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Mercado imobiliário reage e vendas voltam a crescer

Pacote habitacional e ampliação do crédito para imóveis usados ajudam o setor a se recuperar da crise

EXAME.com (EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h34.

Após uma virada de ano desanimadora, o mercado imobiliário começa a retomar o fôlego e as vendas voltam a subir. Em março, a comercialização de imóveis usados em São Paulo saltou 30,6% em relação a fevereiro, voltando ao nível anterior ao estouro da crise econômica global, em setembro de 2008. A recuperação, avalia o Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (Creci-SP), foi impulsionada pela concessão recorde de crédito imobiliário para esse segmento: 47% dos imóveis usados vendidos em março foram financiados. "Isso mostra como o crédito é importante para o mercado de imóveis usados", diz José Augusto Viana Neto, presidente do Creci-SP.

Na avaliação do executivo, a decisão do governo de ampliar de 350.000 reais para 500.000 reais o valor máximo dos imóveis que podem ser financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação (SFH) contribuiu significativamente para a expansão das vendas. Mas o fator principal para recuperação do mercado, segundo Viana Neto, foi o aumento na confiança do consumidor, que no final do ano passado havia sido duramente abalada pela crise. "As pessoas estavam com medo de tomar um financiamento, perder o emprego e não conseguir pagar. Agora, a situação já melhorou bastante", diz.

Muitos dos que planejavam comprar um imóvel usado, mas ainda não estavam certos se era o momento de assinar o contrato, receberam um incentivo. Os proprietários de casas e apartamentos concederam em março descontos de até 8% sobre o valor originalmente fixado, atraindo não só famílias em busca da casa própria, mas também investidores. "Com as sucessivas reduções na taxa básica de juros (Selic) e a perspectiva de novos cortes, parte dos investidores está voltando a investir em imóveis", ressalta Roseli Hernandes, gerente geral da Lello Imóveis. Na imobiliária, 82% das vendas realizadas em abril foram feitas à vista, incluindo imóveis de alto padrão, com valor acima de 1 milhão de reais.

No segmento de imóveis novos também já é possível notar uma recuperação, embora em ritmo um pouco mais lento. Dados do Secovi-SP e da Empresa Brasileira de Estudos de Patrimônio (Embraesp) mostram que as vendas de casas e apartamentos novos em março dispararam 123% sobre fevereiro, encerrando o segundo mês de alta consecutiva. O volume negociado - 793 milhões de reais - ainda é 37% inferior ao praticado em agosto do ano passado, mas já representa um avanço de 19% sobre o valor registrado em setembro, quando o mercado sentiu o baque da crise. Uma sondagem realizada pelo Secovi-SP dá conta de que os resultados de abril devem ser ainda melhores. As empresas pesquisadas calculam que as vendas no mês passado tenham crescido entre 20% e 25%. "A retomada do crescimento não tardou porque o Brasil combina uma série de fatores que o coloca em situação confortável. O país tem estabilidade de preços, taxas de juros em queda e desemprego inferior ao de outros países. Além disso, os esforços do governo para impulsionar o setor despertaram o interesse da população", diz Celso Petrucci, economista-chefe do Secovi-SP.

Fontes: Secovi-SP e Embraesp

 

O programa habitacional lançado em março e batizado de Minha Casa, Minha Vida teve um importante efeito psicológico no mercado, ressaltam os especialistas. "Percebemos um aumento na demanda não só por imóveis de até 130.000 reais, mas em todas as faixas de preço", diz Cássio Audi, diretor de Finanças e Relações com Investidores da Rossi Residencial. As vendas da construtora e incorporadora foram, em março, 43% superiores às realizadas em fevereiro. O que mais surpreendeu, segundo Audi, foi a velocidade na concretização dos negócios. "De tudo que lançamos no primeiro trimestre, metade já foi vendido", diz. Os números de março e abril foram tão animadores que a empresa revisou sua perspectiva para 2009, passando de um cenário conservador para moderado.

Está na hora de comprar um imóvel?

A maior parte dos especialistas projeta uma trajetória de valorização para casas e apartamentos nos próximos meses. "A tendência é o preço dos imóveis subir conforme a economia vá se recuperando", diz Roberto Vertamatti, vice-presidente de Finanças e Administração da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac).

Os dados do Secovi-SP mostram que as vendas no primeiro trimestre superaram os lançamentos, reduzindo o saldo de imóveis disponíveis para comercialização. A queda dos estoques, entretanto, não deve provocar uma onda especulativa, mas Petrucci acredita que em algumas regiões a valorização dos imóveis poderá ser bastante significativa.

Para quem está pagando aluguel, os especialistas recomendam avaliar a possibilidade de compra da casa própria. "Se a parcela do financiamento for equivalente ao aluguel e não comprometer mais de 30% da renda, vale a pena comprar o imóvel", diz Vertamatti.

Na hora de escolher, a dica é pesquisar. Visitar vários imóveis, avaliar as perspectivas para a região e conversar com os vizinhos são algumas atitudes que auxiliam na tomada de decisão.

Reforma e construção

Outras duas medidas tomadas pelo governo para impulsionar o mercado imobiliário foram a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de mais de 30 itens de materiais de construção por três meses e a ampliação do crédito para reforma, aquisição de terreno e construção.

Como parte do programa Minha Casa, Minha Vida, a Caixa incluiu na carta de crédito que utiliza recursos do FGTS subsídios para famílias com renda mensal de até 4.650 reais. A modalidade, que atende a famílias com renda de até 4.900 reais, oferece até 130.000 reais para a compra de terrenos, construção e reforma de imóveis. Os juros variam de 5% a 8,16% ao ano, e o prazo de pagamento é de até 360 meses.

No Construcard FGTS, o limite de renda para utilização da linha subiu de 1.900 reais para 4.900 reais e o prazo para pagamento passou de 96 meses para 120 meses. O valor máximo de financiamento é de 25.000 reais e a taxa de juros varia de 5% a 8,16% ao ano, de acordo com a renda do tomador do empréstimo. É possível incluir até 15% dos custos de mão de obra no valor financiado.

Com isso, o governo espera incentivar a construção e reforma de imóveis, mas o presidente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção (Abramat), Melvyn David Fox, ressalta que as medidas, para terem o efeito esperado, devem permanecer no longo prazo. "Obras para reforma e construção de imóveis costumam durar mais de seis meses. Por isso estamos negociando a manutenção da redução do IPI por período indeterminado."

De acordo com Marcelo Chamma, diretor comercial da Votorantim Cimento, o varejo está otimista, com expectativa de crescimento nos próximos meses.  

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