Ratoeira: pagar apenas parte da dívida com 13º salário pode ser uma armadilha frente ao efeito dos juros compostos (Krzysztof Szkurlatowski/SXC)
Da Redação
Publicado em 5 de dezembro de 2013 às 11h01.
São Paulo – Especialistas recomendam que ao menos parte do 13º salário seja destinada ao pagamento das dívidas, mas o consultor de finanças pessoais Marcelo Maron faz ressalvas a esta recomendação. Para ele, usar o benefício de Natal para pagar dívidas pode ser uma armadilha.
“Depende muito do estágio em que está essa dívida. Se você tem uma dívida no cheque especial ou no rotativo do cartão de crédito há pouco tempo, digamos, desde junho, mas seu nome ainda está limpo, você pode usar o dinheiro que entrou a mais para quitar o débito. É esse tipo de dívida que os especialistas recomendam que seja paga com o 13º salário”, explica Maron.
Contudo, se a dívida já estiver mais avançada e num montante alto e se o devedor estiver com o nome sujo e com escritórios de cobrança em seu encalço, Maron recomenda não empregar o 13º salário para pagar o débito. Até porque dificilmente será possível quitá-la apenas com o benefício – e pagar apenas parte dela será desvantajoso.
“Se o devedor apenas diminuir a dívida com o 13º, com o efeito dos juros compostos o montante vai crescer de novo. O sujeito vai perder o benefício dele e não vai adiantar nada. É jogar dinheiro fora”, alerta o especialista.
Nesta situação, a orientação do especialista é renegociar a dívida, nem que para isso seja preciso esperar mais tempo para que a instituição financeira aceite condições melhores. Veja dicas de Marcelo Maron sobre como se comportar para virar a negociação da dívida a seu favor.
“Normalmente, as primeiras propostas do credor para renegociação não costumam ser boas: vêm com valores estratosféricos, divididos em inúmeras parcelas, para dar a impressão de que aquela parcelinha não vai pesar no bolso. Não é aconselhável gastar o 13º salário com juros absurdos”, diz Maron.
Ele recomenda que o devedor espere por propostas melhores, com juros menores ou até sem juros, ou ainda que ele mesmo faça uma contraproposta mais agressiva. Nesse sentido, o 13º pode ser de grande valia. Se o valor se aproximar do valor financiado, é possível propor o pagamento à vista da quantia tomada em empréstimo sem juros. Receber à vista é vantajoso para o credor, uma vez que um refinanciamento ainda encerra risco de inadimplência no futuro.
Segundo Maron, depois de certo tempo, as instituições financeiras param de contar com o pagamento dos devedores atrasados. Então, tudo que entra é lucro. “É por isso que, às vezes, o banco chega a aceitar à vista um valor até menor do que o que foi financiado”, observa.
Marcelo Maron orienta os devedores que estão com o nome sujo a aproveitarem os feirões de negociação de dívidas online e presenciais promovidos pelas entidades que mantêm os cadastros de inadimplentes, como a Serasa Experian e a Boa Vista Serviços. A negociação cara a cara é a mais eficiente para limpar o nome e começar o ano no azul. Mas mesmo os contatos por telefone e carta muitas vezes abrem espaço para contrapropostas.
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