Invest

Depois de um ano intenso de compras, ainda cabe um presente de Natal?

Novas datas do varejo, além das tradicionais, trouxeram promoções agressivas durante todo o ano

Um olho no presente, o outro no boleto: temporada de compras sem fim (AdobeStock/Reprodução)

Um olho no presente, o outro no boleto: temporada de compras sem fim (AdobeStock/Reprodução)

Mitchel Diniz
Mitchel Diniz

Editor de Invest

Publicado em 21 de dezembro de 2025 às 15h06.

Por fim chega a semana da última data do varejo no ano: o Natal. E em 2025 não faltaram ocasiões para o brasileiro ir às compras. O calendário já vinha sendo expandido para diluir a sazonalidade do setor, com semana do consumidor e a já tradicional Black Friday. Mas este ano marcou também a consolidação das datas duplas, com descontos agressivos no e-commerce praticamente todos os meses.

Mas o final do ano tem um apelo extra ao consumo. É época de pagamento de bonificações, do décimo terceiro, do salário adiantado. Com tantas deixas para o consumidor gastar, como será que anda o bolso do brasileiro a essa altura do campeonato?

A julgar pelas previsões de vendas das entidades do varejo, mal não vai. A Confederação Nacional do Comércio de Bens e Serviços espera um crescimento real moderado nas vendas, de 2,1% ano a ano. Se cumprida a previsão, vai ser o suficiente para se chegar ao melhor Natal em 11 anos, com uma marca de R$ 72,7 bilhões.

O curioso é que uma pesquisa encomendada pela 99 Pay com consumidores mostra que a maioria das compras nessa reta final de ano deve ser feita com Pix — ou seja, pagamento majoritariamente à vista. Isso mesmo depois de o e-commerce bater um recorde de mais de R$ 10 bilhões em vendas só no fim de semana da Black Friday, segundo a consultoria Neotrust, apontando para uma temporada intensa de compras antecipadas.

Tanto que Pix bateu recorde de transações e volume movimentado em um único dia, de R$ 179,9 bilhões — justamente na sexta-feira de descontos.

"Fazer compra à vista tem um efeito psicológico muito positivo, que é o de liquidar a compra imediatamente", reconhece o planejador financeiro Andres Montano. "Mas ela só deve ser feita se as pessoas tiverem certeza de que aquele valor vai caber no bolso."

O mês passado inteiro foi marcado por descontos agressivos desde que as varejistas decidiram implementar uma estratégia de Black Month, indo muito além da última sexta-feira de novembro. As vendas do comércio on-line antes do dia D já haviam movimentado quase R$ 30 bilhões, ainda segundo a Neotrust.

"O risco do endividamento existe, sim, porque são muitas datas em sequência", alerta o planejador Raphael Carneiro.

O desemprego no Brasil está no menor nível histórico, como mostram os dados do Ministério do Trabalho. Mas o mapa da inadimplência do Serasa mostra uma outra fotografia: o Brasil tem mais de 80 milhões de CPFs negativados, o que também é um recorde. O número vem crescendo mês a mês por quase um ano agora.

A Selic continua em 15% e, ainda que a inflação tenha desacelerado, continua distante da meta.

"É por isso que o planejamento de gastos no final de ano são tão importantes. Brasileiro, tem que tomar muito cuidado quando extrapolar os gastos e entrar o ano endividado", conclui Montano.

Afinal, como bem observa Carneiro, assim como o final do ano traz renda extra, também traz gasto extra.

"Para quem tem filhos, é época de matrícula, de material escolar. Para quem tem imóveis e carro, tem o IPTU, o IPVA. É preciso equilibrar o que pode ser gasto agora e o que deve ser poupado, pensando no ano que vem", afirma o planejador financeiro.

Acompanhe tudo sobre:NatalVarejoFinanças em dia

Mais de Invest

Petroleira dos EUA insiste na Venezuela — e pode ganhar bilhões com isso

Os EUA têm uma regra para guardar dinheiro — mas funciona no Brasil?

Mega-Sena acumula e prêmio da Virada chega a R$ 1 bilhão; saiba como apostar

Entenda por que empresa de Trump entrou no negócio de fusão nuclear