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Medicamentos de marca própria estão na estratégia da RD Saúde para 2026

Produtos com o selo próprio da rede ganham espaço nas lojas, com a marca Needs ocupando a terceira posição entre as maiores de consumer health no varejo farmacêutico

Medicamentos de marca própria: RD Saúde anunciou rollout de moléculas para 2026. (RD Saúde/Divulgação)

Medicamentos de marca própria: RD Saúde anunciou rollout de moléculas para 2026. (RD Saúde/Divulgação)

Letícia Furlan
Letícia Furlan

Repórter de Mercados

Publicado em 2 de dezembro de 2025 às 11h46.

A entrada em medicamentos isentos de prescrição (OTC) por meio de marcas próprias é uma iniciativa estratégica significativa para a RD Saúde (RADL3). Durante seu investor day realizado na segunda-feira, 2, a companhia anunciou que o rollout dessas moléculas está programado para iniciar já em 2026.

Em um piloto realizado com uma das moléculas — do Paracetamol — a penetração da marca própria atingiu a marca de 12%.

A companhia prepara o lançamento de marca própria para mais de 20 medicamentos isentos de prescrição. A projeção é que estes produtos atendam cerca de 75% das principais necessidades dos clientes e represente cerca de 16% do portfólio OTC da empresa.

Produtos com o selo próprio da rede — como vitaminas, cosméticos, itens de cuidado pessoal e medicamentos isentos de prescrição — têm ganhado cada vez mais espaço nas lojas da Raia e da Drogasil.

Além da maior relevância, esses itens oferecem alta rentabilidade, com margem bruta em média 15 pontos percentuais acima dos produtos de outras marcas. A marca Needs, principal linha da empresa, já ocupa a terceira posição entre as maiores de consumer health (produtos que os consumidores adquirem diretamente, sem prescrição médica), no varejo farmacêutico.

Analistas do Itaú BBA enxergam a estratégia de marca própria da RD Saúde como uma das apostas mais acertadas da empresa nos últimos anos. Para a equipe do banco, essa estratégia traz um lucro maior por produto vendido, já que a RD evita intermediários e negocia diretamente a produção, e uma maior fidelidade dos clientes, porque as marcas próprias são exclusivas das lojas da empresa.

Por fim, a diferenciação no mercado também aparece como vantagem, num momento em que farmácias concorrem não só entre si, mas também com grandes marketplaces online.

Palavra-chave é diferenciação

O Mercado Livre tem avançado no mercado de venda de medicamentos no Brasil. Uma resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) veta a oferta de medicamentos pela internet que não seja feita por farmácias ou drogarias autorizadas e licenciadas por órgãos competentes.

Para driblar esse empecilho, o Meli adquiriu uma farmácia física na zona sul de São Paulo, possível passo para começar a vender remédios. Além disso, a gigante do e-commerce está em conversas com autoridades para tentar mudar a regulamentação, permitindo a operação no modelo marketplace.

À EXAME, o CEO da RD Saúde já afirmou que, frente a uma possível ameaça, a companhia aposta em seu diferencial competitivo. Na companhia, os produtos das farmácias são encarados como commodities: há pelo menos uma farmácia a cada esquina no Brasil, com os mesmos medicamentos a preços muito similares. A estratégia da companhia é se diferenciar pela experiência proporcionada ao cliente, através da disponibilidade de produtos e presença em pontos estratégicos.

A meta da empresa é abrir entre 330 e 350 lojas brutas até 2026, o equivalente a 9% a 10% da base estimada ao fim de 2025. Segundo a RD, 84% das aberturas recentes ocorreram em regiões com menos de 15% de market share, o que reduz a canibalização.

A expansão tem apoio de um investimento logístico robusto, que inclui o primeiro centro de distribuição farmacêutico 100% automatizado da companhia. Dois novos centros devem entrar em operação em 2026. Hoje, 90% das farmácias são reabastecidas em até 24 horas, o que sustenta a estratégia omnicanal e melhora a experiência digital.

Ozempic e Monjaro na estratégia

Analistas do Itaú BBA também veem com bons olhos a posição da RD Saúde no mercado das canetas emagrecedoras. A empresa é o principal canal de vendas dos medicamentos à base de GLP-1, detendo mais de 30% de participação nesse mercado, quase o dobro do seu market share consolidado no varejo farmacêutico.

O mercado brasileiro de GLP-1 é estimado em R$ 13,7 bilhões anuais, e pode se expandir com os vencimentos de patentes previstos para 2026. A RD se antecipou com estoques para todas as dosagens e investiu R$ 27 milhões para garantir a entrega de medicamentos termolábeis, via centros de distribuição e farmácias.

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