(Patricia Monteiro/Bloomberg via/Getty Images)
Repórter
Publicado em 30 de junho de 2023 às 18h33.
Última atualização em 30 de junho de 2023 às 18h45.
Apesar de toda a volatilidade e a incerteza que marcaram os primeiros meses do ano, o Ibovespa conseguiu encerrar o primeiro semestre de 2023 no positivo, com alta de 7,6%. A performance foi a melhor para um primeiro semestre desde 2019, quando o índice subiu 14,9% na primeira metade daquele ano.
Entre os fatores que contribuíram para o desempenho do Ibovespa nos últimos seis meses estiveram o avanço de pautas econômicas em Brasília e a queda da inflação, que vem se dando mais rápido que o previsto. Mas a virada só começou a partir do fim de março, quando o índice foi à mínima do ano de 96.997 pontos, chegando a acumular 11,6% de queda em 2023.
O momento da virada coincidiu justamente com o anúncio do esboço do que seria o texto do novo arcabouço fiscal, que atualmente está em tramitação no Senado. O plano, desde o início, foi considerado melhor que o esperado e a célere aprovação do projeto na Câmara deu ainda mais confiança aos investidores. Mas outro fator tem puxado essa última pernada da bolsa: as expectativas em torno da queda da taxa de juro Selic.
"Há muitas discussões sobre o afrouxamento monetário do Banco Central. Isso tem se refletido nas curvas de juros, que começaram a apresentar comportamento favorável ao corte de juros. Esse, muito provavelmente, vai ser o foco do mercado no segundo semestre, com investidores se posicionando para ativos de risco", disse João Piccioni, analista da Empiricus Research.
1. Azul (AZUL4): + 98,5%
As ações da Azul foram as que mais subiram do Ibovespa, acumulando alta de 99% no primeiro trimestre. Além da retomada do setor aéreo, com o retorno de viagens internacionais e maior otimismo com a economia local, a empresa conseguiu estender o prazo da dívida com credores.
2. Yduqs (YDUQ3): + 94,5%
Outra ação impactada pela melhora de percepção sobre a economia local foi a Yduqs, do setor de educação. Além dos fatores macroeconômicos, contribuíram para o desempenho da ação no período o bom resultado do primeiro trimestre. Uma das surpresas positivas do resultado foi o aumento acima da inflação do tíquete médio de todas as suas unidades de negócio no período, considerado chave para a captação de novos alunos.
3. GOL (GOLL4): + 79,4%
Também beneficiada pelo cenário macro e maior abertura para viagens internacionais esteve a GOL. Em seu último balanço, a companhia aérea superou o consenso de mercado. O resultado, segundo analistas do Goldman Sachs, deu sinais de que a empresa continua recuperando a rentabilidade pós-pandemia.
1. Alpargatas (ALPA4): - 38,3%
As ações da Alpargatas tiveram o pior desempenho da bolsa no primeiro semestre, diante de incertezas sobre as operações da companhia. Sua maior queda no período ocorreu justamente após a apresentação do balanço do quarto trimestre de 2022, em fevereiro, quando apresentou queda da venda de sandálias Havaianas no Brasil. Na época, inclusive, o fraco desempenho da companhia chegou a ligar o alerta para o momento do varejo no país.
2. Méliuz (CASH3): - 33,8%
Ainda sem conseguir retomar a confiança de seus primeiros meses de mercado, a Méliuz segue em queda na bolsa. Em seu último balanço, referente ao primeiro trimestre, a empresa voltou a apresentar números mais fracos que o esperado. No período, suas operações foram afetadas pelo fraco desempenho da já desfeita Bankly e pelos impactos da Americanas.
3. Assaí (ASAI3): - 29,4%
Quem também vive um momento interno desafiador é o Assaí, que apresentou desaceleração em seus números do primeiro trimestre. Mas após meses de queda na bolsa, os papéis do Assaí voltaram a valorizar em julho, encerrando o mês com quase 30% de alta. A recente valorização teve como gatilho a venda da participação do Casino no negócio.