Shutdown evitado nos EUA, pronunciamento de Lula e Focus: o que move o mercado
Em semana esvaziada em todo o mundo pelo feriado de Natal, investidores reagem aos sinais positivos de sexta-feira, como o vídeo do presidente falando em automia do BC; em Tóquio, Honda e Nissan confirmam conversas
Repórter Exame IN
Publicado em 23 de dezembro de 2024 às 07h49.
Última atualização em 23 de dezembro de 2024 às 08h03.
Com um acordo no Congresso dos Estados Unidos para evitar a paralisação do governo (“shutdown”), os mercados iniciam a semana com expectativas mais otimistas.
O entendimento rejeitou as exigências do ex-presidente Donald Trump de um aumento no teto da dívida até 2025, confirmando as expectativas que surgiam na última sexta-feira. Essa decisão trouxe alívio para investidores e ajudou no desempenho dos mercados asiáticos e europeus nesta segunda-feira, 23.
No Brasil, os próximos dias devem ser marcados por liquidez reduzida devido ao feriado de Natal. A B3, Bolsa de Valores brasileira, não opera na véspera de Natal (amanhã) e a agenda local conta com poucas divulgações, como o Boletim Focus e a Nota do setor externo de novembro nesta segunda-feira, além dos indicadores IPCA-15 e Caged de novembro na sexta-feira, 27.
Após a repercussão positiva do compromisso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a autonomia do Banco Central, o mercado espera um ambiente mais tranquilo. Lula também deve fazer um pronunciamento à Nação na noite de Natal para balanço do ano de seu governo.
Compromisso com autonomia do Banco Central
Ainda na sexta-feira, Lula gravou um vídeo ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, reforçando a autonomia do BC. O presidente declarou apoio incondicional a Galípolo, afirmando que ele terá “carta branca” para conduzir a política monetária do país.
Essa declaração foi bem recebida pelo mercado, que agora deposita esperanças em medidas fiscais que possam reduzir a pressão sobre a política monetária.
Mercados asiáticos em alta, exceto China
No fechamento desta segunda-feira, os principais índices asiáticos encerraram em alta, impulsionados pelo acordo para evitar o “shutdown” nos EUA e pela divulgação de dados de inflação abaixo do esperado nos Estados Unidos, que já haviam levado as bolsas de Nova York a fecharem em alta na sexta-feira. O mercado chinês, no entanto, seguiu em direção contrária.
- Tóquio — Nikkei: +1,19%
- Hong Kong — Hang Seng: +0,82%
- Coreia — Kospi: +1,57%
- Taiwan — Taiex: +2,64%
- China — Xangai: -0,50%
- China — Shenzhen: -2,29%
No Japão, o setor automotivo ganhou destaque com o anúncio de que Honda e Nissan estão em conversas para um possível acordo que pode envolver também a Mitsubishi. O movimento foi suficiente para impulsionar as ações dessas empresas em Tóquio.
Europa: atenção à inflação e discurso de Lagarde
As bolsas europeias operam sem direção única nesta segunda-feira, com negociações moderadas antes do feriado de Natal. Os investidores analisam os comentários de Christine Lagarde, presidente do Banco Central Europeu (BCE), que afirmou que a inflação na zona do euro está muito próxima da meta de 2%, mas reforçou a necessidade de cautela. Segundo Lagarde, a inflação de serviços, atualmente em 3,9%, ainda é motivo de preocupação.
Na Grã-Bretanha, dados do PIB mostraram estagnação econômica durante os primeiros meses do governo de Keir Starmer, enquanto na Espanha o resultado veio dentro do esperado. Confira os índices europeus:
- Londres — FTSE100: +0,09%
- Frankfurt — DAX: -0,09%
- Paris — CAC 40: +0,05%
- Madrid — Ibex 35: -0,08%
- Europa — Stoxx 600: +0,31%