Segundo especialistas, a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) dá sinais de desaceleração da atividade e reforça a perspectiva de corte na taxa básica de juros, a Selic (Germano Lüders/Exame)
Repórter
Publicado em 15 de dezembro de 2025 às 18h29.
Última atualização em 15 de dezembro de 2025 às 18h40.
O Ibovespa fechou em alta as negociações desta segunda-feira, 15, após indicadores mostrarem uma desaceleração da economia em outubro e uma melhora nas expectativas para a inflação, fatores que aumentam a aposta de um início de cortes na taxa básica de juros, a Selic.
A principal referência do mercado acionário brasileiro subiu 1,07%, aos 162.481 pontos.
Ao longo do pregão, os investidores reagiram ao recuo de 0,25% do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) em outubro, na comparação com setembro na série com ajuste sazonal, e à redução das perspectivas do Índice de Preços ao Consumidor (IPCA).
Segundo especialistas, a prévia do Produto Interno Bruto (PIB) dá sinais de desaceleração da atividade e reforça a perspectiva de corte na taxa básica de juros, a Selic.
"Essa deterioração, combinada à desinflação recente, reforça nossa expectativa de início dos cortes da Selic no primeiro trimestre, em especial na reunião de janeiro", afirma André Valério, economista sênior sobre o IBC-Br que, no mês anterior, já havia caído 0,19%.
"O IBC-Br dá continuidade àquela divulgação do terceiro trimestre do PIB, principalmente em indústria e serviços com um desempenho bem mais fraco. Isso leva a crer que a política monetária está surtindo efeito principalmente nos setores de atividades com maior sensibilidade aos juros, enquanto os setores não cíclicos, a agropecuária, vem mostrando desempenho acima do esperado e sustentado o crescimento do PIB", diz Antonio Ricciardi, economista do banco Daycoval.
Os analistas de mercado consultados pelo BC também diminuíram as projeções do IPCA. Para este ano, a inflação reduziu de 4,40% para 4,36%. Em 2026, a expectativa diminuiu de 4,16% para 4,10%.
Esta semana é crucial para calibrar as expectativas dos investidores em torno dos próximos passos do Comitê de Política Monetária (Copom), principalmente com a divulgação nesta terça, 16, da ata do Copom, e do Relatório de Política Monetária (RPM), na quinta, 18.
Dos 82 papéis que compõem o Ibovespa, 54 fecharam em alta e 18 estáveis, apenas 10 em queda. Empresas de peso, como Vale (VALE3) subiram 0,61% e ajudaram na alta do Ibovespa, assim como os papéis de grandes bancos, com destaque para as units do BTG (BPAC11), que avançaram 2,12%.
As ações dos setores de varejo e consumo também subiram, como destaca Andressa Bergamo, especialista em investimentos e sócia-fundadora da AVG Capital, citando os papéis de Lojas Renner, Natura, Magazine Luiza, C&A e Pão de Açúcar.
"As ações de Braskem também subiram com o mercado repercutindo bem a notícia de que a Novonor fechou acordo de exclusividade para venda de sua participação na empresa para a IG4, animando os investidores", afirmou Bergamo.
O desempenho positivo do Ibovespa contrastou com o resultado das principais bolsas de Nova York, que encerraram esta segunda em leve queda, depois de abrirem o dia em alta.
O índice Dow Jones caiu 0,09%, e o S&P 500 perdeu 0,16%. O Nasdaq fechou com queda de 0,59%, pressionado pelo setor de tecnologia, que caiu 1,04%. As ações de Broadcom, Arm, Apple e Oracle registraram as maiores quedas.