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Netflix perde R$ 217,8 bilhões em valor de mercado com guerra pela Warner

Desempenho das ações da Netflix em 2025 foi marcado por uma trajetória volátil

 Sex Education: série é uma das originais da Netflix  (Netflix/Netflix)

Sex Education: série é uma das originais da Netflix (Netflix/Netflix)

Publicado em 12 de dezembro de 2025 às 06h03.

A Netflix (NFLX) perdeu cerca de US$ 40 bilhões em valor de mercado em apenas seis sessões, após o aumento do ceticismo sobre a possível aquisição da Warner Bros. Discovery (WBD). A queda acumulada de 15% entre 2 e 10 de dezembro é o pior desempenho do papel em seis dias desde maio de 2022. A queda acumulada de 15% entre 2 e 10 de dezembro marcou o pior desempenho do papel em seis dias desde maio de 2022. O recuo coincidiu com um movimento de crescente desconfiança no mercado sobre o impacto financeiro e operacional de um negócio estimado de US$ 72 bilhões.

O anúncio da oferta trouxe novamente à superfície dúvidas sobre a capacidade da Netflix de integrar um estúdio tradicional em plena transformação tecnológica. Segundo Laura Martin, da Needham & Company, a Netflix arrisca comprometer até US$ 83 bilhões em valor adicional ao assumir um estúdio tradicional em um momento de mudanças profundas causadas pela inteligência artificial.

De acordo com a analista, contratos sindicais da Warner limitam o uso de ferramentas de IA, o que reduziria a flexibilidade operacional da Netflix em comparação com concorrentes. Martin também cita a complexidade de integrar uma estrutura de aproximadamente 35 mil funcionários — número 2,5 vezes maior que o quadro da Netflix — como um ponto crítico.

Segundo François Godard, da Enders Analysis, a combinação entre Netflix e Warner pode repetir o resultado negativo da fusão entre Warner Bros. e Discovery, que causou problemas financeiros para a empresa. Godard questiona também a capacidade da HBO de manter sua identidade sob o controle da Netflix.

Às 6h02, no horário de Brasília, a Netflix era avaliada a US$ 398,6 bilhões.

A Netflix em 2025

O desempenho das ações da Netflix em 2025 foi marcado por uma trajetória volátil. Entre 2 de janeiro e 12 de dezembro, o papel avançou de US$ 89,55 para US$ 94,12, uma alta anual de 5,10%. O número, porém, esconde um movimento de forte expansão na primeira metade do ano e de correção abrupta nos meses seguintes.

A ação atingiu mínima anual de US$ 82,11 em abril e alcançou o pico de US$ 134,12 em junho — valorização de 49,8% em relação ao início de 2025. O período concentrou os melhores resultados, com destaque para abril, que subiu 22,02%, e junho, com alta de 11,48%. O segundo trimestre acumulou avanço de 44,38%.

Após o pico, o papel entrou em rota de correção. Em julho, caiu 13,36%. Agosto e setembro registraram leves recuperações, mas insuficientes para reverter a tendência. O terceiro trimestre fechou em queda de 10,41%.

A pior fase aconteceu no quarto trimestre. Outubro manteve oscilações moderadas, enquanto novembro registrou recuo de 5,07%. Em dezembro, até o dia 12, a ação caiu 11,63%, passando de US$ 106,51 para US$ 94,12, e eliminando boa parte dos ganhos acumulados no ano.

Até o momento, a ação está sendo negociada a 31 vezes o lucro projetado para os próximos 12 meses, abaixo da média de cinco anos. Apesar da volatilidade, o papel acumulou valorização anual, mas longe do ritmo observado no início de 2025.

Acordo da Warner como positivo

Algumas análises apresentaram leituras mais favoráveis. Segundo Guy Bisson, da Ampere Analysis, o negócio é coerente com a estratégia da Netflix de se transformar em um estúdio verticalizado. O analista destaca que o portfólio da Warner oferece propriedades intelectuais que levariam “décadas” para serem desenvolvidas internamente. Ele lembra ainda que conteúdos da HBO têm desempenho consistente quando exibidos na Netflix.

De acordo com a YR Research, o acordo pode representar “um passo decisivo rumo a um futuro muito maior”. A projeção do grupo é que, se a integração for bem-sucedida, a Netflix pode caminhar para um valor de mercado próximo a US$ 1 trilhão, embora enfrente escrutínio regulatório e desafios de gestão de talentos.

Um negócio que divide o mercado

No conjunto, as avaliações revelam um cenário dividido.

De um lado, há preocupações com preço elevado, risco de sobreposição de assinantes, limitações tecnológicas impostas por contratos sindicais e a perda de agilidade competitiva da Netflix. De outro, há quem veja a operação como um acelerador estratégico capaz de ampliar o controle da empresa sobre grandes franquias e conteúdo premium.

A reação do mercado — marcada por forte queda no valor da companhia — reflete a leitura dominante: trata-se de um movimento ambicioso, com potencial transformador, mas acompanhado de riscos elevados e incertezas sobre o retorno para acionistas.

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