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Como se comportar na renegociação de dívidas e limpar o nome

Saiba como se comportar na mesa de negociação para obter condições favoráveis para quitar as dívidas em atraso


	Aperto de mão: para chegar a um acordo favorável a você, não ceda a pressões e imponha limites
 (Stock.xchng)

Aperto de mão: para chegar a um acordo favorável a você, não ceda a pressões e imponha limites (Stock.xchng)

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Da Redação

Publicado em 28 de abril de 2014 às 07h57.

São Paulo – Quem quer começar 2014 com o pé direito pode aproveitar a época para quitar ou renegociar suas <strong><a href="https://exame.com.br/topicos/dividas-pessoais">dívidas</a></strong> em atraso, inclusive participando de um feirão limpa nome. Mas uma vez em contato com o seu credor, você saberia renegociar o débito? Sabe que postura deve ter, como se colocar, o que propor? Veja a seguir oito dicas de ouro para fazer uma boa renegociação de dívida neste fim de ano, seja por e-mail, telefone ou, principalmente, cara a cara:</p>

1 Não ceda a pressões psicológicas

Os credores costumam insistir bastante para que os inadimplentes paguem suas dívidas. E às vezes essa pressão se torna exagerada. Segundo o consultor de finanças pessoais Marcelo Maron, quando as empresas contratam os serviços de escritórios de cobrança de qualidade duvidosa, essas pressões podem envolver até xingamentos e ameaças, por exemplo de retomada de bens e a prisão.

Acontece que, na maioria esmagadora dos casos, inadimplência não é crime, e o devedor não pode ser preso por isso. A penhora de bens também só se aplica a casos muito específicos. “Dívidas comuns no cartão de crédito e no cheque especial não levam à penhora de bens”, diz o especialista.

O único imóvel da família, por exemplo, só pode ser penhorado se tiver sido dado em garantia de um empréstimo (seu próprio financiamento ou um refinanciamento), como fiança em um contrato de aluguel, no caso de dívidas do próprio imóvel (condomínio e IPTU), no caso de atraso no pagamento de pensão alimentícia ou de dívidas com trabalhadores domésticos da própria residência.

O carro também só é penhorado se tiver sido dado em garantia de seu financiamento (alienação fiduciária) ou de um refinanciamento. Outros bens impenhoráveis são o seguro de vida, a pequena propriedade rural trabalhada pela família e a quantia depositada em caderneta de poupança no valor de até 40 salários mínimos.


2 Não demonstre fragilidade

Ainda que você esteja envergonhado, desesperado ou morrendo por dentro, manter-se firme na hora da negociação é importante para não aceitar uma proposta qualquer. Para obter condições favoráveis ao seu bolso, o devedor não deve demonstrar fraqueza, fragilidade ou ansiedade.

“Mesmo que seja verdade, não diga ao credor que você está tendo dificuldade de conseguir emprego por causa da dívida, nem implore ‘pelo amor de Deus’ por alguma coisa”, diz Marcelo Maron, que diz que o endividado deve mostrar que o fato de ter dívidas em atraso não o abala.

3 Vá preparado

Antes de partir para a renegociação, o devedor deve pôr na ponta do lápis todas as dívidas, pedir seus valores atualizados e descobrir a taxa de juros e os eventuais encargos cobrados. É interessante montar o seu próprio plano de pagamento, para oferecer como contraproposta às propostas que lhe forem feitas.

Uma opção é abrir uma brecha mais ou menos permanente no orçamento para definir o valor máximo da parcela. Este será o limite, e ele deve ser sustentável no médio prazo, para que devedor não se veja inadimplente outra vez.

4 Demonstre conhecer o assunto

Informe-se bastante sobre como funciona a sua dívida e a cobrança de juros antes de partir para a negociação. Descubra se há outras taxas cobradas junto com os juros e que encarecem a dívida, como seguros. Entenda o funcionamento do sistema de juros compostos, e se você puder demonstrar um conhecimento técnico maior no ato da renegociação, tanto melhor.

