Quase 40% dos que pretendem sacar FGTS querem dinheiro para pagar dívidas
Cartão de crédito e contas de telefone, luz e água atrasadas são as primeiras que consumidores planejam quitar, aponta pesquisa do SPC Brasil
Juliana Elias
Publicado em 13 de setembro de 2019 às 11h00.
Última atualização em 13 de setembro de 2019 às 11h00.
São Paulo - O pagamento de dívidas deve ser o principal uso dos saques de 500 reais do FGTS que começam a ser liberados a partir desta sexta-feira (13). É o que aponta uma pesquisa feita pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e a Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL).
De acordo com o levantamento, 44,9% das pessoas que têm saldo no FGTS planejam fazer o saque extra, enquanto 42,6% afirmam que não vão mexer no dinheiro e outros 12,5% ainda não sabem.
Dentre os que farão a retirada, 37,6% afirmaram que pretendem usar o dinheiro para quitar ou pagar parte de pagamentos atrasados. São 9,7 milhões de brasileiros botando as contas em dia, limpando o nome e conseguindo retomar parte de sua capacidade de consumo e de tomar novos créditos, nas estimativas do SPC Brasil.
Para este grupo, dívidas no cartão de crédito são a primeira da lista de contas a serem pagas, citada por 42% deles. É seguida por faturas básicas como telefone (20%), luz (18%) e água (16%).
Usar o dinheiro do FGTS para investir ou guardar foi a segunda intenção mais mencionada, citada por 33,1% daqueles que pretendem fazer o saque. Pagar contas do dia a dia, como luz e água (24,1%), e usar o dinheiro para cobrir as compras do supermercado do mês (17,3%) também aparecem entre os principais planos dos consumidores para o dinheiro.
Saque de R$ 500 x saque-aniversário
O governo anunciou dois novos tipos de saque do FGTS. O primeiro deles é o que a equipe econômica está chamando de saque imediato, que permitirá aos cotistas retirarem até 500 reais de cada uma de suas contas no FGTS, tanto a conta ativa (do trabalho atual) quanto as inativas (de trabalhos passados).
Este saque poderá ser feito esta única vez, e acontecerá de maneira escalonada entre setembro deste ano e março do ano que vem, de acordo com o mês de aniversário. Correntistas da Caixa começam a receber antes, a partir desta sexta-feira ( veja o calendário completo aqui ).
Fazer o saque imediato não interfere em nenhum outro direito do trabalhador em relação ao seu FGTS, como a possibilidade de resgatar todo o saldo em caso de demissão.
A outra modalidade anunciada é o saque-aniversário, que passa a valer em 2020. Diferentemente do saque imediato, o saque-aniversário é uma nova regra definitiva que dará ao trabalhador a opção de,uma vez por ano, retirar uma parte de seu dinheiro no FGTS. Quem optar por essa modalidade, entretanto, perde por dois anos a possibilidade de resgatar o fundo caso venha a ser demitido ( veja aqui o calendário que será seguido para o saque-aniversário ).
De acordo com a pesquisa feita pelo SPC Brasil e a CNDL, 18,6% dos trabalhadores têm interesse em aderir ao saque-aniversário, enquanto 64,5% preferem abrir mão da nova modalidade e continuar com o fundo disponível para o caso de demissão. Outros 16,9% ainda não sabem o que farão.
A pesquisa entrevistou 800 consumidores com mais de 18 anos em 12 capitais (São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Recife, Salvador, Fortaleza, Brasília, Goiânia, Manaus e Belém). A margem de erro é de no máximo 3,4 pontos percentuais para um intervalo de confiança de 95%.