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'Aprendemos a emprestar', diz presidente do Bradesco

Bancos crescem graças a investimento na conquista dos clientes de renda mais baixa, diz Márcio Cypriano

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Apesar dos sucessivos recordes de faturamento, o presidente do Bradesco, Márcio Cypriano, acha que o mercado bancário ainda tem fôlego para se expandir, graças à inclusão de novos clientes de baixa renda ao sistema.

EXAME - Em 2005, os resultados dos bancos superaram as expectativas mais otimistas, apesar do baixo crescimento da economia. Qual a razão?

Márcio Artur Laurelli Cypriano - Os bons resultados vieram, principalmente, do crescimento do crédito. A carteira de empréstimos do Bradesco cresceu 25% nos 12 meses até setembro e deve continuar crescendo no ano que vem. Acreditamos que a renda e o emprego formal vão crescer em 2006, o que será bom para o crédito.

EXAME - O fato de o total de empréstimos ter crescido mais do que a economia não é um problema? Há um risco de uma "bolha de crédito"?

Cypriano - Não. É preciso analisar esse crescimento. Uma parte foi simplesmente emprestar mais dinheiro para quem já era cliente. Outra, talvez mais importante, foi trazer clientes novos para o sistema financeiro. Eram pessoas que não tomavam dinheiro emprestado e agora o fazem.

EXAME - Quem são esses novos clientes?

Cypriano - A população de renda mais baixa. O primeiro impulso para atrair essas pessoas começou há dois anos, quando o governo regulamentou os empréstimos consignados. O segundo movimento foram as parcerias dos bancos com redes de varejo para financiar bens de consumo.

EXAME - Esse crescimento vai continuar?

Cypriano - Sem dúvida, pois o mercado é enorme. Por exemplo, o Bradesco lançou o Banco Postal em parceria com os Correios há quatro anos. Já trouxemos 4,2 milhões de brasileiros para o sistema bancário. A maioria tem apenas uma conta-corrente ou uma poupança, mas alguns já começam a tomar empréstimos.

EXAME - Qual o tamanho desse mercado?

Cypriano - Há cerca de 10 milhões de clientes de baixa renda em potencial no Brasil que ainda não são atendidos pelos bancos. Desse total, pelo menos 4 milhões têm potencial para tomar empréstimos. É muita gente.

EXAME - Por que um mercado tão grande só agora está sendo explorado pelos bancos?

Cypriano - O desafio era ganhar uma escala que permitisse operar sem que os custos explodissem. Os bancos resolveram esse problema de duas formas: investiram pesado em tecnologia e auto-atendimento e fizeram parcerias, como a com os Correios, para reduzir as despesas de captar clientes e realizar as operações.

EXAME - O cliente de baixa renda tem menos folga financeira, por isso emprestar para ele é mais arriscado. Essa nova estratégia não pode provocar problemas de inadimplência para os bancos?

Cypriano - Não. Os bancos estão muito mais eficientes ao emprestar. As ferramentas para administrar os riscos melhoraram muito, e a inadimplência é muito mais controlável. Além disso, basta olhar os balanços que foram divulgados. Os bancos já fizeram mais provisões contra perdas em empréstimos. Mesmo que ocorram mais perdas algo que não acredito o sistema está forte o suficiente para suportar um aumento da inadimplência.

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