“Se tiver condições, o devedor deve sacar uma calculadora HP 12C do bolso para calcular os juros na frente do seu credor. Ele vai ver como a postura do outro já muda”, orienta Maron. O consultor ressalta que mesmo que a pessoa não entenda nada de matemática financeira, buscar ajuda com alguém de confiança que possa dar auxílio é recomendável. Pode ser um profissional, como um advogado, ou um conhecido mais esclarecido nessa área.

5 Tenha paciência

Marcelo Maron orienta o devedor a não ceder às primeiras propostas feitas pelo credor se elas não forem boas – e provavelmente não serão. É possível que as primeiras ofertas tenham parcelas de valor baixo, mas que o montante total seja muito superior à quantia financiada. “Se a dívida era de 5 mil reais e cresceu para 18 mil reais devido à ação dos juros, não tem sentido pagar mais que o dobro do valor financiado só em juros”, diz Maron.


A maioria das pessoas quer quitar suas dívidas o quanto antes, assim como as instituições financeiras querem receber o mais rápido possível. Mas quanto mais o tempo passa, maiores as chances de se conseguir um bom desconto. Além disso, um devedor preparado pode sempre rebater a proposta do credor com uma contraproposta que de fato lhe seja vantajosa.

Segundo Maron, se a dívida estiver perto de completar cinco anos, o devedor ganha ainda mais força para negociar. Isso ocorre porque, após esse prazo, a dívida prescreve. Isto é, ela não deixa de existir, mas o credor é obrigado a tirar o CPF do devedor dos cadastros de inadimplentes.

6 Imponha limites

Se a proposta do credor passar dos seus limites, não ceda. Você pode acabar inadimplente novamente. Marcelo Maron orienta a levantar da mesa de negociação e ir embora caso o credor insista em cobrar juros abusivos ou apele para pressões psicológicas. “Isso também faz parte do jogo”, lembra o consultor.

7 Se tiver dinheiro para pagar à vista, faça exigências

Ter dinheiro na mão, ainda que não seja o suficiente para quitar a dívida à vista, é uma ferramenta poderosa para conseguir grandes descontos. E o 13º salário pode ser justamente o que você precisava. Maron é contra o uso do 13º para amortizar dívidas com juros abusivos, pois os juros compostos farão o bolo crescer novamente, e de nada vai adiantar. Mas o benefício pode ser usado para forçar um desconto na dívida e quitá-la à vista.

Segundo Maron, é possível exigir pagar apenas a quantia que foi financiada, sem juros, e em alguns casos o credor chega a aceitar menos que o valor do principal. “Isso acontece porque as instituições financeiras já contabilizam aquela dívida não paga como prejuízo. O valor da inadimplência já foi contabilizado no balanço, na provisão de devedores duvidosos”, explica o consultor financeiro.

Como a instituição financeira não está contando com aquele dinheiro, quando o devedor paga, trata-se de lucro, diz Maron. “Pagar apenas o que você pegou emprestado, sem juros, é justo, portanto. Isso pode ocorrer tanto na negociação pessoal quanto pelos contatos via carta ou call center”, explica.

8 Proporcione ao credor uma sensação de perda

Quando o devedor tem dinheiro na mão, ainda que não seja suficiente para quitar a dívida, ele deve propor a quitação com desconto. Se o credor não aceitar, basta endurecer a negociação. Maron cita um exemplo: “Suponha que eu tenha uma dívida de 3.800 reais, e tenho 2.200 reais em mãos. Se o credor não quiser o que eu tenho para oferecer, coloco o dinheiro de volta no bolso e não aceito as condições dele. Isso já causa, para ele, uma sensação de perda”, orienta.

Quem tem mais de uma dívida com mais de um credor pode dizer que vai dar prioridade de pagamento a outro caso o primeiro não aceite a quitação com desconto. De acordo com Maron, aceitar esses termos pode ser mais vantajoso para o credor do que tentar parcelar novamente a dívida, uma vez que no segundo caso continua a haver risco de inadimplência no futuro, e ao aceitar a quitação ele se livra logo do problema.

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