Minhas Finanças

Corretora coloca robô para aplicar pelo cliente

O modelo é de autoinvestimento, no qual o cliente opera por conta própria e o sistema e fornece as informações e as opções solicitadas


	Bolsa de Valores: Robô escolhe as melhores aplicações para clientes
 (Thinkstock)

Bolsa de Valores: Robô escolhe as melhores aplicações para clientes (Thinkstock)

DR

Da Redação

Publicado em 30 de junho de 2016 às 10h40.

Os robôs estão finalmente chegando para os pequenos investidores brasileiros. Desde a semana passada, a corretora Rico passou a oferecer um serviço que monta uma carteira sugerida com ações e títulos públicos e faz as aplicações pelos clientes.

A corretora fechou uma parceria para representar a Alkanza, uma empresa de robôs-consultores (“robo advisor”) do Vale do Silício criada por um colombiano especialista em matemática e algoritmos financeiros.

A empresa está presente nos EUA, no México, na Colômbia, no Peru e no Panamá e pretende ampliar sua atuação na América Latina.

Lá fora, os robôs gestores já são bastante usados, diz Mônica Saccarelli, responsável pelo home broker da Rico. A Alkanza é o primeiro passo da Rico, que quer ser a corretora das empresas de tecnologia do mercado, as chamadas Fintechs, e das empresas emergentes (start ups), afirma a executiva.

O modelo da Alkanza é de autoinvestimento, no qual o cliente opera por conta própria e o sistema e fornece as informações e as opções solicitadas.

O sistema então faz o gerenciamento automático dos recursos a partir de modelos matemáticos e algoritmos, que eliminam os fatores emocionais que podem prejudicar a estratégia.

O valor inicial de aplicação é de R$ 5 mil e o investidor pode então escolher em um cardápio de objetivos, que incluem economizar, educação, aposentadoria ou a compra da casa própria.

O cliente escolhe também se quer muito ou pouco risco. O modelo então faz uma sugestão de carteira que, se aprovada pelo cliente, é executada pelo sistema via corretora automaticamente.

“É só apertar um botão e o sistema executa”, diz Mônica. O sistema prevê ainda uma revisão automática das estratégias, em 3 ou 6 meses. É possível também fazer várias simulações de acordo com os objetivos do investidor.

Tesouro Direto e ETF

As opções de investimento do sistema, por enquanto, são títulos federais via Tesouro Direto e fundos de índice com cotas negociadas em bolsa, os chamados Exchange Traded Funds (ETF).

Ações individuais ficarão para depois, explica Mônica. A Rico pretende incluir mais adiante também crédito privado, com as Letras de Crédito Imobiliário (LCI) e do Agronegócio (LCA), bem como CDB de bancos.

Segundo Mônica, várias empresas estão criando modelos de montagem de carteiras a partir de modelos matemáticos, mas sem aplicação automática. A diferenciação será também nos resultados da gestão, acredita. “Será preciso criar um histórico de desempenho para ver quais são os melhores sistemas”, diz.

Suitability

No caso da Alkanza, a Rico faz antes a avaliação do cliente, ou seja, o suitability, para ver quais tipos de aplicação são recomendáveis para seu perfil. “Se a carteira não estiver de acordo com o perfil do cliente, o sistema não executa as aplicações”, explica Mônica.

A corretora cobra uma taxa de 0,5% sobre o patrimônio administrado pelo serviço. Atualmente, 5 mil clientes foram convidados a usar o Alkanza, dos quais 15% fizeram a simulação de carteira e 1% executou. “Estamos também ajustando o sistema com as experiências dos usuários”, afirma Mônica.

Otimista ou pessimista?

O sistema dá também dois cenários, um otimista e um pessimista para o investidor avaliar os possíveis impactos na carteira. E ele pode encerrar a aplicação quando quiser. Mas não pode mudar a carteira depois de montada.“É como se fosse uma carteira administrada”, diz.

Mônica diz que Rico é a primeira a levar o sistema completo para o cliente, já que os concorrentes até oferecem a orientação automática, mas não executam as ordens.

“Falta para as corretoras a integração entre os sistemas para permitir essa facilidade, que já é oferecida lá fora por grandes do mercado como a Charlew Schwab e a Fidelity, que estão desenvolvendo seus sistema próprios”, diz.

Além da ajuda para montar a carteira de investimentos, a Rico acompanha outras Fintechs que estão se desenvolvendo depressa, como as que ajudam na organização financeira, as de cartões pré-pagos e de seguros. Essas devem ser as próximas que a corretora quer oferecer para os clientes.

Número de clientes dobra em um ano e meio

A estratégia das Fintechs é uma das que a Rico quer usar para manter o crescimento no segmento de pessoas físicas. A corretora, que surgiu depois que a Link foi comprada pelo suíço UBS, completou neste mês cinco anos em um mercado em que o número de investidores pessoa física na bolsa ficou estagnado em 500 mil cadastros, grande parte dos quais de clientes inativos.

A Rico tinha 12 mil clientes e ganhou mais 80 mil com a fusão com a Caixa Geral de Depósitos há um ano e meio. Hoje, já tem 170 mil clientes, 90 mil ativos, ou seja, que fazem operações ou têm custódia. “Dobramos de tamanho em um ano e meio”, diz Mônica. 

A maior parte da receita da corretora ainda vem de bolsa, mas a renda fixa vem cada vez mais ganhando espaço e já representa quase metade dos ganhos, um reflexo da perda de interesse dos investidores por ações nos últimos anos.

O cenário, porém, mudou neste ano com a recuperação do Ibovespa. “No mês passado, 30% dos novos clientes aplicaram em bolsa, percentual era de menos de 10% nos meses anteriores”, afirma.

O maior crescimento de aplicações continua, porém, em renda fixa, especialmente com Tesouro, LCI e LCA. A corretora ganhou espaço com uma política de isenção de cobrança de tarifas no Tesouro Direto, mas depois passou a cobrar 0,10%, ainda assim uma das taxas mais baixas do mercado.

“Continuamos investindo em pessoas físicas de varejo, aproveitando que outras corretoras estão com outros focos”, diz Mônica. A XP Investimentos, por exemplo, passou a atuar apenas com clientes com mais de R$ 50 mil para aplicar.

Acompanhe tudo sobre:aplicacoes-financeirasCorretorasDinheiroRobôsTesouro Direto

Mais de Minhas Finanças

Mega Millions sorteia R$ 7,5 bilhões nesta sexta; saiba como apostar na loteria americana

Abono salarial 2024: hoje é o último dia para sacar o PIS/Pasep; veja quem tem direito

IPVA 2025: RJ libera tabela de valores-base para veículos; veja calendário de pagamento