(Cris Faga/NurPhoto/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 24 de novembro de 2025 às 10h39.
Última atualização em 24 de novembro de 2025 às 14h46.
O Ibovespa ensaia uma recuperação nas negociações nesta segunda-feira, 24, depois da última semana negativa no mercado acionário brasileiro. Às 13h57, o principal índice da B3 subia 0,27% aos 155.192 pontos, ainda próximo da mínima intradiária de 155.832 pontos.
No mesmo horário, o dólar estava praticamente estável, com leve queda de 0,10%, vendido a R$ 5,395 depois de ter subido quase 2% na sexta-feira, 21. Na primeira hora de negociação, a moeda americana chegou a recuar mais de 0,30% frente ao real, tocando os R$ 5,379, o patamar mais baixo do dia.
Essa ligeira valorização do real frente ao dólar e o avanço da Bolsa são atribuídos à perspectiva de que o Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) corte juros novamente em dezembro por conta do posicionamento do presidente da distrital de Nova York do Fed, John Williams.
A autoridade monetária afirmou na sexta que ainda há espaço para novos ajustes no curto prazo.
"Estamos tentando entender o fato de o mercado ter dado mais peso para a fala do Willians, mas entendo que tem algo relacionado a um mercado que acabou realizando um pouco mais, reduzindo posição, tem algo nessa questão técnica", disse Bruno Henriques no programa Morning Call do BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME).
"A príncipio hoje há uma probabilidade maior de uma nova queda de 0,25 ponto percentual nos juros dos EUA para dezembro, olhando a probabilidade de mercado. Mas estamos aguardando os dados até lá", complementou.
Nas negociações desta segunda, como de costume, os investidores também voltam suas atenções para o Boletim Focus, que atualiza projeções de inflação, juros e crescimento e costuma balizar as expectativas do mercado.
Na semana passada, pela primeira vez, os economistas passaram a prever inflação abaixo do teto da meta para o final de 2025. No novo boletim, o mercado reduziu ainda mais o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ao mudar a projeção de 4,46% para 4,45% até o fim deste ano.
Outra novidade é que os analistas reduziram também as projeções para a Selic, a taxa básica de juros, em 2026. Para 2025, a projeção ficou em 15%, enquanto para o ano a estimava é de 12% ante 12,15%.
Com isso, os juros futuros recuam e dão apoio para o avanço de papéis ligados à economia doméstica, como Casas Bahia (BHIA3), que sobem mais de 10%, e Magazine Luiza (MGLU3), com alta de 4,26%.
Os operadores também repercurtem a arrecadação federal de impostos, divulgada pela Receita Federal nesta segunda, que alcançou R$ 261,9 bilhões em outubro. O montante representa uma alta real, ou seja, descontada a inflação, de 0,92% na comparação com igual período do ano passado.
Foi o maior recolhimento de tributos para o mês na série histórica, puxado pelo resultado do IOF e pela antecipação do pagamento de Juros sobre Capital Próprio (JCP) pelas empresas.
Além da agenda econômica, os investidores monitoram os desdobramentos da retirada de tarifas pelos Estados Unidos sobre mais de 200 produtos brasileiros. Mesmo com a prisão do ex-presidente Jair Bolsonaro, no último sábado, não há sinais, por enquanto, de que o presidente Donald Trump reveja sua decisão.
Em relatório, o Itaú BBA apontou que se os setores da Bolsa continuarem acima das médias de 21 dias, a tendência de alta segue firme.
"Será crucial acompanhar se os índices setoriais da B3 manterão a tendência de alta, ou seja, se continuarão negociando acima de suas médias de 21 dias. Enquanto a maioria — ou todos — estiver acima dessas médias, o cenário altista para um rally de fim de ano permanece válido. Como proceder? Disciplina será essencial. O mercado brasileiro pode manter sua trajetória de alta independentemente do cenário externo, mas o desafio será maior", afirmou a instituição financeira.
O dia também é de otimismo nos principais índices dos Estados Unidos. Por volta das 14h40, o índice Dow Jones subia 0,50%, acompanhado pelo S&P 500, que registrava alta de 1,50%. O avanço era ainda maior da Nasdaq, com crescimento de 2.59%.
O desempenho positivo das bolsas de Nova York é puxado pelas ações de tecnologia e a expectativa de um terceiro corte nos juros dos EUA em uma semana que será mais curta devido ao feriado de Ação de Graças na quinta-feira, 27.