PIX: plataforma de pagamentos instantâneos do Banco Central permite transações 24 horas por dia (Victor Prilepa/Exame/Getty Images)
Marília Almeida
Publicado em 16 de outubro de 2020 às 13h43.
Última atualização em 20 de outubro de 2020 às 14h20.
O PIX entra em vigor somente a partir de 16 de novembro. Mas cerca de 63% dos brasileiros já estão interessados em utilizar o novo serviço de pagamentos instantâneos do Banco Central futuramente ou já cadastraram alguma chave. É o que aponta uma pesquisa realizada pela consultoria Bain & Company e divulgada para a EXAME.
O serviço começou a receber pedidos de adesão nesta semana. Segundo dados do BC, já foram mais de 33 milhões de chaves cadastradas em bancos, fintechs e outros tipos de instituições que realizam pagamentos. Cada usuário pode cadastrar até cinco chaves no PIX.
A pesquisa aponta, contudo, que as instituições que irão ofertar o serviço ainda têm pela frente um grande desafio de educar sua base de clientes. Apenas 24% das pessoas de fato conhecem e entendem como o Pix será utilizado, enquanto 38% dizem que ouviram falar, mas não entendem do que se trata.
A maior barreira parece ser a digitalização; Enquanto entre a população que usa o canal digital como meio principal para as operações o PIX é desconhecido por 33%, entre a população que não usa canais digitais o número sobe para 57%. "Há o desafio de convencer essa fatia da população. Por mais que as pessoas tenham intenção de se cadastrar, não significa que usarão a plataforma no dia a dia", diz Antonio Cerqueiro, sócio da Bain & Company.
Já é possível verificar um potencial aumento da concorrência. Entre quem costuma usar canais digitais como meio principal, 64% ouviram falar sobre o PIX por meio do seu banco principal. Já entre quem não usa canais digitais do seu banco, é mais provável (56%) que tenham ouvido falar do PIX em outros bancos. Isso é reforçado pelo cadastramento das chaves, no qual os bancos digitais lideram.
“Os níveis de conscientização variam muito entre os bancos, e muitas vezes o tema é abordado por concorrentes em vez do banco principal, transformando o Pix em uma ameaça significativa para os bancos incapazes de converter sua base à frente dos concorrentes”, explica Cerqueiro.
A consultoria entrevistou mais de 10 mil pessoas por meio de uma pesquisa online entre os dias 25 de setembro e 2 de outubro. O levantamento foi feito por meio do NPS Prism, ferramenta recém-lançada no Brasil para medir a percepção de clientes de bancos de varejo.
Na pesquisa, 70% dos respondentes interessados em usar o Pix o usariam para pagar contas ou boletos e transferir dinheiro para amigos e parentes.
Já 49% dos respondentes interessados usariam o Pix para compras na internet, enquanto 43% o usariam para compras em estabelecimentos. "Isso não nos surpreende. A experiência de compra na internet com cartão de débito ou boleto é truncada, ruim. É natural que os brasileiros queiram usar o PIX para compras online, já que muitos podem não querer usar o cartão de crédito, ou não têm acesso a ele."
Entre as principais razões para usar o Pix, os respondentes apontaram
Para os que não possuem interesse no Pix, as principais razões para não usá-lo são
Cerqueiro, da Bain, acredita que o Pix será muito mais utilizado por usuários da classe média, que hoje pagam por tarifas como TED e DOC em um primeiro momento, e irá evoluir em acesso conforme novas funcionalidades forem se provando seguras e práticas.
De acordo com o Banco Central, o Pix seguirá o seguinte cronograma:
○ Entrada manual de dados (com teclas)
○ Código QR estático e dinâmico
○ Entrada manual de dados (modelo TED)
○ Pagamentos instantâneos e agendados
○ Alias/chaves (4 opções)
○ Pagamento sem contato (NFC)
○ Código QR do beneficiário (P2P)
○ Pedido de pagamento
○ Pagamento através do documento de identificação
○ Saques via PIX em bancos