Sede do Goldman Sachs em Nova York (Brendan McDermid/Reuters)
Da Redação
Publicado em 16 de fevereiro de 2021 às 17h09.
Última atualização em 16 de fevereiro de 2021 às 17h33.
A transformação do mercado de capitais com a entrada de milhares e milhões de novos investidores que são pessoas físicas é um fenômeno global que não despercebido pelas mais tradicionais instituições financeiras do mundo. E isso inclui até os bancos de investimento mais renomados de Wall Street. O Goldman Sachs vai passar a atender investidores com 1.000 dólares na conta, muito abaixo da casa dos milhões de dólares que serviam como barreira de entrada até pouco tempo atrás.
A investida do prestigioso banco se dará por meio da Marcus Invest, a sua plataforma eletrônica de baixo custo que dará aconselhamento sobre a composição de portfolios em ações, ETFs (os fundos de índice) e títulos para pequenos investidores. Tudo por meio de um robô que fará o papel de dublê de assessor de investimentos, como é cada vez mais comum no mercado financeiro.
O lançamento do serviço de assessoria para investimento de pessoas físicas coroa -- mas não encerra -- uma estratégia meticulosamente planejada e colocada em prática há pelo menos cinco anos. É preciso voltar um passo atrás no tempo para entender.
O nome Marcus não é uma referência à toa: é uma homenagem a Marcus Goldman, banqueiro alemão que fundou a empresa que deu origem ao banco no século XIX. A plataforma online Marcus, por sua vez, já existe desde 2016, quando foi lançada para oferecer empréstimos e contas para clientes de varejo; há dois anos, atraiu a atenção com a parceria com a Apple para o lançamento do primeiro cartão de crédito com a marca da maçã.
É uma estratégia que prevê que o Goldman Sachs seja menos dependente de receitas não-recorrentes como as da atividade que o consagrou, de banco de investimento. Por outro lado, a gestão de ativos e de patrimônio e a ampliação dos negócios na plataforma online para atender "americanos do dia-a-dia" podem reforçar a recorrência de receitas. Tudo sob a regência do CEO David Solomon, que assumiu o cargo em outubro de 2018.
A entrada em massa do pequeno investidor já estava em curso ao longo dos últimos anos, mas se tornou um fenômeno irrefreável com o advento de aplicativos sem custos de corretagem que permitem a qualquer pessoa comprar e vender ações com poucos cliques -- e nenhuma empresa personificou melhor esse movimento do que o Robinhood.
A pandemia foi o fator conjuntural que deu o empurrão necessário, ao forçar o confinamento de milhões de pessoas em casa no momento mais agudo das ordens de isolamento social. O número de novos investidores e de transações dispararam nos Estados Unidos mas também no Brasil, onde a B3 superou a marca de 3 milhões de contas de pessoas físicas.