As dívidas e os gastos mais altos, como com IPVA e IPTU devem ter prioridade no orçamento (Stock.xchng)
Da Redação
Publicado em 13 de dezembro de 2012 às 06h00.
São Paulo - Chegar em fevereiro com as contas no azul pode ser tão gratificante quanto aproveitar o final de ano e as férias de janeiro. Apesar da enorme lista de gastos dessa época do ano, com algumas dicas e um bom planejamento é possível começar o ano em paz com as finanças.
Veja a seguir as orientações que podem contribuir para que a sua passagem de ano seja feita com "muito dinheiro no bolso e saúde (financeira) para dar e vender".
1) Priorize as dívidas
Qualquer planejamento financeiro começa pela liquidação das dívidas e assim deve também começar o seu plano de final de ano. Se houver qualquer tipo de débito, esse será o primeiro foco do seu décimo terceiro. As compras de Natal e gastos das férias ficam em segundo plano.
Em primeiro lugar, obviamente, não é racional gastar rios de dinheiro quando se tem dívidas a pagar. E como as dívidas têm juros - e em alguns casos eles são altíssimos -, pagar os débitos quase sempre será mais vantajoso financeiramente. Isso porque, na maioria dos casos, os juros das dívidas serão maiores do que possíveis rendimentos e descontos. Isto é, de nada adianta rolar uma dívida e pagar 10% de juros para conseguir pagar um produto à vista e obter um desconto de 5% ou para investir o dinheiro e conseguir menos de 0,5% de rendimento (que seria uma rentabilidade que se aproxima à da poupança).
2) Planeje os gastos obrigatórios e mais pesados
É final de ano, clima de festa, mas inevitavelmente janeiro chega e os típicos gastos do início do ano também. Portanto, depois de quitar eventuais dívidas, deve-se reservar parte do orçamento para os pagamentos que não têm escapatória, como o IPVA, o IPTU, as matrículas, os materiais e os uniformes escolares.
Como estes gastos costumam ser mais pesados, se eles não forem planejados provavelmente vão estourar o seu orçamento. Por isso, é preferível maneirar nos presentes de Natal do que ter que se endividar para fechar as contas de janeiro. E além disso, o pagamento de impostos e de outros gastos mais volumosos, quando são feitos à vista podem gerar bons descontos, que via de regra vão gerar mais ganhos do que boa parte dos investimentos.
3) Monte uma planilha de gastos
O planejador financeiro da consultoria Dinheirama, Conrado Navarro, afirma que um dos principais erros em relação aos orçamento do final de ano é não listar todos os gastos. “Parece uma coisa chata, que não combina com as festividades, mas se você não faz uma lista, com certeza vai faltar dinheiro porque nós sempre esquecemos alguns dos gastos”, explica.
Ele sugere então que em uma planilha sejam listados todos os gastos previstos, até mesmo os menos significantes. Dividir esses gastos em grupos pode ajudar a evitar que alguns deles sejam esquecidos.
Como sugestão, um dos grupos pode ser destinado às compras de Natal e nele podem ser listados todos os amigos e parentes que devem ser presenteados; em outro grupo ficariam os gastos relacionados a eventos, como as ceias e festas de final de ano, que podem incluir bebidas, comidas e decoração; em outro grupo os gastos com viagens; e no quarto grupo ainda seriam incluídos os gastos de janeiro e de dezembro, com IPTU, IPVA, pagamento do décimo terceiro de empregados domésticos, as tradicionais “caixinhas de final de ano”, matrículas e materiais escolares.
Além dessa planilha com os gastos apenas relacionados às férias, ao Natal e ao início do ano, se o consumidor ainda não tiver uma planilha das despesas mensais convencionais ele deve fazê-la, descriminando todas as suas receitas e as despesas.
Assim, sabendo quais são os gastos indispensáveis é possível estimar se será possível gastar mais ou menos com as despesas de Natal e férias, que são as mais maleáveis. “Com essa organização é possível definir alguns limites de gastos, alguns valores máximos para gastar com presentes e mesmo cortar alguns custos que estavam previstos, mas não cabem no orçamento”, afirma Navarro.
4) Corte gastos onde for possível
Um pouco de organização e boas ideias também podem contribuir para que o orçamento tenha alguma folga, ou que ao menos não extrapole.
O autor do livro "Livre-se das Dívidas", Reinaldo Domingos, afirma que em relação aos presentes a primeira dica é comprar o que a pessoa presenteada realmente precisa. “Se você não tem consciência do que irá agregar ou não valor à pessoa, você pode acabar gastando mais dinheiro. Perguntando para alguém que conhece bem essa pessoa e do que ela precisa, você pode encontrar algo que ela vai gostar por um valor mais adequado”, afirma.
A segunda dica do autor é pesquisar preços na internet para se ter uma ideia de onde o produto a ser comprado está à venda pelo menor valor. Além de pesquisar, ele também lembra que fazer a compra com calma pode evitar gastos desnecessários. “Com mais tempo é possível encontrar melhores preços e fazer uma melhor negociação com o vendedor. Além de evitar que seja preciso gastar mais dinheiro por falta de opção na última hora”, diz.
Uma outra recomendação de Domingos é deixar para comprar os presentes em janeiro. Apesar de algumas famílias rejeitarem a ideia, fazendo isso, alguns presentes que não poderiam ser comprados antes passam a ser acessíveis. E para não perder o clima de Natal, o autor sugere que sejam dados vale presentes simbólicos, que mostrem que o presente será dado, mas não exatamente naquele momento.
5) As melhores formas de pagamento
O pagamento à vista é sempre o mais recomendado por especialistas. Além de ser a escolha financeiramente mais saudável, por evitar que os gastos sejam postergados, pode gerar bons descontos.
Caso não seja possível realizar o pagamento à vista, fazer o parcelamento direto com os cobradores pode ser a melhor opção. Isso porque em alguns casos, como do pagamento do IPTU e do IPVA, não são cobrados juros. Agências de turismo e lojas de material escolar também costumam permitir que o pagamento seja parcelado. E ainda que o parcelamento nessas lojas não seja intrinsecamente isento de juros (pois é possível pedir desconto para pagar à vista), eles costumam ser mais baratos do que os empréstimos em bancos.
Se o gasto for realmente imprescindível e não houver condições de pagá-lo à vista ou em parcelas sem juros ou com juros baixos, a última opção seria então a realização de um empréstimo. Nesse caso, o crédito consignado será a opção mais vantajosa pois esse tipo de empréstimo possui os juros mais baixos do mercado.
Se não for possível contratar o crédito consignado, a próxima opção são as linhas de crédito oferecidas pelos bancos especialmente para gastos de final de ano. Elas podem ter juros menores do que os de empréstimos pessoais. Se o seu banco não tiver uma linha de crédito especial de final de ano, então o empréstimo pessoal será a próxima alternativa. E as piores linhas de crédito são o cheque especial e o rotativo do cartão de crédito, que possuem os juros mais altos do mercado, algumas vezes superiores a 10% ao mês.