Ibovespa: incertezas fiscais pesam na bolsa (Germano Lüders/Exame)
Repórter de finanças
Publicado em 18 de julho de 2024 às 10h39.
Última atualização em 18 de julho de 2024 às 18h03.
O Ibovespa amargou duras perdas na sessão desta quinta-feira, 18, fechando em queda de 1,39%, a 127.652 pontos. Já o dólar subiu 1,89% cotado a R$ 5,587. O clima no mercado hoje foi de cautela sobre o encontro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e sua equipe econômica na reunião chamada Junta de Execução Orçamentária (JEO), realizada nesta tarde, para discutir bloqueios no Orçamento deste ano.
No exterior, as bolsas dos Estados Unidos também recuaram: S&P500 (-0,78%), Dow Jones (-1,29%) e Nasdaq (-0,68%) - o que ajudou a puxar a bolsa brasileira para baixo. Na Europa, o Euro Stoxx 50 fechou em queda de 0,44%, após o Banco Central Europeu (BCE) manter os juros inalterados em 3,75% ao ano, com a taxa de refinanciamento em 4,25% e a taxa de empréstimos em 4,5%.
Segundo Paulo Luives, especialista da Valor Investimentos, muito se discute sobre a questão do contingenciamento de gastos, que já foi dada uma sinalização que será feita, mas o mais importante é observar “se isso terá impacto financeiro de verdade ou se é mais algo para acalmar o mercado”. Com um sentimento de maior cautela, a bolsa segue pressionada. Investidores temem que sem um corte de gastos a meta fiscal de déficit zero não seja alcançada.
Lula enfatizou nos últimos dias que investimentos sociais não são gastos, mas apesar disso, o governo estuda uma Medida Provisória (MP) para um pente-fino no uso indevido de alguns benefícios como previdenciários e do Bolsa Família. “É que nem tudo que eles tratam como gasto, eu trato como gasto”, disse o presidente em entrevista à TV Record na terça-feira, 16.
Hoje, a Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda divulgou, o Boletim MacroFiscal com manutenção das estimativas para Produto Interno Bruto (PIB) e aumento da projeção de inflação para 3,9%. Em maio, no último boletim, a estimativa era de um crescimento econômico de 2,5% para 2024, e o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 3,70%. Já na próxima segunda-feira, 22, o mercado também aguarda com atenção redobrada o relatório bimestral de avaliação de receitas e despesas.
Nesta quinta-feira, 18, o dólar fechou em alta de 1,89% a R$ 5,587. Na última sessão, a moeda fechou em alta de 1%, a R$ 5,483.
Marcio Riauba, gerente da Mesa de Operações da StoneX Banco de Câmbio, comenta que apesar do mercado estar esperando um anúncio de contingenciamento de gastos no relatório bimestral de orçamento, muitos investidores também esperam mudanças nas metas fiscais, o que vem exercendo uma forte pressão sobre o câmbio, inclusive nessa manhã.
“O que está movendo o câmbio nesta manhã são justamente os fatores internos, ou seja, as incertezas fiscais. Pela manhã, o Índice DXY estava perto da estabilidade e quando analisado a cesta de emergentes, o desempenho do real ainda está muito fora dos seus pares. Com isso acaba puxando também o conjunto todo para baixo."
Principal índice de ações da bolsa brasileira, a B3, o Ibovespa é calculado em tempo real, baseado na média do desempenho dessa carteira teórica de ativos, cada uma com seu peso na composição do índice.
Funcionando como um termômetro do desempenho consolidado das principais ações para o mercado, cada ponto do Ibovespa equivale a 1 real. Por isso, se o IBOV está em 100.000 pontos, isso quer dizer que o preço da carteira teórica das ações mais negociadas é de 100.000 reais.
O horário de negociação na B3 vai das 10h às 17h. A pré-abertura ocorre entre 9h45 e 10h, enquanto o after-market ocorre entre 17h25 e 17h45. Já as negociações com o Ibovespa futuro ocorrem entre 9h e 16h55.