Netflix (Chesnot/Getty Images)
Beatriz Quesada
Publicado em 19 de julho de 2022 às 17h18.
Última atualização em 19 de julho de 2022 às 18h52.
As ações da Netflix avançam nesta terça-feira, 19, subindo perto de 8% no after-market da bolsa de tecnologia Nasdaq, após a companhia ter perdido 970 mil assinantes no segundo trimestre. O balanço foi divulgado após o fechamento do mercado.
Apesar de ser um dado negativo, a perda de quase 1 milhão de usuários da base ficou abaixo da expectativa de queda de 2 milhões que havia sido antecipada pela própria companhia de streaming.
A surpresa “positiva” deu força para os papéis da Netflix, que foram fortemente penalizados após o balanço do primeiro trimestre. No resultado anterior, a companhia reportou perda de 200 mil assinantes – sua primeira baixa da história – e as ações afundaram 35% no pregão seguinte.
Desde então, os papéis já recuaram 42%, abrindo espaço para recuperação. “O mercado já bateu muito na Netflix no trimestre anterior, e agora começa a ouvir de novo a empresa para entender como será o movimento daqui para frente”, afirma Thiago Lobão, CEO da gestora Catarina Capital, focada no mercado de tecnologia.
A empresa registrou lucro de US$ 1,44 bilhão no segundo trimestre – acima do US$ 1,35 bilhão do mesmo período do ano passado, mas abaixo do US$ 1,59 registrado no primeiro trimestre de 2022. O lucro por ação da companhia de streaming foi de US$ 3,20, acima dos US$ 2,94 por ação esperados pelo mercado.
Diferente do último trimestre, quando a empresa parecia estar paralisada pela queda de receita, a Netflix agora forneceu uma previsão de como pretende endereçar seu maior desafio: a rentabilização.
A grande novidade é que a Netflix irá oferecer, a partir de 2023, serviços mais baratos financiados via publicidade, complementando os planos existentes que permanecem sem anúncios.
“Daqui para frente, vamos nos concentrar em monetizar melhor a plataforma por meio da otimização contínua de nossas estruturas de preços e níveis, bem como a adição de uma nova camada suportada por anúncios de preço mais baixo”, informou a companhia, em relatório.
Grande parte do entusiasmo do mercado vem da Microsoft (MSFT34), que é parceira da na solução de venda de anúncios em escala. Lobão aponta que o destaque dado à gigante de tecnologia cria expectativas no mercado de uma possível combinação de negócios.
“Entre pares como Amazon, Apple e Meta, a Microsoft é a única que não tem uma solução de conteúdo bem direcionada. O anúncio intensifica o burburinho de uma possível aquisição da Netflix pela Microsoft – que é improvável mas começa a ser especulada pelo mercado’, destaca.
Outra mudança que a empresa pretende implementar é o chamado “compartilhamento pago”, que quer acabar com a prática de diversas pessoas utilizarem a mesma senha para acessar o serviço. Os primeiros testes neste sentido serão lançados na América Latina, cobrando mais pelo compartilhamento de senhas entre pessoas que não moram na mesma casa.
Para o terceiro trimestre de 2022, a companhia projeta conquistar 1 milhão de novos assinantes.