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GPA: trabalho não mudou e conselho segue sendo importante para estratégia, diz CEO

Mesmo com possibilidade de venda pelo Casino, dono do Pão de Açúcar continua com ações para melhorar rentabilidade, diz Marcelo Pimentel em entrevista à EXAME Invest

GPA: melhoria de margem vai ser sequencial, diz CEO (GPA/Divulgação)

GPA: melhoria de margem vai ser sequencial, diz CEO (GPA/Divulgação)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 27 de julho de 2023 às 19h00.

Última atualização em 27 de julho de 2023 às 22h04.

O olho da direção do GPA (PCAR3), dono das redes Pão de Açúcar e Extra, está mirando a evolução das margens bruta e de Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), garante Marcelo Pimentel, CEO da companhia. "Nossa expectativa é de continuar com melhoria sequencial", diz ele em entrevista exclusiva à EXAME Invest. No segundo trimestre, os indicadores de rentabilidade mostraram melhora gradual, mesmo com a foto geral ainda sendo de pressão: a margem bruta aumentou 0,4 ponto percentual e a Ebitda, 1,1 ponto percentuai contra os três primeiros meses do ano.

O pano de fundo dessa recuperação das operações não é, no entanto, o mais simples. Dono de 41% do GPA, o controlador Casino, grupo francês de varejo alimentar, já indicou que quer vender os ativos da América Latina para aumentar sua liquidez. Enquanto isso, o GPA se aproxima da conclusão da cisão total de Éxito, a rede colombiana da qual detém 96% do capital social,e  troca de CFO. Guillaume Gras, funcionário há anos do Casino, está deixando o cargo e sendo substituído por Rafael Russowsky, que integrava o conselho de administração. O novo conselheiro ainda não foi definido.

Sem comentar os detalhes sobre a possibilidade de venda pelo Casino, Pimentel afirma apenas que o conselho de administração, no qual os franceses têm bastante representatividade, continua muito atuante na definição do plano estratégico da companhia. "Não mudou o trabalho no conselho. A estratégia tratada desde abril do ano passado tem sido a mesma e o foco está em executar a estratégia. O conselho está sendo importante em apoiar isso", diz à EXAME Invest.

Para além das estratégias comerciais, como o relançamento do programa de fidelidade Pão de Açúcar Mais, a empresa está reduzindo despesas e colocando ativos à venda. A meta era reduzir em R$ 100 milhões as despesas administrativas, mas esse número deve chegar a R$ 130 milhões até o fim do ano, conta Pimentel. E, além da venda de lojas para posterior locação, o que é chamado de sales leaseback, a empresa também vai vender ainda no segundo semestre a sede, que fica na Av. Brigadeiro Luis Antônio, na capital paulista. "Deve ser um mix, com venda de uma parte e sales leaseback de outra", explicou Pimentel na teleconferência com analistas. Há ainda um ativo imobiliário a ser vendido no Rio de Janeiro.

Melhoria operacional

O GPA terminou o segundo trimestre com um prejuízo de R$ 425 milhões ou de R$ 330 milhões, se consideradas só as operações continuadas. Mas, embora a linha final do balanço ainda esteja muito machucada, há melhora operacional. O lucro líquido, explicou Gras em sua última teleconferência como CFO, foi afetada por contigências trabalhistas ligadas à Via Varejo e às operações de hipermercados Extra. Também houve impacto de Éxito.

Do lado das operações, o foco está no posicionamento premium, com forte destaque para as operações do Pão de Açúcar, seja nos supermercados ou no modelo de proximidade, o Minuto Pão de Açúcar. Um dos ganhos do programa de fidelidade, conta Pimentel, é que a base de clientes premium (aqueles que gastam mais e com maior frequência na rede varejista) aumentou 10%. A empresa não divulga, porém, qual o tamanho desse universo de clientes.

"À medida em que tínhamos 10% do nosso sortimento inativo, tínhamos pressão no capital de giro e  também na margem bruta, porque esses itens eram vendidos só com 'mark down' (desconto) muito profundo", acrescenta Pimentel sobre a melhoria de sortimento e negociação com fornecedores, outra frente que a companhia tem apostado para melhora dos negócios. De acordo com ele, o estoque já teve redução de 5,5 dias no segundo trimestre.

"Aumento da participação de perecíveis é parte crítica para a melhora da margem. Hoje, 49% da venda total do Pão de Açúcar, onde essa estratégia começou. Processo de sortimento traz temporariamente pressão na margem, itens deslitados sendo vendidos com desconto para sair do estoque. Então, pelo plano, devemos ver contínua melhora de margem bruta, mas ainda não no patamar do esperado ao fim do plano", explica.

A empresa também está reforçando a tese de investimento no modelo de proximidade com posicionamento premium. De 300 lojas na meta de abertura, 250 são de proximidade sendo a imensa maioria de lojas Minuto Pão de Açúcar. "Apesar da desaceleração do número, estamos firmes no contexto de expansão, principalmente nos bairros de São Paulo de classe AB e altamente verticalizados. O crescimento de proximidade total é acima de 20%. Os números da Nielsen nos mostram que a concorrência não tem uma proposta de valor que impacta diretamente o modelo de negócio do Minuto", diz, acrescentando que a rentabilidade do modelo já se aproxima da registrada no supermercado Pão de Açúcar.

Cisão de Éxito e negativas para venda

Recentemente, o grupo negou duas ofertas pela rede colombiana, feitas pelo bilionário Jaime Gilinski. A companhia está muito próxima de concluir o spin off da operação, que fará da Éxito uma empresa com papéis negociados no Brasil, nos Estados Unidos e na Colômbia.

A proposta de fazer uma cisão do negócio, aprovada em assembleia de acionistas, era melhora o valuation das duas empresas: Éxito e GPA. "Quando olha as duas empresas juntas, elas não representam a soma das partes das duas empresas. A oferta do Jaime já precifica o Éxito sozinho a mais de R$ 5 bilhões. Isso mostrava para o acionista que a soma das partes não estava sendo capturada. O motivo do spin off foi liberar valor", explica Pimentel. A ideia é de que seja igual ao que foi feito com Assaí, que pertencia ao GPA.

Após a cisão, o GPA vai deter pouco mais de 13% das ações da Éxito, o que deve ser vendido entre o fim deste ano e o começo de 2024. Isso, segundo ele, já protegeria mais o acionista do que a oferta do empresário, que de acordo com Pimentel e Gras, "não era clara" e não trazia "garantias de execução".

Acompanhe tudo sobre:GPA (Grupo Pão de Açúcar)

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