, o funcionamento e a divulgação das informações dos fundos de investimento, em especial no Capítulo XII.

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Não é praxe no mercado, mas, historicamente, alguns fundos já propuseram cisões no mercado. O motivo mais comum, contudo, é que a decisão ocorra quando a gestora deseja "isolar" o cotista em um fundo espelho em determinada instituição financeira. Nesse caso o movimento é claramente desfavorável para o cotista. Caso ele queira sair da corretora, terá dificuldades para pedir portabilidade e a alternativa será realizar o resgate das cotas.

Histórico

Criado em 2010, o fundo SPX Nimitz é o carro-chefe da gestora e segue uma estratégia macro: investe em juros, moedas, ações, commodities e crédito. Desde a sua criação, o fundo acumula rendimento de 218%, contra 78% do CDI.

No acumulado de 2020 até novembro, rendeu 5,54%, enquanto o CDI subiu 2,6%.

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