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Solana Capital alerta para correção com redução de balanço do Fed

Cláudio Delbrueck, sócio e gestor do fundo multimercado long short eleito o melhor de 2021 pela EXAME, conta as oportunidades e os riscos que enxerga no mercado

Cláudio Delbrueck, sócio e gestor da Solana Capital: fundo Solana Long and Short FIC FIM foi eleito o melhor de sua categoria pela EXAME no Melhores do Mercado (Leandro Fonseca/Exame)

Cláudio Delbrueck, sócio e gestor da Solana Capital: fundo Solana Long and Short FIC FIM foi eleito o melhor de sua categoria pela EXAME no Melhores do Mercado (Leandro Fonseca/Exame)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 30 de março de 2022 às 07h10.

Última atualização em 30 de março de 2022 às 07h57.

O aperto da políticas monetária do Federal Reserve (Fed) e seus efeitos sobre a economia global têm sido um dos principais temas dos mercados neste início de ano.

Depois da primeira elevação de juros nos Estados Unidos desde 2018, no começo deste mês de março, investidores esperam agora pela redução do balanço patrimonial do Fed, processo que irá retirar ainda mais dinheiro da economia com o objetivo de combater a inflação americana. O movimento, esperado para este semestre, representa um grande risco para as bolsas de valores, segundo Cláudio Delbrueck, sócio e gestor da Solana Capital.

"Acreditamos que o excesso de liquidez [injetada pelos principais bancos centrais do mundo] ainda se reflete no preço de determinados ativos e, à medida que o Fed inicie uma redução no seu balanço, haverá correção de preços" afirmou Delbrueck em entrevista à EXAME Invest. "Estamos mais cautelosos para os próximos meses."

A esperada queda de preços, porém, pode ser uma oportunidade para um dos principais fundos geridos por Delbrueck, o Solana Long and Short FIC FIM, que foi eleito o melhor fundo multimercado long short & equity hedge de 2021 na premiação Melhores de Mercado, da EXAME, a mais tradicional da indústria de fundos do país. 

Por apostar tanto na queda quanto na alta de ativos, o fundo não depende do bom humor do mercado para obter retornos significativos. Em 2021, a rentabilidade foi positiva em 9,51%, contra a queda de 11,9% do Ibovespa.

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Confira a entrevista com Cláudio Delbrueck, sócio e gestor da Solana.

Como a recente valorização de commodities, especialmente as energéticas, têm influenciado as posições do fundo neste ano? 

Nós já vínhamos posicionados no setor de energia por entender que a busca global por uma matriz energética mais limpa resultou em uma queda nos investimentos -- e na concessão de crédito -- para a indústria petrolífera. No entanto a transição para essa energia mais limpa deve levar anos, se não décadas, e, nesse período, o preço do barril de petróleo deve permanecer elevado em razão da alta demanda frente a uma oferta mais restrita.

O fato de a Rússia, país importante na exportação global de gás e petróleo, se envolver em uma guerra exacerbou esse cenário. Continuamos acreditando que essa indústria apresenta uma boa oportunidade de investimento no médio e longo prazos.

A inflação e as expectativas de aperto monetário em economias desenvolvidas têm alterado o comportamento do fundo?

Em termos de processo de investimento, não, mas, em relação ao cenário macro, sim. Vemos um risco grande à frente de desaceleração da economia global, que, aliada à recente aceleração da inflação, se configura em um cenário bastante desafiador para o mercado acionário.

Acreditamos que o excesso de liquidez (injetada pelos principais bancos centrais do mundo) ainda se reflete no preço de determinados ativos e, à medida que o Fed inicie uma redução no seu balanço, haverá correção de preços. Resumindo, estamos mais cautelosos para os próximos meses.

Quais estratégias tiveram maior contribuição para o desempenho do fundo em 2021? 

As estratégias de maior sucesso ao longo de 2021 foram: Braskem x Ibovespa Futuro, CSN x Ibovespa Futuro, Direcional x Tenda, Grupo GPS x Ibovespa Futuro e Méliuz x Boa Vista.

O market timing foi fundamental em 2021. Acertamos o bom momento do setor de mineração e siderurgia no primeiro semestre do ano e conseguimos identificar a desaceleração na economia chinesa que resultou em um ambiente desfavorável para esse mesmo setor no segundo semestre do ano. Além disso, ganhamos em estratégias fundamentalistas como Direcional x Tenda e Méliuz x Boa Vista.

É importante destacar que obtivemos retornos positivos em todas “caixas” de alocação de risco do fundo no ano passado. Em termos de relevância, a melhor delas foi a de estratégias intersetoriais (pares entre diferentes setores ou contra o Ibovespa Futuro); em seguida veio a intrasetorial (pares entre empresas do mesmo setor) e, por fim, a intracompany (pares do tipo ordinária contra preferencial ou holding contra operadora do mesmo grupo econômico).

Como funcionam os processos de decisão de investimento da Solana Capital? Há maior propensão, por exemplo, a exposições intrasetoriais do que intersetoriais? 

Entendemos que nesse tipo de produto o processo de investimento tem de ser ágil e dinâmico, ao contrário de fundos de ações concentrados em que se aposta na valorização no longo prazo de uma tese de investimentos, quando o valor da ação deveria convergir para seus fundamentos.

O investidor de um fundo long & short tende a olhar janelas mais curtas. Em razão dessa característica, estamos constantemente revendo nossas posições à luz das notícias diárias que afetam as empresas. Nosso processo leva em consideração tanto o cenário macroeconômico internacional como o doméstico e, principalmente, a dinâmica microeconômica das empresas e dos setores investidos.

A maior ou menor exposição intra ou intersetorial depende do grau de convicção dos cenários traçados. Em um ambiente menos volátil, é mais factível tomar mais risco e aumentar a exposição. Já na iminência de fatores binários, como uma eleição para presidente da República, por exemplo, tendemos a reduzir o risco.

Um bom exemplo foi a eleição de 2014. A dúvida sobre quem ganharia no segundo turno fez com que praticamente zerássemos nossas posições intersetoriais. Uma vez definida a eleição, voltamos a aumentar o risco nessa caixa levando em consideração o resultado. Em 2018 foi diferente, já que o primeiro turno praticamente sacramentou o resultado da eleição.

Já a exposição intrasetorial depende primordialmente do número de oportunidades que identificamos dentro de cada setor. Há períodos em que o mercado está mais distorcido e identificamos mais oportunidades, já em outros momentos o mercado parece mais próximo do justo e, consequentemente, o risco nessa caixa fica mais reduzido.

Durante um período do ano passado, o fundo assumiu posição comprada relevante em Bradespar e vendida em Vale. O senhor poderia comentar a estratégia?

Esse tipo de operação é comum quando identificamos que uma empresa holding (no caso a Bradespar) está negociando com um desconto expressivo em relação aos ativos que ela detém (nesse caso, as ações da Vale).

É uma estratégia de médio/longo prazos pois não há como saber quando esse desconto irá fechar, porém de risco baixo pois não há exposição setorial ou a fatores microeconômicos. No caso desse par específico, a redução de capital anunciada pela Bradespar resultou no aumento desse desconto.

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