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Fundos de pensão terão outro ano difícil, diz chefe da Funcesp

Martin Glogowsky afirmou que, no conjunto, os fundos fechados podem ficar abaixo da meta atuarial neste ano

No ano passado, os fundos fechados superaram a meta atuarial após três anos seguidos em baixa (Rodrigo Bellizzi/Thinkstock)

No ano passado, os fundos fechados superaram a meta atuarial após três anos seguidos em baixa (Rodrigo Bellizzi/Thinkstock)

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Reuters

Publicado em 4 de abril de 2017 às 10h18.

Última atualização em 4 de abril de 2017 às 10h32.

São Paulo - A queda mais rápida da Selic pode fazer os fundos fechados de previdência complementar terem outro ano de rentabilidade baixa em 2017, disse o presidente do maior fundo de pensão patrocinado por empresas privadas do país, a Funcesp.

"No conjunto, os fundos fechados podem ficar abaixo da meta atuarial neste ano", disse Martin Glogowsky, presidente da Funcesp, que também é o quarto maior fundo de pensão do país, com ativos de 27,5 bilhões de reais no fim de fevereiro.

A meta atuarial é a rentabilidade mínima necessária para que um fundo consiga pagar os benefícios de seus cotistas no longo prazo.

No ano passado, com a combinação de juros altos e valorização do mercado acionário, os fundos fechados superaram a meta atuarial após três anos seguidos em baixa.

Para este ano, a meta atuarial da Funcesp, que administra fundos de empregados de empresas de energia elétrica, incluindo Cesp, CPFL e Eletropaulo, é de cerca de 11 por cento. Segundo o executivo, apesar da queda da Selic, a Funcesp vai conseguir atingir a meta atuarial neste ano.

Cerca de 85 por cento dos ativos administrados pelo Funcesp estão em títulos do governo, que têm como um dos principais métricas de rentabilidade a taxa Selic, hoje em 12,25 por cento ao ano. A maior parte dos papéis, segundo Glogowsky, está em títulos pré-fixados.

O último boletim Focus do Banco Central aponta previsão média do mercado para Selic de 8,75 por cento em dezembro.

Segundo Glogowsky, a administração da Funcesp já tem nos últimos seis meses feito movimentos táticos, reduzindo levemente a exposição a papéis do governo, ao mesmo tempo em que tem olhado para fundos multimercado e o mercado acionário.

"É o tipo de movimento que podemos fazer", disse ele, observando que, devido ao perfil 'maduro' dos fundos administrados, a instituição tem que dar atenção à rentabilidade, mas não pode se descuidar da liquidez.

Dos cerca de 110 mil participantes dos fundos administrados pela Funcesp, cerca de 15 mil apenas são pagantes, outros 30 mil são aposentados ou pensionistas e 62 mil são dependentes previdenciários. A folha de pagamento de benefícios da instituição é de aproximadamente 2 bilhões de reais por ano.

Para Glogowsky, assim como a Funcesp, outros grandes fundos de pensão do país tendem a ser bastante seletivos na busca de ativos de maior risco para tentar elevar a rentabilidade.

No caso da Funcesp, além da renda variável, poucas opções de risco estão sendo consideradas, como ativos imobiliários e crédito privado. Em todos os casos, a fundação define o rating A como mínimo necessário para considerar investir.

"Fundos de infraestrutura e ou de private equity, por exemplo, estão fora de questão", disse Glogowsky.

Sobrevivência

Como resultado de mudanças no mercado de trabalho, da busca de trabalhadores por produtos mais flexíveis e, mais recentemente, problemas de gestão em alguns dos maiores fundos de pensão do país, a previdência fechada tem perdido fôlego nos últimos anos.

Fundos de pensão de grandes estatais, como Petros (dos empregados da Petrobras), Funcef (Caixa Econômica Federal) e Postalis (Correios) estão enfrentando a realidade de apresentar planos de equacionamento, com contribuições adicionais de seus sócios e da empresa patrocinadora para evitar um colapso.

O total de ativos do sistema de fundos de pensão fechados do país representou no ano passado 12,6 por cento do PIB brasileiro, com ativos totais de 790 bilhões de reais. Em 2007, o índice era de 17,2 por cento.

Enquanto isso, o mercado aberto de previdência, com planos que tem PGBLs e VGBLs como grandes destaques, tem elevado a captação líquida mesmo com o país em recessão. Em 2016, a captação líquida do setor cresceu 24 por cento, para 60,8 bilhões de reais, segundo a Fenaprevi, entidade que representa o setor.

"Diferente da previdência aberta, a fechada não tem conseguido se beneficiar da crescente preocupação com as discussões sobre reforma da previdência", disse Glogowsky. "Precisamos criar planos mais modernos se quisermos sobreviver", disse.

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