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Petrobras, PetroRio ou 3R: qual a melhor ação com a alta do petróleo?

Analistas avaliam se as ações da Petrobras, em meio a persistentes riscos de interferência política, estão atrativas em relação às petroleiras privadas

Equipamento de extração de petróleo | Foto: Daniel Acker/Bloomberg (Daniel Acker/Bloomberg)

Equipamento de extração de petróleo | Foto: Daniel Acker/Bloomberg (Daniel Acker/Bloomberg)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 29 de setembro de 2021 às 06h00.

Última atualização em 29 de setembro de 2021 às 10h00.

A expectativa de que o fim da pandemia eleve o nível da atividade econômica global tem impulsionado o preço do petróleo, que atingiu o maior patamar desde 2018 na terça-feira, dia 28, rompendo a marca de 80 dólares o barril. No ano, a commodity já supera 50% de alta.

Este momento, porém, pode não ser ainda o pico. Aumentam no mercado as projeções de que o petróleo alcance preços ainda mais altos: o barril poderá chegar a 90 dólares, segundo projeção recente de analistas do Goldman Sachs

A valorização tem puxado as ações de petroleiras no mundo todo. Mas, no Brasil, o impacto nas ações das três principais empresas do setor tem sido bem distinto. Enquanto a Petrobras (PETR3/PETR4) não está pegando carona no rali do petróleo e acumula perdas no ano, a PetroRio (PRIO3) disparou mais de 70%. A 3R Petroleum (RRRP3) tem leve alta no período, após ter disparado quase 80% nos primeiros meses desde sua listagem na B3, em novembro de 2020. 

A maior das companhias brasileiras no setor de óleo & gás, a Petrobras, tem executado suas estratégias de desinvestimento de áreas consideradas não prioritárias para focar na produção do pré-sal, de onde consegue extrair petróleo a custos relativamente baixos. Embora tenha demonstrado eficiência em suas operações, que resultam em lucros recordes e mais de 30 bilhões de reais em dividendos, a estatal sofre uma crise de credibilidade no mercado. 

Os efeitos dessa crise reapareceram no início desta semana, quando, pressionado a não subir o preço do combustível nas refinarias, o presidente da estatal, Joaquim Silva e Luna, teve que ir à público anunciar que iria manter a política de paridade internacional.

Ainda que as declarações tenham animado os investidores, com as ações reagindo positivamente, o voto de confiança foi apenas pontual e mostra que há um longo caminho a percorrer até que a estatal recupere a confiança de investidores. No dia seguinte, a companhia cumpriu a palavra e anunciou o aumento do preço do diesel em quase 9%.

Para Matheus Spiess, analista da casa de análises Empiricus, o risco de possíveis ingerências na companhia deve aumentar ainda mais com a aproximação do período eleitoral em 2022. “O risco de interferência se acentua em ano de eleições. Naturalmente, deve haver uma volatilidade adicional”, afirma. 

Apesar dos riscos, Victor Hasegawa, gestor da Infinity, afirma que possui ações da Petrobras devido ao nível de preço da companhia. Por outro lado, ele diz que chega a ver uma correlação negativa entre a alta do petróleo e a ação da estatal, quando deveria ocorrer justamente o contrário. 

“Se o preço do petróleo sobe muito, aumenta o risco de intervenção. E isso gera dúvida sobre se a alta será repassada ou não. Desde a troca de presidente na empresa [o anúncio aconteceu em fevereiro], o mercado ficou muito cético sobre o que vai acontecer”, diz o gestor.

No início do ano, pressões de caminhoneiros para que a companhia não realizasse um novo reajuste de preços de combustíveis culminaram com a saída do então presidente Roberto Castello Branco. O economista, com pós-doutorado na Universidade de Chicago e ex-diretor do Banco Central, foi substituído pelo general Joaquim Silva e Luna, que, embora tenha seguido a cartilha de seu antecessor, ainda não convenceu o mercado. E isso se reflete na ação.

O preço da desconfiança

Na bolsa, o valor de mercado da Petrobras está abaixo do seu valor patrimonial, a 0,99x, enquanto as petroleiras privadas 3R e PetroRio estão sendo negociadas a 2,71x e 3,64x, respectivamente. Se a comparação é com o lucro líquido dos últimos 12 meses, a Petrobras é negociada a 3,5x, e a PetroRio, a 21x lucro.

Esse “desconto” de mercado, segundo Spiess, deve diminuir conforme a estatal continue a dar prioridade ao pré-sal e os sinais de intervencionismo por parte do governo se tornem menos frequentes. “Quando se trata de Petrobras, o ruído político faz parte. Quem quiser investir nela precisa saber disso.”

Embora as ações de empresas estatais tenham, de forma geral, algum desconto em relação aos pares privados, Rafael Rovai, analista da Inside, acredita que a diferença entre os múltiplos esteja fora do que seria o “natural”. “Na nossa visão, a Petrobras oferece hoje um risco/retorno atrativo”.

PetroRio e 3R: o que dizem analistas

No entanto a preferência de Rovai entre as principais petroleiras do país é a PetroRio. Com foco em adquirir poços maduros para a produção, a empresa aumentou seu lucro líquido de 73 milhões de reais para quase 1 bilhão de reais no acumulado de 12 meses. Nos últimos três anos, as ações subiram mais de 800%.

“É um caso para o investidor se expor não só à variação do petróleo mas à possibilidade de a empresa aumentar sua produção. A PetroRio deve aproveitar os desinvestimentos da Petrobras para adquirir ativos que tragam sinergia às suas operações”, diz Rovai.

Embora tenha uma visão construtiva para o aumento de produção da PetroRio, Spiess acredita que, após a recente disparada das ações, o nível de preços está distante do ideal para o investidor comprar os papéis neste momento.

Hoje, a escolha da Empiricus no setor é a 3R Petroleum. “Ela tem um grande potencial de expandir suas atividades e está descontada em relação à PetroRio."

Com menos de um ano na bolsa -- ou cinco meses apenas, para ser exato --, a 3R voltou ao mercado para um follow-on de 820 milhões de reais e realizou aquisições estratégicas de pelo menos quatro polos produtivos, além de acertar uma parceria com DBO para novas compras de ativos offshore em fase de desenvolvimento ou produção. 

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