Fed sinaliza alta do juro ‘em breve’ e Powell menciona elevação em março
Presidente do banco central americano confirma indica aperto na política monetária já no próximo mês, abrindo espaço para redução do balanço patrimonial
Beatriz Quesada
Publicado em 26 de janeiro de 2022 às 16h11.
Última atualização em 26 de janeiro de 2022 às 19h10.
O Fomc, comitê do Federal Reserve ( Fed ) responsável por decidir a taxa de juros nos Estados Unidos, manteve a taxa próxima de 0% e afirmou nesta quarta-feira, 26, que uma elevação no juro deve ocorrer em breve.
"Com a inflação bem acima de 2% e um mercado de trabalho forte, o Comitê espera que em breve seja apropriado aumentar a meta para a taxa de fundos federais", afirma o comunicado. Esta será a primeira alta de juros nos EUA desde 2018.
Vale lembrar que o juro está no patamar atual desde o início da pandemia, quando o banco central americano intensificou sua política de estímulos para fazer frente aos impactos da crise econômica.
Em um primeiro momento, o Fed não chegou a especificar se a próxima reunião de março será o ponto de partida para a elevação e nem a quantidade de altas aguardadas para 2022. Após a divulgação da decisão, as bolsas nos Estados Unidos e no Brasil chegaram a estender os ganhos, enquanto o dólar perdeu força e chegou às mínimas, sendo negociado a 5,44 reais.
O cenário, no entanto, se inverteu após a fala do presidente do Fed, Jerome Powell. Em seu tradicional discurso após o encerramento de cada reunião, Powell sinalizou que o Fomc avalia elevar os juros já em março.
O presidente do Fed também admitiu que a inflação pode ser prolongada e que o risco inflacionário é alto. Outro ponto de preocupação é o volume de elevações ao longo do ano. Powell afirmou que o Fed não descarta elevar juros em todas as demais reuniões de 2022.
Após o discurso, o Ibovespa perdeu força e as bolsas americanas viraram para queda.
Balanço patrimonial
Em um comunicado separado, o Fed disse ainda que deve reduzir seu balanço patrimonial após o início da alta de juros. O Fed detém atualmente uma carteira de 9 trilhões de dólares em ativos. O balanço praticamente dobrou nos últimos dois anos à medida que o Fed passou a comprar Treasuries e títulos lastreados em hipotecas para ajudar a reduzir os custos de empréstimos e proteger a economia e os mercados da pandemia de coronavírus.
Com o desemprego de volta aos níveis pré-pandemia e a inflação muito alta, autoridades dizem que a mesma quantidade de apoio econômico não é mais necessária. Mas não está claro o quanto será reduzido o balanço patrimonial. Conforme autoridades buscam um balanço menor, precisarão observar de perto os mercados e a economia para saber se foram longe demais.
*Com a Reuters