Women in Finance 2024: Carolina Cavenaghi, fundadora e CEO do Fin4She (Moose Midia)
Repórter de finanças
Publicado em 19 de junho de 2024 às 17h39.
Última atualização em 19 de junho de 2024 às 18h04.
A urgência das mulheres assumirem a gestão financeira e patrimonial foi o tema discutido no Women in Finance, evento realizado na última terça-feira, 18, para discutir sobre investimentos, finanças, carreira, empreendedorismo e liderança entre as mulheres, organizado pela Fin4She. O painel contou com grandes nomes femininos no mercado financeiro: Ana Paula Horns, psicóloga e educadora financeira, Carolina Nakaoski, head de business development da Mirae Asset, Daniella Marques, chairwoman e sócia da Legend, e Mariela Gontijo, fundadora da Vos Investimentos.
Apesar de trajetórias bastante distintas, todas as palestrantes tiveram algo em comum: perceberam a necessidade de serem as donas do próprio dinheiro, tendo o controle de como e onde desejariam gastar.
Para Carolina Nakaoski, head de business development da Mirae Asset, independência financeira não é o acúmulo de riquezas. “Na adolescência, liberdade financeira para mim se tornou comprar uma calça que eu queria. Quando mais adulta, liberdade financeira era pagar as contas e as viagens. Eu percebi que liberdade financeira é se organizar financeiramente para tomar as decisões que mais fazem sentido naquele momento da vida.”
Ao discutir independência financeira, as especialistas falaram sobre violência patrimonial. Esta também que é tipificada pela Lei Maria da Penha, assim como a doméstica e a sexual.A violência patrimonial ocorre quando alguém — não necessariamente o marido — subtrai, controla ou destrói recursos econômicos ou material da vítima.
“Historicamente a gente tem a questão de passar a gestão para os homens e aí as mulheres perdem o controle”, diz a educadora financeira Hornos. Segundo o relatório publicado pelo Instituto Igarapé em 2023 sobre violência contra a mulher, nos últimos cinco anos a violência patrimonial aumentou 56,4%.
Gontijo também destaca que a violência patrimonial pode ser algo mais subjetivo, como o companheiro se mostrar relutante na compra de algo que a mulher deseja adquirir — com o próprio —, mas pode chegar em situações mais conflituosas, como os casos da atriz Larissa Manoela e da empresária Ana Hickmann. “Se a mulher não delimitar alí o que é sua escolha financeira, pode permitir ao companheiro ou a outras pessoas decidirem o que fazer ou não com o fruto do seu trabalho.”
As executivas enfatizam a urgência do controle do próprio dinheiro como um ponto central da vida financeira das mulheres. Para isso, uma simples palavra foi ecoada no painel: “Comecem”. “Hoje a gente não pode se dar ao luxo de falar que não temos informação para saber como lidar com o dinheiro”, comenta a head de business development da Mirae Asset.
Daniella Marques pontua que não há como ignorar as discrepâncias sociais. Marques, que é ex-presidente da Caixa Econômica Federal e já foi braço direito do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, conta que ao viajar pelo Brasil durante sua gestão viu de perto as duras realidades: “Existe um Brasil muito primitivo ainda.” Ela relembrou iniciativas da própria Caixa para mulheres, entre outras instituições, que levam educação financeira para mulheres, além de produtos financeiros mais acessíveis.
Para aquelas que podem investir, Gontijo elencou algumas dicas financeiras. “Investimento é aquilo que te gera renda e não te gera gastos. Comecem com 10% do que ganham. Não deixem ninguém implementar a ideia de que aquele lugar não é para você. Usem o poder de consumidoras, porque 60% do consumo hoje é decidido por mulheres e quem muda o mercado é o consumidor. Empreendam quando puderem.”
O evento foi realizado pela Fin4She, plataforma que visa conectar e impulsionar mulheres em temas como diversidade, empregabilidade e independência financeira, o evento chegou em sua quinta edição e reuniu cerca de mil mulheres na Fundação Armando Álvares Penteado (Faap), em São Paulo.
“Essa edição de 2024 surpreendeu todas as nossas expectativas. Vejo que o grande diferencial que a Fin4She tem é de conseguir gerar essa conexão entre as participantes que estão aqui. E eu acho que eventos como esse são muito importantes para mostrar que sim, as mulheres estão aqui. Temos voz, temos conteúdo, falamos sobre negócios e queremos ser escutadas”, disse à EXAME Invest a fundadora e CEO do Fin4She, Carolina Cavenaghi.