Hapvida (HAPV3): balanço do 2º tri será virada de chave para companhia?
Crescimento orgânico apontado pela ANS está acima das expectativas dos analistas
Beatriz Quesada
Publicado em 11 de agosto de 2022 às 06h03.
A Hapvida (HAPV3) divulga seu balanço do segundo trimestre nesta quinta-feira, 11, após o fechamento do mercado, e os holofotes dos investidores estarão voltados para a aquisição e manutenção de clientes.
O crescimento orgânico da companhia – conquistado sem fusão ou aquisição com outros nomes do setor – é um dos principais desafios do negócio após a fusão com a Intermédica. No último trimestre, a Hapvida perdeu 60 mil beneficiários de saúde no trimestre e a Intermédica, cerca de 4 mil.
A expectativa dos analistas é que a empresa comece a mostrar alguma recuperação com o balanço do segundo trimestre. O otimismo, no entanto, ganhou um impulso extra com a divulgação dos dados de beneficiários de junho apresentados pela Agência Nacional de Saúde (ANS) na última sexta-feira. O documento mostrou um aumento forte na adição de clientes para o setor, com destaque para a Hapvida.
Segundo a ANS, a companhia disparou contra seus pares em junho, acrescentando 122 mil novos clientes ao portfólio. Do montante, 32 mil vindos da operação Hapvida e 89 mil da Intermédica – a fusão entre as companhias foi concluída em fevereiro deste ano.
O valor indicaria um crescimento orgânico de 240 mil clientes no segundo trimestre, um valor 166% maior do que o esperado pelo mercado, que aguarda uma adição de 90 mil clientes no período.
Em reação aos dados, as ações da Hapvida saltaram quase 6% na última segunda-feira. Existe, no entanto, uma ressalva. “Ficamos com um pé atrás com o número divulgado, já que, historicamente, a ANS realiza diversas revisões para cima e para baixo nesses dados”, afirmam, em relatório, os analistas do Itaú BBA.
O BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME ) faz a mesma avaliação e mantém, inclusive, a projeção inicial de adição de novos clientes no crescimento orgânico da empresa – apesar dos novos dados da ANS.
“Após resultados inferiores no primeiro trimestre, o balanço do segundo trimestre deve ser um pouco melhor, mas não o suficiente para oferecer muita alegria. Prejudicada pela consolidação de recentes fusões e aquisições, a sinistralidade de caixa [cash MLR] deve permanecer bem acima dos níveis pré-pandemia, mas um pouco melhor na comparação trimestral”, afirmam os analistas.
A expectativa é que o retorno do crescimento orgânico seja visto com mais clareza nos trimestres seguintes, com adição de 88 mil membros no segundo trimestre. A receita líquida deve ficar em R$ 5,92 bilhões na avaliação do banco, um aumento de 6% na comparação anual.
Já o Ebitda ajustado, principal indicador de caixa operacional da companhia, deve ser de R$ 538 milhões, ganhos de 21% frente ao mesmo período do ano anterior. A base de comparação, neste caso, é mais baixa já que a empresa havia sido atingida mais fortemente pela pandemia e pelo retorno dos procedimentos eletivos no último ano.
A estimativa do BTG é de um prejuízo contábil de R$ 200 milhões para Hapvida. “A tese de investimento na companhia oferece maior incerteza, mas os números do segundo trimestre ainda não devem trazer uma imagem normalizada dos negócios”, afirmam.
A expectativa dos analistas é que a captura gradual de sinergias e a expansão do crescimento orgânico impulsionem os lucros gradualmente. A recomendação da casa é de compra para os papéis.
O BBA, por sua vez, projeta uma adição de 91 mil clientes em crescimento orgânico, com receita líquida de R$ 6,24 bilhões – alta de 11,6% na comparação anual. A recomendação do banco também é de compra para as ações.
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