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Gestores de fundos macro olham para emergentes após forte 2020

Países do grupo serão favorecidos por dólar mais fraco causado pela taxa de juros baixa nos EUA e pelos estímulos sob o governo Biden

Um dos gestores entrevistado tem posição vendida em dólar contra uma cesta de moedas de mercados desenvolvidos (Sertac Kayar/Reuters)

Um dos gestores entrevistado tem posição vendida em dólar contra uma cesta de moedas de mercados desenvolvidos (Sertac Kayar/Reuters)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 16h45.

Última atualização em 13 de janeiro de 2021 às 09h58.

(Bloomberg) Gestores de fundos macro, que se recuperaram de uma década sombria registrando alguns de seus melhores retornos em 2020, planejam investir na China e em outros mercados emergentes para prolongar a maré de sorte.

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Depois de enfrentar oscilações do mercado causadas pela pandemia com ganhos de 25% ou mais no ano passado, esses gestores de hedge funds olham para o exterior em 2021, com a premissa de que as taxa de juros persistentemente baixas nos EUA e a rápida recuperação econômica impulsionada por estímulos sob o governo Biden resultarão em um dólar mais fraco. Muitas das estratégias deste ano envolvem moedas como a lira turca e o peso mexicano.

Historicamente, estratégias macro conseguiram grande parte de seus ganhos com apostas na queda dos juros nos EUA, que funcionaram entre o final da década de 1980 até a crise financeira de 2008. Mas, com os juros próximos de zero globalmente desde então, esses gestores tinham poucos lugares para grandes ganhos, até que a turbulência do ano passado atingiu os mercados.

As oportunidades levaram gestores, que incluem Rob Citrone, Andrew Law e Chris Rokos, a registrarem alguns dos melhores resultados de suas carreiras e prepará-los para o que pode ser um ano excepcional.

"O dólar vai cair nos próximos três a quatro anos em meio ao crescente déficit em conta corrente, à medida que estrangeiros reduzem as compras de títulos do Tesouro dos EUA", disse o bilionário Stan Druckenmiller na Conferência de Investidores Robin Hood no final do ano passado.

Scott Bessent, fundador da empresa macro Key Square Group, disse aos clientes que a lira turca e o peso mexicano -- duas das moedas com os piores desempenhos em relação ao dólar em 2020 -- devem ficar entre os maiores vencedores neste ano, de acordo com um investidor do fundo.

A lira subiu em relação ao dólar nos últimos meses após Naci Agbal, um tecnocrata com políticas pró-mercado, assumir a chefia do banco central da Turquia. O México, com algumas das taxas de juros mais altas entre mercados emergentes, será um dos maiores beneficiários de uma forte recuperação dos EUA.

Bessent também está comprando títulos do governo chinês. Ele disse aos clientes que a China pode ser o mercado de títulos com melhor retorno neste ano, de acordo com o investidor. E, com o divórcio do Reino Unido da União Europeia agora concluído, Bessent acredita que a libra e as ações podem subir 15% nos próximos seis meses, disse o investidor.

Citrone, cujo fundo macro Discovery Capital Management, de 1 bilhão de dólares, subiu 56% em 2020 após anos de perdas, também aposta em mercados emergentes, pelo menos na primeira metade do ano. Suas escolhas são o peso do México, a rupia da Índia e o real, de acordo com um investidor do hedge fund. Ele também aposta em ações desses países.

Queda do dólar

Zachary Squire, que administra o fundo macro sistemático Tekmerion Capital Management, disse que tem posição vendida em dólar contra uma cesta de moedas de mercados desenvolvidos.

Kevin Smith, diretor de investimentos da Crescat Capital, com 180 milhões de dólares, prevê ganhos para ouro e prata que impulsionarão mineradoras de baixa capitalização de metais preciosos. Grandes mineradoras de ouro não têm investido em exploração, então precisarão adquirir empresas menores para atender à demanda crescente, disse em entrevista.

Citrone, do Discovery, disse aos investidores que a aposta de reflação nos EUA pode perder fôlego no segundo semestre, com a previsão de que o Federal Reserve reduzirá as compras de títulos. Isso, juntamente com os aumentos de impostos esperados, poderia aumentar a volatilidade, pressionar o S&P 500 e elevar os rendimentos dos títulos de 10 anos do Tesouro dos EUA acima de 1,5%.

Com a colaboração de Nishant Kumar

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