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Ibovespa sobe com IPCA abaixo do esperado e avança 2,55% na semana

Bolsas globais mantêm rali apesar de, nos EUA, dados de inflação superarem projeções do mercado

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 10 de dezembro de 2021 às 09h39.

Última atualização em 10 de dezembro de 2021 às 19h42.

O Ibovespa fechou esta sexta-feira em alta, subindo 1,38%, aos 107.758,34 pontos, após os dados de inflação saírem abaixo do esperado no Brasil – na máxima do dia, o índice superou a marca dos 108.000 pontos.

Foi um pregão de retomada após a queda de 1,67% na véspera, em que o mercado reagiu ao tom mais duro do Banco Central na condução da política monetária. Na semana, o saldo foi positivo, com alta de 2,55%.

Nesta sexta, no entanto, o foco do Ibovespa se voltou para o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de novembro, que surpreendeu para baixo. Considerado a inflação oficial do país, o IPCA subiu 0,95% na comparação mensal. No ano, o indicador acumula alta de 9,26% e, nos últimos 12 meses, de 10,74%. 

Embora a alta tenha sido a maior para o penúltimo mês do ano desde 2003, o dado veio abaixo do esperado por analistas consultados pela Refinitiv, que estimavam uma alta de 1,08% em novembro e de 10,88% no acumulado em 12 meses. O resultado abaixo do esperado retirou parte da pressão sobre os juros futuros, que haviam avançado ontem com a elevação da Selic para 9,25% ao ano e o comunicado mais duro do Banco Central.

  • DI para janeiro de 2023 recuou de 11,63% para 11,43%;
  • DI para 2027 caiu de 10,60% para 10,37%.

Ainda assim, os riscos continuam no radar. “Para o primeiro semestre de 2022, a despeito de esperarmos uma desaceleração do índice, não descartamos a incidência de novos choques sobre os preços no curto prazo.  Além disso, a depreciação do real, decorrente da deterioração do cenário fiscal e de um ambiente global menos favorável para emergentes, deve permanecer como fator de risco para a inflação”, apontaram, em nota, analistas do BTG Pactual.

Nos Estados Unidos, o dia também foi de foco na inflação. O CPI (índice de preços ao consumidor, na sigla em inglês) subiu 0,8% no mês passado, acima da estimativa dos economistas consultados pela Bloomberg, que projetavam variação de 0,7%. Na comparação anual, o indicador subiu 6,8%, em linha com as estimativas.

Mesmo com a inflação atingindo o patamar mais alto na maior economia do mundo nos últimos 39 anos, o que em tese pode acelerar a retirada de estímulos, os índices americanos subiram, estendendo o rali do início da semana. 

  • Dow Jones: +0,60%
  • S&P 500: +0,95%
  • Nasdaq: +0,63%

Vale lembrar que o índice de inflação mais observado pelo Federal Reserve (Fed, banco central americano) para balizar a política monetária é o índice que mede os gastos com consumo pessoal (PCE).

O CPI desta sexta, no entanto, teve peso mais importante porque foi o último dado chave de inflação antes da próxima reunião do FOMC, o comitê do Fed responsável por definir o rumo da política monetária nos EUA.

“Em um ambiente em que crescem as apostas de um Fed mais agressivo no combate à inflação, mais um resultado forte deve confirmar a aceleração do ritmo do tapering [a redução do programa de títulos] na semana que vem e, consequentemente, poderá se traduzir em mais volatilidade para os mercados”, avaliou a Guide Investimentos em nota.

Destaques de ações no Brasil

O dia foi positivo para as ações de empresas de construção e de tecnologia e alto crescimento, pois são as mais beneficiadas pela queda na pressão na curva de juros causada pela surpresa positiva com o IPCA.

Méliuz (CASH3) e Eztec (EZTC3) estiveram entre as maiores altas, junto com os papéis do Banco Pan (BPAN4), que se fortaleceram com o impulso do Nubank (NUBR33). As ações da fintech na Bolsa de Nova York e os BDRs da companhia na B3 voltaram a subir na casa de de dois dígitos nesta sexta-feira. A ação subiu 14,71%, para 11,85 dólares.

  • Banco Pan (BPAN4): +15,31%
  • Méliuz (CASH3): +14,93%
  • Eztec (EZTC3): +8,99%
  • Nubank (NUBR33): +14,54%

Entre as ações de maior peso no índice, o destaque ficou com os papéis da B3 (B3SA3), que dispararam 5,72% após a empresa divulgar suas projeções para 2022 em seu B3 Day, de reunião com inbvestidores.

A companhia prevê investir entre 380 milhões a 440 milhões de reais em novas iniciativas e negócios em 2022 – valor bastante superior ao intervalo entre 240 milhões e 260 milhões esperado para este ano. A B3 também projetou que a distribuição do lucro líquido será de 110% a 140%, ante faixa prevista para este ano de 120% a 150%.

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