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Por que Wall Street teve seu melhor mês desde 1976, mesmo com derrocada das Big Techs

Os resultados trimestrais das empresas de tecnologia foram péssimos, e a política monetária do Fed não ajudou, porém o mercado manteve o otimismo

Estatua do Touro da frente da Bolsa de NY - NYSE (Leandro Fonseca/Exame)
CC

Carlo Cauti

Publicado em 31 de outubro de 2022 às 18h56.

Outubro de 2020 será um mês que permanecerá na memória dos investidores americanos, pois Wall Street registrou seu melhor desempenho em 30 dias desde 1976.

No mês, o índice Dow Jones subiu 14,1%, o S&P 500 ganhou 8,2% e o Nasdaq um mais modesto 4,3%. Um resultado importante, considerando que essa retomada veio com a economia desacelerando, a inflação continuando a subir, as contas trimestrais das Big Techs longe de serem positivas e o Federal Reserve (Fed) que já deixou claro que vai aumentar as taxas de juros de 75 pontos base.

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A pergunta que muitos analistas se fazem é de onde surge tanta euforia nos mercados financeiros. Uma das explicações para um outubro tão positivo é que desde o começo do ano as Bolsas de Valores registraram fortes quedas. O Dow Jones recuou 9,8% desde janeiro, o Nasdaq 30,60% e o S&P 500 19,28%. Por isso, uma recuperação poderia ter sido fisiológica.

Mas existem outras razões que justificam esta recuperação. E está ligada justamente aos Bancos Centrais e às contas trimestrais, ou seja, os dois grandes protagonistas de outubro.

Wall Street aguarda uma redução do aperto monetário

Existem várias indicações que convenceram o mercado que os Bancos Centrais estão prestes a desacelerar a velocidade do aperto monetário. A razão é que estão começando a aparecer múltiplos alertas sobre os riscos para a estabilidade monetária: se as taxas subirem muito, não haverá mais apenas um problema de recessão, mas também um crack financeiro global. Por esta razão, os Bancos Centrais poderiam (ou melhor, deveriam) desacelerar em breve os apertos monetários.

O primeiro a dar sinais nessa direção foi o Banco do Canadá, que nos últimos dias surpreendeu os mercados ao aumentar as taxas de juros em "apenas" 50 pontos base e não em 75 como esperado. O Banco Central Europeu (BCE) também deu a entender o mesmo. Na quinta-feira passada elevou as taxas em 75 pontos base e reiterou que virão novos apertos, mas também fez algumas pequenas alterações no comunicado de imprensa a partir do qual os mercados intuíram uma possível desaceleração na marcha das altas.

Nos próximos dias será a vez do Federal Reserve. Todavia, de acordo com várias declarações de alguns funcionários do Banco Central dos EUA nas últimas semanas, o mercado espera que esta seja a última vez que os juros subam 75 pontos base. A política monetária americana vai continuar restritiva, porém com menos intensidade.

Por isso, se no início do mês o mercado estava convencido de que o Fed levaria as taxas para um pico de 5% em 2023 e o BCE para 3-3,25%, agora as expectativas são um pouco reduzidas, e passaram para 4,75% para o Fed e 2,75% para o BCE. Outros apertos virão, mas menos do que o esperado. Menos do que os investidores temiam. E isso se tornou o primeiro alívio para os mercados.

Resultados trimestrais também ajudaram o mercado financeiro

O segundo motivo que explica a alta de outubro está relacionado aos resultados trimestrais. Os números foram péssimos para as Big Techs, que de fato afundaram no mercado de ações e queimaram US$ 3 trilhões em capitalização desde o início do ano. Todavia, também é verdade que, em geral, os balanços trimestrais publicados nos EUA até o momento não foram tão terríveis.

Até o momento, as empresas de Wall Street que já divulgaram seus números do último trimestre registraram um crescimento médio de lucro de 2,3%. Um sinal de que a desaceleração econômica está aparecendo. Mas não tanto assim. Pelo menos por enquanto. E, de qualquer forma, quanto mais as contas e a economia desacelerarem, mais incentivo o Fed terá para desacelerar o ritmo do aperto monetário. Cenário positivo para os investidores, que aumentam seu apetite para risco.

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