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Multiplan se anima com queda de juros no radar e impulsiona expansão após 2º tri forte

'Se não tivesse tido problemas [das grandes varejistas], vendas poderiam ser até maiores', diz diretor vice-presidente e de relações com investidores em entrevista à EXAME Invest

Multiplan: expansão ganha tração, como o caso do RibeirãoShopping (Multiplan/Divulgação)

Multiplan: expansão ganha tração, como o caso do RibeirãoShopping (Multiplan/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 28 de julho de 2023 às 15h22.

Última atualização em 14 de agosto de 2023 às 21h49.

A queda da Selic, prevista pelo mercado já para a próxima reunião do Copom na semana que vem (1 e 2 de agosto), é esperada com ansiedade até por quem está "muito bem, obrigada". O corte dos juros no horizonte deve ajudar a acelerar a expansão da administradora de shoppings centers Multiplan. "Está na hora de cair. A metodologia do Banco Central está perfeita, mas vendo os níveis de inflação está chegando a hora dos juros caírem. Para nós, tem impacto direto de consumo, apesar de ter visto vendas espetaculares. Além disso, competir com juros altos é mais difícil", argumenta Armando  d'Almeida Neto, diretor vice-presidente e de relações com investidores, em entrevista à EXAME Invest.

Esse cenário mais otimista para a economia está estimulando o grupo a expandir. Na teleconferência com analistas, a direção executiva da companhia afirmou que à medida que a taxa de juros cai e a renda cai, mais oportunidades de destravar valor surgem, incluindo projetos greenfield (projetos começados do zero).  Há sete expansões mapeadas, duas já em andamento: ParkShoppingBarigüi e DiamondMall. A Multiplan investiu R$54 milhões, sendo que as revitalizações e expansões de shoppings representaram mais de 90% deste total. As expansões de shoppings totalizaram R$21,1 milhões no trimestre, representando 39,2% do capex total no período.

As ações da companhia abriram em forte alta nesta sexta-feira, mas perderam tração no começo da tarde, avançando 2,22%, perto das 14h, para R$ 26,71. Atualmente, o valor de mercado da companhia é de R$ 15,10 bilhões, ainda abaixo do pico da companhia em janeiro de 2020, quando a ação passou da casa dos R$ 34. Mas veio a pandemia e a história é a que se sabe: shoppings fechados por meses e precisando digitalizar o mais rápido possível suas operações.

Os números atuais, no entanto, mostram que o pior ficou mesmo no passado. A receita líquida foi de R$ 500 milhões, 13% acima do mesmo período do ano passado, impulsionada pelo forte crescimento dos aluguéis. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado foi de R$ 368 milhões, 24% maior que segundo trimestre de 2023, com margem de 73,4%, impulsionado por uma rígida contenção de custos e despesas.

O nível de vendas evoluiu 5,8% na base anual, para R$ 5,2 bilhões, melhor patamar para um segundo trimestre e terceiro melhor da história da companhia. O indicador foi puxado pelo setor de serviços, bem como pelo crescimento da taxa de ocupação e o aumento da receita de estacionamento. "Consideramos que as margens vieram acima da visão anual e, em geral, acima de nossas estimativas", escreveram os analistas do Banco do Brasil, que manteve recomendação de compra R$ 30.

A equipe do Santander também manteve recomendação de compra, com preço-alvo de R$ 33, destacando que esse foi mais um trimestre de forte alta e que os primeiros números de julho já sinalizam um terceiro trimestre consistente. Até dia 25 deste mês, as vendas cresceram 10,9% na base anual. Esse avanço das vendas se reflete na taxa de ocupação, de 95,8%. Segundo a empresa, a uma volta da busca de espaço por lojistas internacionais e um forte apetite por espaços nos shoppings, na esteira das dificuldades e fechamentos de lojas de algumas grandes varejistas como Americanas e Tok&Stok. "Se não tivesse tido esse problema [com grandes redes de varejo], as vendas poderiam ter sido até melhores. Mas é uma oportunidade trocar o mix, atender o que o cliente precisa", diz d'Almeida Neto.

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