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Nubank seria o mais prejudicado com teto para juros no cartão de crédito, diz UBS BB

Possibilidade de mudança no rotativo do cartão foi levantada pelo ministro da Fazenda Fernando Haddad

Nubank: impacto de um teto no rotativo seria maior para o banco digital (Nubank/Divulgação)

Nubank: impacto de um teto no rotativo seria maior para o banco digital (Nubank/Divulgação)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 10 de abril de 2023 às 18h31.

Última atualização em 6 de maio de 2024 às 19h03.

O Nubank, maior banco digital da América Latina, seria o mais prejudicado caso o governo realmente implementasse um teto para os juros rotativos do cartão de crédito. A conclusão é do UBS BB, que divulgou nesta segunda-feira, 10, um relatório de estimativas sobre como a mudança impactaria os bancos brasileiros.

Os juros rotativos do cartão são cobrados quando o cliente deixa de pagar uma fatura do cartão de crédito ou paga apenas uma parte do valor total. Funciona como um empréstimo de urgência para o parcelamento. Junto com o cheque especial, a modalidade é uma das mais usadas pelos consumidores. 

Há duas semanas, o patamar de cobrança do rotativo entrou no radar após ser criticado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. Ele disse que os juros rotativos do cartão de crédito têm “espaço para cair”, uma vez que as taxas são “estratosféricas”. A taxa do rotativo chegou a 411,5% ao ano em janeiro de 2023, maior patamar desde de agosto de 2017.

O UBS BB estima que a receita líquida de juros (NII) dos empréstimos com rotativo representou aproximadamente 6% do total registrado no setor bancário em 2022. Caso o teto para a modalidade seguisse os passos do cheque especial e fosse definido em 8% ao mês, o Nubank teria um impacto negativo de 4% na margem. Na sequência, Bradesco, Itaú e Santander seriam impactados entre 3% e 4%. Já o Inter sofreria um efeito de 1% na margem financeira.

O teto teria consequências também para o Ebitda, indicador de caixa operacional. Para o Nubank, o impacto negativo no Ebitda seria de 20%. Bradesco e Santander sofreriam um efeito de 11%, e o Itaú de 6%. O Inter, por sua vez, seria impactado negativamente em 3%.

Os ensinamentos do teto no cheque especial

O teto para os juros do cheque especial foi implementado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2020. Na época, a taxa do produto rondava 11% ao mês, e o limite foi definido em 8% ao mês.

“O efeito mais significativo da mudança foi um crescimento muito menor do empréstimo de cheque especial. Entre dezembro de 2019 e fevereiro de 2023, os empréstimos de cheque especial expandiram 36% contra uma expansão de 105% para os empréstimos com cartão de crédito rotativo”, afirmaram os analistas do UBS BB.

O lado positivo da mudança foi a redução da inadimplência, que caiu em 0,25% após a adoção do teto. Isso em um momento onde o indicador aumentou na maioria das outras linhas domésticas, indicam os analistas.

Como os bancos podem se proteger de uma eventual mudança

Se for implementado um teto para o rotativo do cartão de crédito, a expectativa do UBS BB é que as prestações sem juros diminuam e que o apetite por crédito também caia, especialmente entre os clientes de baixa renda. 

Uma alternativa seria que os bancos se concentrassem em investimentos de baixo risco e que fossem cobradas taxas anuais mais altas para os titulares dos cartões de crédito – bem como menores recompensas pelo uso do cartão.

O que diz o Banco Central

O diretor de regulação do Banco Central, Otávio Damaso, afirmou na última semana que o BC não está discutindo a implementação de um teto para a cobrança de juros no cartão de crédito

Damaso admitiu que a autarquia não está confortável com alguns dos patamares de juros cobrados no segmento, mas reforçou que um teto para o cartão de crédito não está na agenda do BC.

Implementar um teto para a modalidade seria o “menos aconselhável possível” na avaliação de Isaac Sidney, presidente da Febraban, a Federação Brasileira de Bancos. Na avaliação de Sidney, a prática poderia gerar distorções, e o melhor caminho seria o diálogo com o governo para que não se repetisse o que ocorreu no caso do crédito consignado.

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