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Para Vinci, BTG é a melhor opção no setor financeiro, mesmo com recorde

Segundo a gestora, mesmo com cotação no maior valor histórico, banco ainda é negociado a preços interessantes e tem perspectivas favoráveis de crescimento

Escritório do BTG Pactual: banco se valoriza neste início de ano às vésperas de uma oferta subsequente de ações (Germano Lüders/Exame)

Escritório do BTG Pactual: banco se valoriza neste início de ano às vésperas de uma oferta subsequente de ações (Germano Lüders/Exame)

PB

Paula Barra

Publicado em 19 de janeiro de 2021 às 19h54.

Em 2020, enquanto o Índice Financeiro da B3 recuou 7,14%, as units do banco BTG Pactual (BPAC11) subiram 25,04%. Nesta terça-feira, 19, dois dias antes de a instituição financeira precificar sua oferta subsequente (follow on) de ações, que pode movimentar até 2,5 bilhões de reais, seus papéis renovaram a máxima histórica de fechamento, ao atingir os 95,15 reais. O recorde anterior tinha sido alcançado em 28 de dezembro de 2020, com 94,93 reais.

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O mercado abre os olhos para as perspectivas de crescimento do BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME). No prospecto da oferta de ações, o banco diz que planeja usar parte dos recursos levantados para o crescimento da área de negócios de varejo digital -- vista como “a grande responsável pelo crescimento agregado” da instituição nos próximos anos, como apontou a gestora Vinci Partners em carta referente ao desempenho do quarto trimestre de 2020 divulgada nesta semana. 

O montante captado no follow on também será repartido para a consecução do curso normal dos negócios do banco, para acelerar iniciativas estratégicas e para manter fortes indicadores de capital e liquidez. 

A Vinci, que abriu posição no banco ao longo do ano passado, detalha ao longo de seis páginas do documento, que tem como título “BTG Pactual: uma saga movida a mérito", por que está otimista com a ação. 

Segundo a gestora, que diz ter um conhecimento profundo sobre o banco até por causa do seu vínculo histórico com ele (a Vinci foi criada em 2009 por um conjunto de sócios oriundos do Pactual, entre eles o seu CEO, Alessandro Horta, e seu chairman, Gilberto Sayão), a ação do BTG aparece como a alternativa mais interessante entre as do setor financeiro. Uma combinação de múltiplos razoáveis com boas perspectivas de crescimento, diz. 

Nas contas da gestora, o banco, que atualmente vale cerca de 85 bilhões de reais, deve gerar um lucro de 5 bilhões de reais em 2021, o que deixa o indicador Preço/Lucro estimado para este ano em 17 vezes, ou cerca de um terço do múltiplo da XP Inc. 

Por trás do valuation do banco, um crescimento expressivo dos negócios digitais nos próximos anos.

Embora os números do BTG Pactual digital ainda não sejam públicos (estão consolidados dentro da unidade de Wealth Management do banco), a gestora aponta que, nos primeiros nove meses de 2020, o crescimento dos ativos em custódia dessa unidade está próximo do da XP, 32% e 38%, respectivamente.

Além disso, ainda no varejo, a gestora aponta para oportunidades de crescimento na operação de banco comercial digital, iniciada recentemente, na qual o BTG oferece serviços de conta corrente e cartão de crédito, entre outros. O BTG+ foi lançado para clientes do BTG Pactual digital em setembro e aberto para o público em geral nesta semana.

Outra vertical que tem grande potencial, dizem os analistas da Vinci, é o crédito para pequenas e médias empresas, área em que o banco passou a atuar por meio de uma plataforma de desconto de recebíveis e que, em cerca de um ano, já formou uma carteira de empréstimos de 6 bilhões de reais.

Adicionalmente, o ambiente de juros baixos impulsiona ainda outras áreas da instituição, como é o caso da gestão de fundos, em que ativos cresceram 30% nos últimos 12 meses. No banco de investimentos, o BTG, que é líder do segmento no país e na América Latina, pode ter outra avenida importante de crescimento, aponta a Vinci: o Brasil tem pouco mais de 300 empresas com capital aberto, contra mais de 4.000 nos Estados Unidos. No terceiro trimestre, a receita dessa unidade foi recorde, impulsionada pelo grande volume de ofertas de ações e dívidas.

Renovando recorde na B3

Na sessão desta terça, 19, os papéis do BTG Pactual encerraram com ganhos de 3,12%, a maior alta do Ibovespa, acumulando nos últimos dois pregões valorização de 7,15%, contra queda de 0,31% do Índice Financeiro da B3 no mesmo período.

Segundo o analista Fernando Sampaio, da gestora Brasil Capital, que também possui posição na ação, o movimento ocorre em meio ao aumento de capital da instituição, com o banco falando em mais crescimento, lançamento do banco digital BTG+ e bons números do Banco Inter (BIDI11), do qual o BTG detém participação acionária. Ele diz que há também expectativas com o balanço do quarto trimestre, que deve vir forte, mas em parte já é aguardado pelo mercado.

O BTG Pactual vai precificar sua oferta subsequente de ações na próxima quinta-feira, dia 21, podendo levantar até 2,5 bilhões de reais. Serão ofertadas 22.222.222 units do banco, com a possibilidade de a instituição oferecer um lote adicional de 25%, ou 5.555.556 units. A oferta será totalmente primária, ou seja, os recursos vão para o caixa da empresa.

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