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Investidor segue cauteloso com Argentina, mas Mercado Livre é exceção

Relatório do Itaú BBA sobre encontro com investidores institucionais aponta controle de capital do país como principal limitação

Mercado Livre: 40% do Ebit vem da Argentina (Sarah Pabst/ Bloomberg via/Getty Images)

Mercado Livre: 40% do Ebit vem da Argentina (Sarah Pabst/ Bloomberg via/Getty Images)

Da Redação
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 17h52.

O mercado argentino, tradicionalmente visto com cautela por investidores internacionais, tem demonstrado uma recuperação tímida, mas continua enfrentando desafios significativos. Durante o roadshow do Itaú BBA nos Estados Unidos, uma conversa com mais de 20 investidores institucionais revelou um panorama de hesitação e limitações, especialmente em relação aos controles de capital e à incerteza sobre a inclusão da Argentina no índice MSCI de mercados emergentes. Esses fatores, combinados com um mercado local amplamente fora do radar de fundos passivos, ajudam a entender o baixo nível de exposição à Argentina em muitos portfólios internacionais.

A principal preocupação dos investidores gira em torno dos controles de capital, um fator "decisivo" para muitos fundos, que possuem regulamentações rígidas e não podem investir em países com tais restrições.

A falta de reservas em dólares pelo Banco Central e a fragilidade do regime cambial atual agravam ainda mais a situação, fazendo com que a demanda por dólares continue elevada, prejudicando a confiança no peso argentino. Apesar disso, a Argentina tem algumas opções para melhorar a situação, como a mudança no sistema de bandas cambiais, que começa em janeiro de 2026, e um plano para acumular reservas.

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A exceção do Meli

No entanto, uma exceção notável nesse cenário difícil é o Mercado Livre. A gigante do e-commerce, que já domina o mercado digital da América Latina, representa um caso único de sucesso no país, diz o BBA. Segundo o relatório, a Argentina é responsável por cerca de 40% do Ebit (lucro que vem das operações) da empresa, evidenciando um papel crucial na operação global do Mercado Livre, especialmente no setor de pagamentos digitais e e-commerce.

O Meli se tornou um dos maiores players em e-commerce e pagamentos digitais do país, controlando mais de 50% de participação tanto no volume total de pagamentos online quanto nas transações de e-commerce. A empresa tem sido capaz de se expandir devido à falta de acesso a crédito no país, o que cria uma oportunidade para o Mercado Pago. A plataforma de pagamentos digitais do Mercado Livre cresce com a oferta de serviços financeiros a milhões de consumidores e comerciantes que operam no mercado informal. Essa transformação tem permitido uma maior inclusão financeira no país, ao mesmo tempo em que contribui para a formalização da economia local, dizem os analistas do BBA.

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Além disso, o Mercado Livre tem se destacado por sua resiliência frente à inflação de três dígitos e à volatilidade macroeconômica, conseguindo prosperar enquanto muitas outras empresas enfrentam dificuldades. A combinação de uma demanda reprimida por consumo, a adoção crescente de soluções digitais de e-commerce e fintech, além de reformas tributárias e trabalhistas que podem fomentar o consumo, coloca o Mercado Livre em uma posição privilegiada para continuar a sua expansão.

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