Ibovespa hoje: bolsa cai 1% em reação a discurso duro de Powell em Jackson Hole
Presidente do Fed reforçou a necessidade de subir juros para controlar inflação histórica nos EUA
Guilherme Guilherme
Publicado em 26 de agosto de 2022 às 10h21.
Última atualização em 26 de agosto de 2022 às 17h18.
O Ibovespa fechou esta sexta-feira, 26, em queda de 1%, com investidores acompanhando o dia de baixas nos mercados internacionais. O motivo da apreensão veio, novamente, da tendência de alta de juros nos Estados Unidos que afetou os mercados globais durante toda a semana.
Ainda assim, o principal índice da bolsa brasileira encerrou a semana com alta de 0,7%, sustentado pelas altas das commodities em meio à incerteza no exterior.
- Ibovespa : - 1,09%, 112.298 pontos
Nesta sexta, no entanto, o clima de aversão a risco foi preponderante. A queda de hoje foi uma reação ao discurso de Jerome Powell , presidente do Federal Reserve ( Fed, o banco central americano), no Simpósio de Jackson Hole nesta sexta.
O discurso foi mais duro que o esperado pelo mercado e reforçou a necessidade de aperto da política monetária para controlar a inflação histórica dos EUA – ainda que ao custo de maior desemprego.
Juros mais altos tiram a atratividade de ativos mais arriscados, como as ações, derrubando as bolsas de valores. No exterior, os principais índices americanos caíram mais de 3% em reação às falas de Powell. Vale destacar que as bolsas dos EUA passaram a semana inteira em compasso de espera aguardando a fala do presidente do Fed.
O efeito, no entanto, foi menor no mercado de juros americano, com as apostas ainda dividas entre uma alta de mesma magnitude e um ritmo mais brando de 0,50 ponto percentual para a decisão de setembro.
- Dow Jones (Nova York): - 3,03%
- S&P 500 (Nova York): - 3,37%
- Nasdaq (Nova York): - 3,94%
Powell também traçou paralelos com o mandato de Paul Volcker, que contornou a alta de preços do fim dos anos 1970 à frente do Fed.
"A história mostra que os custos do emprego para reduzir a inflação provavelmente aumentarão, à medida que a inflação alta se tornar mais enraizada na fixação de salários e preços. A bem-sucedida desinflação Volcker do início dos anos 1980 seguiu-se a várias tentativas fracassadas de reduzir a inflação nos 15 anos anteriores", afirmou Powell nesta manhã.
"Foi necessário um longo período de política monetária muito restritiva para conter a alta inflação. Nosso objetivo é evitar esse resultado agindo com determinação agora", disse.
Segundo Powell, a magnitude da alta de juros da próxima reunião vai depender da "totalidade dos dados econômicos recebidos" até o dia da decisão, em meados de setembro.
Para Stephan Kautz, economista-chefe da EQI Asset, as declarações devem aumentar ainda mais a tensão antes da divulgação de dados econômicos considerados "chave" para as políticas do Fed, como o payroll e o Índice de Preço ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês).
"Qualquer número um pouco abaixo ou um pouco acima tem potencial de volatilidade gigante para o mercado daqui para frente", disse Kautz à Exame.
O presidente do Fed também indicou que as taxas de juros devem permanecer em patamar elevado por mais tempo ao afirmar que o histórico do combate à inflação nos Estados Unidos "adverte fortemente contra o afrouxamento prematuro da política monetária".
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