Painel de cotações na B3 (Germano Lüders/Exame)
Guilherme Guilherme
Publicado em 8 de setembro de 2022 às 10h41.
Última atualização em 8 de setembro de 2022 às 18h42.
Após passar o dia entre altos e baixos, o Ibovespa fechou com ganhos esta quinta-feira, 8, volta do feriado do Dia da Independência. Internamente, o índice foi sustentado pela alta das ações associadas à economia local, enquanto as bolsas no exterior continuaram na toada positiva de ontem.
A sessão foi de volatilidade, com o índice variando entre alta de 0,91% na máxima do dia, e baixa de 1,04%. Em pontos, a maior contribuição positiva veio da Vale (VALE3), ação com maior participação na carteira teórica do índice. Os papéis da mineradora avançaram 1,32%, acompanhando a alta de 3% no preço do minério de ferro.
O destaque positivo do dia, no entanto, ficou com os papéis associados à economia local, como as ações de varejistas e construtoras, que se beneficiaram do fechamento na curva de juros.
O movimento foi, em parte, uma correção frente às últimas sessões, quando a curva abriu após o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sinalizar uma nova alta de juros em setembro.
Os papéis do Magazine Luiza (MGLU3), que caíram 7% no pregão pré-feriado, hoje subiram outros 7%. Via (VIIA3) e MRV (MRVE3) também saíram das maiores quedas no último pregão para as maiores altas nesta quinta.
Já as aéreas subiram ainda com a forte queda do preço do petróleo no mercado internacional. A commodity tem perdido força em meio a preocupações crescentes de uma recessão global e caiu mais 5% enquanto o mercado local esteve fechado na quarta-feira, 7. Embora esboce alguma recuperação nesta quinta, o saldo ainda é negativo.
As petrolíferas privadas são negativamente impactadas pela depreciação, com PetroRio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3) caindo 4%. O petróleo mais barato, no entanto, significa menos custo e mais margem para o setor de aviação, com Gol (GOLL4) e Azul (AZUL4) entre as maiores altas do dia.
Nos extremos do Ibovespa ainda estão as ações dos frigoríficos, que lideraram as perdas do dia. "As ações do setor estão em baixas novamente com o investidor preocupado com a demanda nos EUA, com projeções de aumento da taxa de juro para conter inflação. Isso tem impacto no consumo", disse Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos.
No exterior, investidores digeriram a decisão do Banco Central Europeu (BCE) e as falas do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), Jerome Powell.
As principais bolsas da Europa encerraram o dia no positivo, após reação inicialmente negativa à decisão do BCE de subir suas taxas de juro em 0,75 ponto percentual, optando por um ajuste mais duro que o esperado por parcela do mercado. O BCE ainda se mostrou mais pessimista para a dinâmica da economia europeia, revisando suas projeções de crescimento para baixo e de inflação para cima.
O clima também foi ligeiramente positivo nos Estados Unidos, com os principais índices buscando a segunda alta consecutiva, apesar de novos sinais de um duro combate à inflação no país.
Em discurso desta manhã, o presidente do Fed voltou a basear seu discurso no ex-presidente do Fed Paul Volcker, conhecido por suas políticas contracionistas, e disse que seguirá agindo "até que o trabalho esteja feito". Powell, no entanto, disse que a inflação pode ser domada sem um "custo social muito alto".