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Multimercados têm melhor retorno desde 2016 com alta de juros

O IHFA, índice de hedge funds Anbima, subiu 14% no ano passado, maior alta anual desde 2016, enquanto o CDI avançou 12%

Mercado brasileiro: os multimercados também surfaram na volatilidade provocada pelas eleições (Foto/Divulgação)

Mercado brasileiro: os multimercados também surfaram na volatilidade provocada pelas eleições (Foto/Divulgação)

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Bloomberg

Publicado em 4 de janeiro de 2023 às 12h24.

Última atualização em 4 de janeiro de 2023 às 13h26.

Os fundos multimercado brasileiros apresentaram os melhores retornos em seis anos em 2022, tirando proveito de ciclos de aperto monetário e da maior queda das ações globais desde a crise financeira de 2008.

O IHFA, índice de hedge funds Anbima, subiu 14% no ano passado, maior alta anual desde 2016, enquanto o CDI avançou 12%. Um índice da Bloomberg de hedge funds globais de estratégia macro subiu 2% no ano passado até 30 de novembro, ante uma queda de 6% no mesmo período para os de todas as estratégias.

O fundo ASA Hedge superou todos os seus 188 pares monitorados pela Bloomberg, com um retorno de 39% após tarifas, em meio a posições tomadas em juros — que ganham com a alta das taxas — e vendidas em ações nos Estados Unidos, segundo o gestor Filippe Santa Fé. O fundo é gerido pela ASA Investments, controlada por Alberto Safra.

As duas posições fizeram “parte de um racional de juros estruturalmente mais altos”, disse Santa Fé, em entrevista. “Acreditamos que 2023 ainda terá inflação como principal tema” e os ativos precisarão refletir um cenário de inflação se estabilizando “bem acima” da meta do Federal Reserve e do Banco Central Europeu, disse.

Os yields dos títulos do Tesouro americano de dez anos subiram mais de 2,3 pontos percentuais no ano passado, à medida que os operadores correram para precificar uma postura mais agressiva do Fed. O Bloomberg Treasury Index teve o pior ano de sua história de cinco décadas, com queda de 12%, enquanto o índice S&P 500 recuou 19%.

Apostas em juros nos EUA e no Chile ajudaram a Mar Asset Management, que gere o fundo Mar Absoluto e foi fundada por veteranos de 3G Capital, Banco BTG Pactual e Opportunity. Posições tomadas em juros longos no Brasil também contribuíram para o ganho de 35% do fundo em 2022, de acordo com o sócio-fundador Bruno Coutinho.

A Verde Asset Management e a SPX Capital, duas das maiores gestoras independentes de multimercado do país, viram seus principais fundos registrarem o melhor ano desde 2015.

Os multimercados também surfaram na volatilidade provocada pelas eleições. O Norte Long Bias da Norte Asset Management, com foco em ações, emergiu como o fundo de melhor desempenho durante a campanha eleitoral, prevendo corretamente um forte rali nas ações da Sabesp.

O índice MSCI Brazil subiu 1,7% no ano passado, ante um recuo de pelo menos 20% tanto no MSCI ACWI como no MSCI Emerging Markets. O real teve o melhor desempenho em uma cesta de pares de mercados emergentes.

O fundo ASA Hedge também desafiou uma tendência de resgates recordes para a indústria local, registrando cerca de R$ 1,7 bilhão de captação líquida no ano passado. Apesar dos fortes retornos, os multimercados tiveram uma saída líquida de R$ 84 bilhões em 2022 até novembro, segundo dados da Anbima.

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