(Germano Lüders/Exame)
Redação Exame
Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 10h31.
Última atualização em 15 de dezembro de 2025 às 15h33.
O Ibovespa avança nas negociações desta segunda-feira, 15, apoiado no recuo de 0,25% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em outubro, na comparação com setembro na série com ajuste sazonal, e pela redução das perspectivas do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA).
Segundo especialistas, a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) dá sinais de desaceleração da atividade e reforça a perspectiva de corte na taxa básica de juros, a Selic. Às 15h27, a principal referência do mercado acionário brasileiro subia 0,94%, aos 162.276 pontos.
"Essa deterioração, combinada à desinflação recente, reforça nossa expectativa de início dos cortes da Selic no primeiro trimestre, em especial na reunião de janeiro", afirma André Valério, economista sênior sobre o IBC-Br que, no mês anterior, já havia caído 0,19%.
"O IBC-Br dá continuidade àquela divulgação do terceiro trimestre do PIB, principalmente em indústria e serviços com um desempenho bem mais fraco. Isso leva a crer que a política monetária está surtindo efeito principalmente nos setores de atividades com maior sensibilidade aos juros, enquanto os setores não cíclicos, a agropecuária, vem mostrando desempenho acima do esperado e sustentado o crescimento do PIB", diz Antonio Ricciardi, economista do banco Daycoval.
Os analistas de mercado consultados pelo BC também diminuíram as projeções do IPCA. Para este ano, a inflação reduziu de 4,40% para 4,36%. Em 2026, a expectativa diminuiu de 4,16% para 4,10%.
Esta semana é crucial para calibrar as expectativas dos investidores em torno dos próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom), principalmente com a divulgação nesta terça, 16, da ata do Copom, nesta terça, 16, e ao Relatório de Política Monetária (RPM), na quinta-feira.
O cenário eleitoral para 2026 também é acompanhado de perto pelos agentes após uma pesquisa indicar, na sexta-feira, maior competitividade de nomes da direita em relação ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No mesmo horário, o dólar, que rondava a estabilidade no início da tarde, subia 0,14%, cotado a R$ 5,418. A semana deve ser marcada pelas primeiras saídas mais fortes de dólares do Brasil. Esse movimento ajuda a explicar a pressão sobre o câmbio nesta segunda, com o real ficando longe dos melhores desempenhos do dia.
Segundo a relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), publicado no dia 3, mesmo após um novembro positivo — marcado por entradas robustas no comércio exterior, que compensaram a saída de US$ 3,1 bilhões no segmento financeiro — dezembro deve registrar um fluxo líquido negativo.
A previsão é de uma saída de US$ 6,9 bilhões, concentrada justamente nos pagamentos de dividendos e juros sobre capital próprio.
O mercado busca ainda pistas sobre o futuro da política monetária dos Estados Unidos. Sem indicadores econômicos relevantes na agenda do país nesta segunda, o destaque fica para as falas de membros do Comitê do Federal Reserve (o Fed, o banco central dos EUA).
Pela manhã, os investidores acompanham com atenção as falas de Stephen Miran, voto dissidente nas três últimas reuniões, ao se posicionar por um corte maior das taxas. Miran participa de um painel sobre perspectivas para a inflação americana, organizado pelo Instituto de Políticas Globais da Universidade de Columbia.
À tarde, será a vez de John Williams, presidente do Fed de Nova York, e que votou junto com o consenso em reduzir os juros dos EUA em 0,25 ponto percentual na reunião da última quarta, 10.
Ao longo da semana, a agenda de indicadores econômicos do páis está cheua com a divulgação dos dados atrasados do Payroll e do Índice de Preços ao Consumidor (CPI), que devem dar informações sobre a saúde da economia americana e dos próximos passos do BC local.