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"O Brasil vai poder palpitar no mercado de petróleo", diz Sara Delfim, da Dahlia Capital

Gestora acredita que aumento de produção no Brasil tende a valorizar o real e a ter impacto fiscal positivo

Sara Delfim, sócia da Dahlia Capital: "Haverá um aumento massivo de petróleo no mundo" (Germano Lüders/Exame)

Sara Delfim, sócia da Dahlia Capital: "Haverá um aumento massivo de petróleo no mundo" (Germano Lüders/Exame)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 9 de fevereiro de 2024 às 10h44.

Última atualização em 9 de fevereiro de 2024 às 10h58.

A Dahlia Capital, ainda no ano passado, foi uma das primeiras gestoras a levantar a importância do crescimento da produção do pré-sal para o futuro do país. A projeção é de que a produção de petróleo do Brasil cresça de 3 milhões para 5 milhões de barris de petróleo por dia, o que colocaria o país como o segundo maior produtor de petróleo do mundo, atrás apenas da Arábia Saudita. "É uma produção que justifica a entrada do país na Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep). Vamos poder palpitar no mercado de petróleo", afirmou Sara Delfim, sócia da Dahlia Capital, em entrevista ao Vozes do Mercado.

Esse crescimento de produção deverá se traduzir em mais exportação, dado que a demanda deverá crescer em ritmo mais baixo. "Isso deve gerar duas implicações importantes: a melhor da balança comercial, que tende a valorizar a nossa moeda, e a melhora do fiscal, que era pouco comentada até o fim do ano passado." Sara projeta que o aumento de produção de petróleo no Brasil, em 2027, irá gerar cerca de R$ 150 bilhões de royalties.

Além do Brasil, Delfim vê o crescimento da produção de petróleo sendo puxada pelos Estados Unidos. "Haverá um aumento massivo de petróleo no mundo e, ao mesmo tempo, um crescimento econômico mais lento. Essa dinâmica tende a fazer o petróleo cair", afirma.

O resultado de preços de petróleo mais baixos, segundo Delfim, deve favorecer o crescimento e contribuir para uma inflação mais baixa. "Com o mundo investindo em renováveis, deverá haver uma abundância de energia. Mas essa transição tem que ser suave, porque o petróleo ainda tem sua função social. Petróleo alto é inflação alta e quem sofre mais com isso é a classe mais humilde da população. Para combater a inflação, os BCs sobem juro e quem sofre com isso é a população mais carente e a classe média. Por isso, não dá para desligar o petróleo de uma hora para outra e vivermos de vento e sol. Isso deve ajudar o Brasil a manter o juro normalizado por mais tempo."

Nesse cenário, Delfim avalia que o setor brasileiro pode ser um bom investimento. "Precisa ver caso a caso em que parte do ciclo cada empresa está. A Petrobras está produzindo muito petróleo, é bastante competitiva por ter um baixo custo de extração de petróleo e paga dividendos. Tudo mais constante, a ação tende a se valorizar."

As posições da Dahlia: "nada derruba Nasdaq"

Com uma perspectiva relativamente otimista, a Dahlia está com cerca de 45% da carteira exposta à bolsa brasileira, especialmente nos setores de energia e bancos. A gestora, segundo Delfim, também possui posições relevantes compradas em dólar contra uma cesta de moedas estrangeiras e em bolsa americana.

Pelas projeções da Dahlia, Wall Street deverá ter mais um ano positivo, com o Federal Reserve iniciando o ciclo de corte de juros e suas principais empresas apresentando lucros cada vez maiores. "Tem espaço para subir lá fora, quando houver maior convicção de que os cortes de juros estão próximos. Nada derruba Nasdaq", diz.

Assista à entrevista na íntegra com Sara Delfim, sócia da Dahlia Capital.

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