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Principais fundos multimercados do Brasil cortam aposta em commodities

Gestores tem repensado suas apostas em um cenário de dos juros mais altos e ficam atentos a uma possível recessão

Pensando em performance, o primeiro semestre foi o melhor para os fundos multimercado desde 2015 (da-kuk/Getty Images)
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Bloomberg

Publicado em 14 de julho de 2022 às 19h37.

Os principais fundos multimercado do Brasil reduziram suas apostas em commodities, à medida que os crescentes temores de uma recessão global esfriaram o forte rali do primeiro semestre do ano.

A Legacy Capital disse que diminuiu o risco de seu principal fundo em junho, especialmente no mercado de commodities, devido a chances maiores de movimentos “bruscos” das autoridades monetárias na busca do controle da inflação. A Ibiuna Investimentos, que tem mais de R$ 30 bilhões sob gestão, encerrou uma aposta que ganhava com a alta nos preços do petróleo.

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Os investidores estão cada vez mais preocupados com o impacto dos juros mais altos sobre as expectativas de crescimento econômico em vez de focar exclusivamente nos dados de inflação, dinâmica que “aponta para um ambiente hostil para ativos de risco no terceiro trimestre, exigindo maior proteção às carteiras”, disse a Ibiuna em carta a cotistas.

O barril de petróleo do tipo WTI, negociado em Nova York, caiu 21% desde o pico recente alcançado no mês passado, com o aumento dos casos de Covid-19 na China e a volatilidade no mercado global ofuscando a perspectiva de oferta apertada. Analistas do Citi alertaram que o WTI pode cair para US$ 65 o barril até o fim do ano em um cenário de recessão.

A Kapitalo Investimentos, que foi cofundada por Carlos Woelz em 2009, disse que seus fundos Kappa e Zeta reorganizaram as apostas nos preços de commodities no mês passado. Eles abriram posição vendida em zinco e milho, impulsionaram as apostas de alta do cobre e também diminuíram posições compradas em petróleo e trigo.

Apesar do décimo mês seguido de resgates líquidos para a indústria, o primeiro semestre foi o melhor para os multimercados desde 2015 em termos de performance, com um ganho de 8,3% no período para uma cesta de fundos.

A alta foi liderada por ganhos da SPX Capital, cujo fundo Raptor registrou retorno de 41% no período, nos melhores primeiros seis meses do ano da sua história. Já o fundo Verde, carro-chefe da casa de Luis Stuhlberger, perdeu 1,86% em junho, penalizado por perdas em bolsa local.

Veja o que alguns dos principais fundos multimercado do Brasil disseram em suas cartas mensais de junho:

Absolute

Fundo está com risco reduzido, com uma posição “diminuta” em bolsas. Posições direcionais tomadas em juros foram zeradas à medida em que mercados passaram por correções.

Adam Capital

Fundos estão comprados em bolsa e títulos indexados à inflação no Brasil, neutros em bolsa nos EUA. Novos patamares de commodities e bolsas apontam para o início de uma desaceleração da atividade econômica.

Bahia Asset Management

O próximo presidente enfrentará dificuldades para tentar cortar gastos adicionais, o que deve levar a mais inflação e juros mais altos. O fundo tem posição líquida vendida em ações dos EUA, enquanto também está comprado em moedas de commodities contra o euro e a libra esterlina.

Genoa Capital

Gestora abriu posição comprada em dólar contra o real, reduziu apostas tomadas e aumentou apostas em inclinações na parcela curta da curva de juros. As apostas em achatamento da curva e taxas de inflação implícita mais altas foram encerradas.

Ibiuna Investimentos

Esforços do governo e do Congresso para cortar impostos e reduzir preços dos combustíveis adicionaram incerteza relevante às estimativas de inflação. Fatores macroeconômicos globais, juntamente com as preocupações fiscais do Brasil e o ruído político, justificam postura cautelosa.

Kapitalo Investimentos

O fundo abriu posições vendidas em milho e zinco, intensificou as apostas de alta do cobre e da soja e cortou posições otimistas em petróleo e trigo. Kapitalo também construiu uma posição que ganha com juros menores no Brasil e no México.

Legacy Capital

O Banco Central deve encerrar seu ciclo de alta com a taxa Selic em 13,50% ou 13,75% e manter o juro básico nesse nível por longo tempo. As perspectivas de recessão global e inflação alta tornam o cenário mais perigoso e volátil.

SPX Capital

Bancos centrais precisarão continuar apertando a política monetária daqui para frente e há oportunidade para tomar juros em alguns mercados emergentes.

Verde Asset Management

Gestora reduziu marginalmente suas posições no mercado acionário brasileiro, enquanto retomou as apostas em ações globais.

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