Jerome Powell: Corte nos juros provavelmente será mais lento do que muitos esperam
Ao '60 Minutes', o presidente do Fed falou que o ciclo de juros altos não causou tanta dor à economia
Repórter colaborador
Publicado em 5 de fevereiro de 2024 às 05h45.
Última atualização em 5 de fevereiro de 2024 às 07h45.
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, disse em entrevista no domingo que o órgão irá ter cautela no corte de juros neste ano e que esse movimento "provavelmente será mais lento do que a maioria do mercado espera".
Durante entrevista no tradicional programa 60 Minutes, Powell reforçou sua confiança na economia americana e que não seria influenciado pelas eleições presidenciais de novembro.
"Com a economia forte como está, nós sentimos que podemos discutir quando começaremos a reduzir os juros de forma cuidadosa", falou."Queremos mais evidências de que a inflação irá cair de forma sustentável para o patamar de 2%. Nossa confiança a respeito disso está crescendo", completou o chefe do Fed.
Powell disse novamente que é "improvável" que o FOMC (o Copom dos EUA) cortará os juros na próxima reunião, em março. Hoje, a taxa nos EUA está no intervalo entre 5.25%-5.5%.
Os mercados vêm fazendo previsões agressivas de quantos cortes o Fed fará nos juros neste ano. Na média, espera-se cinco reduções de 0,25%. Ainda na reunião de dezembro do FOMC, porém, Powell já havia dito que o mais provável seriam três cortes. "Vamos atualizar isso [estimativa] na reunião de março, mas nada aconteceu desde então para que mudasse as previsões", falou ao 60 Minutes.
O presidente do Fed também mostrou-se otimista com o atual momento da economia, mesmo que a inflação ainda esteja acima da meta oficial [2%], citou a resiliência no mercado de trabalho, que abriu 353 mil vagas em janeiro. "O maior risco hoje são os eventos geopolíticos", classificou.
Eleições nos EUA
Em agosto de 2022, durante reunião anual do Fed em Jackson Hole, Wyoming, Powell havia alertado que se iniciaria um processo de aumento de juros que "poderia causar alguma dor à economia". Para ele, no entanto, não foi o caso. "Realmente não aconteceu. A economia continua crescendo e criando empregos. Aqueles problemas que eu previa lá atrás, ainda bem, não aconteceram", disse.
Jerome Powell também falou das eleições presidenciais americanas. "Não consideramos a política em nossas decisões. E nunca faremos isso", disse.
Na última semana, o candidato republicano Donald Trump afirmou que iria tirar Powell do Fed caso vencesse. Para o ex-presidente, que indicou levou Powell ao Fed em 2018, o chefe do BC americano estaria "trabalhando para os democratas".