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Dólar a R$ 5,00: é hora de comprar para viajar para fora?

Moeda americana acumula queda de mais de 10% em 2022: nas casas de câmbio, dólar era vendido a R$ 5,24 na quarta-feira, dia 23

Dólar: juros elevados no Brasil, alta das cotações de commodities e cenário externo explicam queda da moeda (Lee Jae-Won/Reuters)

Dólar: juros elevados no Brasil, alta das cotações de commodities e cenário externo explicam queda da moeda (Lee Jae-Won/Reuters)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 24 de fevereiro de 2022 às 08h30.

Última atualização em 25 de fevereiro de 2022 às 12h06.

O dólar americano fechou nesta quarta-feira, 23 de fevereiro, negociado a R$ 5,003. Foi o menor valor registrado desde junho de 2021. No ano, o dólar acumula queda de 10,24%. Para muitos brasileiros, a dúvida que fica é: chegou a hora de comprar dólares pensando na volta das viagens para o exterior ou em um aumento da cotação mais adiante?

Para saber as respostas, é necessário primeiro entender que o desempenho da moeda americana é reflexo de uma série de fatores.

O primeiro é o aumento do juro doméstico. Há duas semanas, o Banco Central elevou a Selic para 10,75% ao ano. A expectativa é que taxa encerre o ano em 12,25%. O juro mais elevado tem o objetivo de ancorar as expectativas de inflação.

Na quarta, foi divulgado o IPCA-15, prévia da inflação oficial, e os números vieram acima do esperado pelo mercado. A notícia foi entendida por analistas como um sinal de que a Selic deve permanecer acima dos 12% ao ano por mais tempo.

A volta do juro à casa dos dígitos tem como um dos reflexos o aumento no fluxo de capital de investidores estrangeiros para o mercado financeiro brasileiro. Com as taxas nos Estados Unidos e na Europa ainda próximas a zero, o chamado diferencial de juro é tão grande que se torna mais atrativo para o estrangeiro voltar a buscar retorno no Brasil.

Somente no mês de fevereiro, os estrangeiros já ingressaram com cerca de R$ 10 bilhões na B3. Isso significa, portanto, mais dólares no mercado, ampliando a oferta da moeda americana.

Outro fator que tem contribuído para a valorização do real é a alta do preço das commodities, como petróleo e minério de ferro, impactando o desempenho de empresas exportadoras como Petrobras (PETR3, PETR4) e Vale (VALE3). Isso também acaba se traduzindo em pressão para baixo da moeda americana.

André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos, afirmou que o real deve continuar a se apreciar contra o dólar diante do cenário atual. “Os motivos que governam a apreciação do real devem continuar, a saber, juros altos por aqui e commodities em alta. Nesse sentido, revisamos a projeção da moeda americana no fim de 2022 de R$ 5,20 para 5,00.” O boletim Focus divulgado na última segunda-feira, dia 21, ainda projeta o dólar a R$ 5,50 em dezembro.

Cristiane Quartaroli, economista da Ourinvest, afirmou que analistas de mercado acreditam que o Federal Reserve, o Fed, o banco central americano, deve aumentar o juro americano em 0,25 ponto percentual, e não mais em 0,5 ponto percentual na reunião de março, como esperado anteriormente. “A diferença de juro entre os países torna o Brasil mais atrativo.” A taxa de juro na economia americana está no intervalo entre zero e 0,25% há dois anos.

Para a economista, o dólar cairá um pouco mais até o fim do ano, mas ela adverte que os próximos meses serão de muitas oscilações nas cotações devido à proximidade das eleições presidenciais. “As eleições geram muita volatilidade no mercado. Com a aproximação do evento e com um cenário mais definido, a incerteza vai reduzindo.”

É hora de comprar?

A queda do dólar é uma boa notícia para quem planeja viajar para o exterior. Ou para quem entende que a moeda americana é uma boa proteção para momentos de volatilidade que podem voltar ao mercado.

No começo do ano, a cotação do dólar turismo estava em R$ 5,823. Nesta quarta-feira, dia 23 de fevereiro, estava em R$ 5,167. Em São Paulo, nas casas de câmbio, o dólar era vendido a R$ 5,24 em papel moeda e a R$ 5,55 no cartão pré-pago. Os valores foram consultados pela EXAME Invest no site MelhorCambio.com perto das 17h desta quarta.

Mas será que é uma boa hora para comprar dólar? Para os especialistas ouvidos pela reportagem, a resposta é sim. Entretanto a quantidade e o momento exato para comprar dependerá da data da viagem.

Stéfano Assis, presidente da MelhorCâmbio, explicou que pessoas que têm uma viagem programada para os próximos 15 dias podem aproveitar o momento favorável e comprar toda a quantidade necessária agora.

Já aqueles que devem viajar nos próximos dois meses ou até o final do ano devem comprar dólares de maneira fracionada, de pouco em pouco. “A ideia dessa prática é reduzir o tíquete médio da compra. O dólar é instável. Não tem como prever a cotação, mesmo com indicadores econômicos. O melhor a fazer é comprar aos poucos.” Ao comprar de maneira espaçada, o viajante compra com diferentes cotações e se protege da variação do câmbio.

Vale lembrar que há cobrança de IOF (Imposto sobre Operações Financeiras) nas transações. Com dinheiro em espécie, a alíquota que incide sobre os valores adquiridos é de 1,10%; no caso do cartão pré-pago, a taxa é de 6,38%.

O cartão pré-pago, embora seja mais seguro do que o dinheiro em espécie por causa da exigência de senha, não tem uso recomendado para todas as compras, uma vez que o IOF cobrado é mais elevado.

Como economizar

Além de comprar dólares aos poucos, outra orientação é pesquisar. Essa prática pode ser feita inicialmente pelo site do Banco Central, com a ferramenta Ranking do VET, que mostra as corretoras de câmbio que praticam o Valor Efetivo Total (VET) mais vantajoso na compra da moeda. O VET é uma taxa que inclui não apenas o custo da moeda estrangeira mas também as tarifas e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) incidentes na conversão.

Há uma ressalva importante: os valores cobrados pelas instituições financeiras no dia da compra de fato da moeda americana podem ser diferentes daqueles praticados no mês de referência da pesquisa. O ranking, portanto, deve ser utilizado apenas como uma sinalização sobre quais casas podem cobrar os menores preços.

Para chegar a uma conclusão mais precisa, é recomendável pesquisar os custos que as corretoras oferecem no dia em que será feita a conversão; e, por fim, checar se a conversão é, de fato, a mais vantajosa em sites de comparação de preços, que mostram as cotações em tempo real. É importante também tomar o cuidado de verificar se todas as corretoras que cobram uma taxa de conversão melhor estão incluídas na listagem.

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