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O que a fusão bilionária entre Toyota e Daimler vai representar para o mercado

Analistas estimam que nova companhia tenha capacidade para vender mais de 200 mil unidades por ano

A fusão também representa uma mudança de postura das montadoras tradicionais, que historicamente atuaram de forma independente

A fusão também representa uma mudança de postura das montadoras tradicionais, que historicamente atuaram de forma independente

Luiz Anversa
Luiz Anversa

Repórter

Publicado em 11 de junho de 2025 às 05h00.

A Toyota e a Daimler anunciaram nesta segunda-feira, 9, uma fusão nos setores de caminhões das empresas, num movimento para enfrentar a crescente pressão das montadoras chinesas no mercado global de veículos elétricos. O negócio, segundo informações do Financial Times, gira em torno de R$ 35,5 bilhões.

O acordo une a Hino Motors, subsidiária da Toyota, à Mitsubishi Fuso Truck and Bus, da Daimler Truck. A fusão cria uma potência japonesa no setor de veículos comerciais, com vendas anuais superiores a 200 mil unidades e maior escala para investir em caminhões e ônibus movidos a hidrogênio, tido como um emento crucial para a transição energética do futuro.

Participações das empresas

A Toyota e a Daimler Truck, maior fabricante de caminhões do mundo, ficarão com participações iguais de 25% na holding. No entanto, os direitos de voto da montadora japonesa serão menores, de 19,9%. Analistas estimam que o valor de mercado da nova companhia seja de R$ 32 bilhões, segundo o Financial Times. A nova companhia terá mais de 40 mil funcionários.

Após um acordo preliminar em maio de 2023, a fusão foi adiada em fevereiro de 2024 devido a um escândalo de falsificação de dados de motores na Hino.

A união é vista como uma resposta direta à [grifar]China, que lidera a produção global de baterias e domina cadeias de suprimento para essa nova fase da mobilidade elétrica. A fusão também reforça a crescente cooperação entre Japão e Alemanha no setor de hidrogênio. As duas empresas planejam listar a holding no Japão e iniciar as operações até abril do próximo ano, de acordo com o FT.

A fusão também representa uma mudança de postura das montadoras tradicionais, que historicamente atuaram de forma independente. Agora, diante da necessidade de escalar investimentos em eletrificação, software e inteligência artificial, alianças estratégicas estão se tornando inevitáveis para a sobrevivência das marcas.

Históricos de fusões

A indústria automobilística vem ganhando destaque no noticiário com alguns movimentos nesse sentido. Entre os principais acordos recentes, destacam-se:

    • PSA e Fiat Chrysler (2021): A criação da Stellantis, resultado da fusão entre o grupo francês PSA (Peugeot, Citroën) e a ítalo-americana Fiat Chrysler, deu origem à quarta maior montadora do mundo em volume de vendas. A operação foi motivada pela necessidade de diluir custos com pesquisa e desenvolvimento em veículos elétricos e autônomos.
    • Hyundai e Aptiv (2019): A joint venture entre a sul-coreana Hyundai e a americana Aptiv, especializada em tecnologia automotiva, criou a Motional, focada em veículos autônomos. A parceria reforça a tendência de colaboração entre montadoras e empresas de tecnologia.
    • Volkswagen e Ford (2019): As duas gigantes firmaram uma aliança para desenvolver veículos comerciais e tecnologias de direção autônoma.

Nissan e Honda: tentativa frustrada de união japonesa

Em contraste com esses movimentos bem-sucedidos, a tentativa de fusão entre Nissan e Honda fracassou por divergências estratégicas e culturais. A proposta, que teria criado um conglomerado com potencial para rivalizar com Toyota, esbarrou na resistência de executivos de ambas as empresas. As negociações foram abandonadas no início deste ano.

A Honda temia perder sua independência tecnológica, especialmente em áreas como motores híbridos e motocicletas, enquanto a Nissan, ainda abalada pela crise de governança após a prisão de Carlos Ghosn, buscava uma aliança que garantisse estabilidade e escala.

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