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A picanha vai ficar mais cara? Preço do gado dispara 54% e atinge recorde

Preço que as indústrias processadoras pagam pelo gado subiu 10% só neste ano, em razão da redução da oferta no campo; demanda chinesa pressiona o valor

Picanha é eleita o melhor prato do mundo. (./Divulgação)

Picanha é eleita o melhor prato do mundo. (./Divulgação)

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Bloomberg

Publicado em 5 de fevereiro de 2021 às 18h22.

Última atualização em 5 de fevereiro de 2021 às 19h00.

Os custos com a compra de gado no Brasil, maior exportador mundial de carne bovina, atingiram níveis recordes, encolhendo as margens dos frigoríficos.

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O preço que as indústrias processadoras pagam pelo gado ultrapassou 300 reais, uma alta de 10% neste ano, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), ligado à Universidade de São Paulo (USP). Em 12 meses, o valor do boi gordo subiu 54%.

Pecuaristas têm reduzido o envio de fêmeas para abate, retendo-as para reprodução diante dos preços recordes dos bezerros. A menor oferta de animais para abate, aliada ao aumento da demanda por carne bovina na China, tem obrigado frigoríficos a pagar mais pelo gado.

Em 2020, o abate de bovinos do Brasil caiu 8% em relação ao ano anterior, segundo César de Castro Alves, consultor de agronegócio do Itaú BBA.

“A oferta de gado está muito apertada” e frigoríficos do Mato Grosso, principal estado produtor, trabalham com suprimentos equivalentes a apenas quatro dias de processamento, quase metade do ano anterior, disse.

O aumento das despesas com gado reduz as margens das processadoras de carne, que não têm conseguido repassar integralmente os custos mais elevados aos consumidores domésticos e para clientes no exterior, disse Alves.

O custo do gado no Brasil é o mais alto da América do Sul, dando vantagem competitiva aos rivais. Nos Estados Unidos, os preços do milho na maior cotação em sete anos elevaram os custos da ração. No Brasil, a maioria dos animais é alimentada a pasto, o que costuma ser uma vantagem em relação aos países que usam o sistema de confinamento.

A atual escassez de animais vai se transformar em maior oferta nos próximos dois a três anos, disse Lygia Pimentel, diretora-presidente da consultoria Agrifatto. “O aumento da oferta de bezerros reduzirá os preços, o que tornará menos atrativo manter as fêmeas nas pastagens.”

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