Pastore: o economista chamou o presidente do Fed de fraco (Marcos Oliveira/Agência Senado/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 23 de junho de 2023 às 15h06.
Última atualização em 23 de junho de 2023 às 15h07.
O ex-presidente do Banco Central (BC), sócio da AC Pastore & Associados, Affonso Celso Pastore, admitiu durante o IX Seminário Anual de Política Monetária, promovido pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV IBRE) que reagiu "muito mal" à paralisação do ciclo de aumentos da taxa de juro norte-americana pelo Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos).
O tamanho da indignação demonstrada por Pastore à decisão do Fed de interromper o ciclo de alta dos Fed Funds pôde ser medida pela intensidade da crítica que ele dirigiu ao presidente da autoridade monetária norte-americana, Jerome Powell, a quem chamou de "fraco".
"O Powell foi fraco na condução do Fed. Se tivesse o Paul Volcker, na presidência do Fed, o juro teria subido", disse Pastore ao se referir ao ex-presidente do Fed, morto aos 92 anos de idade em dezembro de 2019. Volcker se notabilizou por ter elevado fortemente os juros americanos após o segundo choque do petróleo, em 1979, o que levou países latino-americanos, como Brasil e México, à crise da dívida e consequentemente à moratória.
Pastore disse ainda acreditar que o Fed retomará a sua política de aumento de juro diante do aumento da inflação e de um mercado de trabalho que permanece aquecido.
Ainda sobre a política monetária norte-americana, o chefe do Centro de Estudos Monetário do FGV/Ibre, José Júlio Senna, também disse ter dificuldades para compreender a razão de o Fed não ter sinalizado com mais ênfase mais duas altas de juro pela frente. Por conta de uma inflação alta para os padrões norte-americanos e por conta de um mercado de trabalho aquecido, em pleno emprego, Senna disse achar que mais duas altas na taxa de juro nos Estados Unidos seriam razoáveis.
Para Senna, o Fed não terá como escapar de uma retomada das altas de seu juro básico ainda que isso leve a economia dos EUA à recessão, com impactos na economia global. "Acho difícil o Fed trazer inflação para meta sem causar recessão. Ele vai retomar altas de juro e o efeito recessivo aparecerá", disse Senna.
O diretor do BTG Pactual, Eduardo Loyo, concordou com José Júlio Senna e completou que "a ideia de que o Fed reduzirá inflação de forma indolor é uma coisa mítica". Segundo ele, é preciso sacrifício sim e o Federal Reserve terá que retomar alta de juro.