Powell: novos cortes de juros não são garantidos (Yasin Ozturk/Anadolu/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 10 de dezembro de 2025 às 17h41.
O Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) reduziu os juros da economia dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, levando a taxa de juros americana para faixa de 3,5% a 3,75% ao ano, conforme o esperado pelo mercado. A decisão não foi unânime, dois dos dirigentes votaram pela manutenção das taxas, em dissidência à maioria do comitê, que optou pelo corte. Stephen Miran, indicado por Trump, votou por uma redução de 0,5 ponto percentual.
Durante coletiva de imprensa após a decisão, o presidente Jerome Powell afirmou que o Fed está bem posicionado para "esperar e ver como a economia evolui" nos próximos meses e observou que a autoridade monetária permanece preparada para avaliar ajustes adicionais na política, caso necessário.
Segundo Powell, a taxa de juros dos fundos federais já se encontra dentro de uma ampla faixa de estimativas de valor neutro após reduções de 0,75 ponto percentual desde setembro e de 1,75 ponto percentual desde o mesmo período do ano passado, o que reforça o espaço para acompanhar com cautela os desdobramentos da economia.
Powell também afirmou que os efeitos dos cortes nas taxas de juros estão apenas começando a aparecer na economia, o que exige cautela na leitura dos próximos indicadores. Segundo ele, será necessário avaliar com cuidado os dados da pesquisa domiciliar, já que parte das informações pode estar distorcida pela interrupção na coleta em outubro e em metade de novembro.
O presidente do Fed explicou que o Comitê acompanhará de perto esses números, lembrando que havia ceticismo em relação aos altos índices divulgados anteriormente e que uma análise criteriosa é essencial para entender a real trajetória do mercado de trabalho e da inflação. Ele destacou que, tanto no caso do CPI quanto da pesquisa domiciliar, alguns movimentos recentes podem estar influenciados por fatores técnicos, o que reforça a necessidade de observar tendências mais amplas e não apenas leituras pontuais.
Powell reconheceu que há divergências dentro e fora do Comitê sobre o ritmo adequado de flexibilização monetária. Segundo ele, algumas pessoas acham que o Fed deveria cortar os juros mais uma vez ou até além disso, enquanto outras defendem que o banco central deveria parar neste ponto e esperar para avaliar melhor os próximos dados.
Powell observou que, apesar das diferenças, existe um núcleo de consenso. Ele afirmou que todos os integrantes do FOMC concordam que a inflação ainda está muito alta e precisa recuar e também concordam que o mercado de trabalho enfraqueceu e que os riscos aumentaram.
O presidente do Fed destacou que a decisão desta reunião reflete esse equilíbrio delicado. Ele lembrou que nove dos doze membros apoiaram o corte, o que classificou como um apoio amplo, embora não unânime. Segundo Powell, o cenário atual é diferente das situações em que o Comitê concorda integralmente sobre a direção da política monetária e sobre os próximos passos.
O comportamento dos juros futuros mostra que o mercado mantém a leitura de cautela do Fed. As projeções indicam probabilidade de 78% de pausa na próxima reunião de janeiro. Os dados da LSEG apontam que investidores veem a taxa básica americana em torno de 3,1% no fim de 2026, praticamente inalterada em relação ao nível precificado antes do corte anunciado nesta quarta-feira.